Últimas Notícias

CBG oferece treino a ginastas jovens para ampliar base de talentos


O mundo tem um problema urgente a enfrentar, a epidemia causada pelo vírus Sars-CoV-2. Mas há questões menos prementes que também devem ser encaradas. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) já trabalha um grupo de aspirantes a vaga na seleção brasileira feminina de ginástica artística, com foco nos Jogos de Paris-2024. Existe também a possibilidade de que algumas dessas atletas estejam em Los Angeles-2028. 

“O próximo ciclo encurtou. Se começássemos a trabalhar as atletas jovens apenas a partir de 2021, teríamos apenas três anos. Elas não teriam como receber toda a carga de treinamento necessária”, diz Francisco Porath Neto, treinador da seleção feminina. 

Tendo em vista o fortalecimento das gerações mais jovens, a entidade elaborou uma atividade que ganhou o apelido “plano de ação covid-19”. O nome oficial é “treinamento virtual de Ginástica Artística Feminina”. Por período indeterminado, um grupo de 16 ginastas, com idade acima de 12 anos, submete-se a treinos ministrados por meio de compartilhamento de imagens pela internet. Para tocar essa operação foram arregimentados dez treinadores, um coordenador e dois dirigentes. A troca de informações envolve 47 treinadores de diversos estados brasileiros. “Quando uma ginasta está à frente de um grupo como esse, que inclui treinadores da seleção, ela sabe que está sendo constantemente avaliada. Esse aspecto, somado à natural competitividade que existe entre as ginastas, puxa o melhor de cada uma delas”, diz Adriana Alves, coordenadora técnica da ginástica artística feminina. 

Não foi fácil esquematizar as atividades. “Quebramos a cabeça durante uma semana e meia para planejar. Nossa ideia era bolar uma sequência que fosse a mais próxima possível daquela que elas têm no ginásio”, acrescenta Porath Neto. 

As ginastas iniciam as atividades fazendo um trabalho preventivo, que tem por finalidade reduzir o risco de lesões. Em seguida, tem início o aquecimento. Na sequência, uma parte mais específica do treino, orientado de forma a atingir todas as valências físicas desejadas. “No primeiro dia, sofremos um pouco com quedas de sinal. Com o passar do tempo, otimizamos bastante. As meninas foram ficando mais ágeis, decoraram algumas sequências. Estamos constantemente fazendo avaliações, e vamos ajustando para que o treinamento renda o máximo possível”, diz o treinador, que avalia positivamente a atividade. 

A despeito das dificuldades, os treinadores têm a percepção de que a internet acabou por aproximar esse grupo formado por ginastas e treinadores. “A gente fica bem orgulhoso por saber que está enfrentando este momento complicado da melhor forma possível”, afirma o treinador. 

“Essas atividades ajudam a gente a diminuir o prejuízo que teríamos se elas permanecessem paradas. Com a ajuda da internet a gente se comunica, mantém o contato. Sem isso, poderíamos ter mais problemas. Estamos nos esforçando para que as ginastas tenham o treinamento o mais completo possível", diz a treinadora Iryna Ilyashenko. 

Luísa Maia, uma das ginastas que participam do trabalho, está gostando da sensação de trabalhar em conjunto com suas colegas, mesmo que a muitos quilômetros de distância. “Tá sendo bem legal. Essa atividade é boa para a gente dar continuidade aos treinamentos. O fato de termos técnicos de equipes diferentes também torna tudo bem dinâmico”, diz a jovem ginasta, que não nega as saudades da rotina. “Sinto muita falta do ginásio. Mas meu avô, que trabalha com peças de caminhão e tem habilidade pra essas coisas, montou uma barra e uma trave pra eu treinar em casa. A trave acabou saindo um pouquinho menor do que o tamanho oficial, mas está dando pra fazer meus treinos em casa”. 

Diz o ditado que somos brasileiros e não desistimos nunca, e a capacidade de improviso, traço do caráter nacional, está presente também nos treinos online da ginástica. “Para os treinos físicos, as ginastas estão usando coisas como mochilas com vários sacos de arroz e garrafas pet de 2 litros. Está sendo muito bacana encontrar soluções e trocar informações com os treinadores”, salienta Adriana. 

Numa demonstração da qualidade do trabalho, algumas atividades foram compartilhadas com treinadores chilenos, argentinos, portugueses e uruguaios. “Eles pedem para assistir aos treinos, e nós divulgamos, para propagar conhecimento”, informa a coordenadora. 

O resultado do investimento em jovens atletas, espera Adriana, será um grupo mais homogêneo no futuro. “Estamos ampliando a base. Havendo necessidade, creio que poderemos chamar a sétima ou a oitava ginasta do grupo sem que tenhamos uma grande defasagem técnica com essa substituição”. 

Paradoxalmente, as contingências determinadas pelo isolamento acabaram reforçando laços, criando outros e construindo uma comunidade ainda mais determinada a não abrir mão de seus sonhos, na avaliação da coordenadora. “Sinto que estou trabalhando mais do que antes da quarentena. Mas sinto empenho de todos. Ninguém quer deixar a peteca cair, e essa energia é o combustível que empurra todos nós”, conclui Adriana.

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar