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Atletas suspeitam ter contraído coronavírus nos Jogos Mundiais Militares de Wuhan, em outubro


Realizados em outubro do ano passado, na cidade chinesa de Wuhan, os Jogos Mundiais Militares podem ter ajudado na disseminação do coronavírus e as suspeitas têm se intensificado nas últimas semanas. Diversos atletas que participaram da competição multi-esportiva relataram que ficaram doentes após retornar a seus países de origem, com sintomas fortes, semelhantes aos conhecidos hoje como os da Covid-19. Cerca de 10 mil atletas e 230 mil voluntários de 140 países participaram do evento.

A China só notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o vírus em dezembro, com primeiro caso oficial conhecido em 17 de novembro, mas há suspeitas de que já haviam casos de contágio comunitário semanas antes desse "marco zero" e os Jogos Mundiais Militares podem ter auxiliado na propagação do vírus. Wuhan foi o primeiro epicentro mundial da pandemia.

Elodie Clouvel, atleta do pentatlo moderno, foi uma das primeiras pessoas a levantarem a possibilidade. Logo no início de março, a francesa relatou a jornais locais que ela e o marido, Valentin Balaud, também do pentatlo moderno, se sentiram doentes, com sintomas muito próximos aos da Covid-19, após retornar à Europa.

"Estivemos em Wuhan nos Jogos Mundiais Militares no fim de outubro, e depois todos passamos mal. Valentin faltou três dias aos treinos. Eu também estive doente. Tive coisas que não havia tido antes, mas não nos preocupamos porque então não se falava nisso", declarou Clouvel à Télévision Loire 7. O médico da delegação militar francesa teria dito a ela que muitos membros estiveram doentes.


No início do mês, um dos 281 atletas que representaram a França na cidade chinesa relatou, de forma anônima, à BFMTV que, depois do retorno, teve febre e dificuldades para respirar e permaneceu em repouso por três dias. Ele descobriu, pelas redes sociais, que vários de seus colegas também estavam doentes, com sintomas parecidos.

Depois dos franceses, foi a vez do esgrimista italiano Matteo Tagliarol, campeão olímpico em 2008 e que esteve em Wuhan no ano passado. Ele disse que todos em seu apartamento na cidade adoeceram com sintomas "parecidos com os da Covid-19". Quando retornou à Itália, seu filho e a esposa também se mostraram doentes.

“Quando chegamos a Wuhan, estávamos todos doentes. Todas as seis pessoas no meu apartamento estavam doentes, incluindo muitos atletas de outras delegações. Eu estava com febre muito alta e não conseguia respirar. Antibióticos também não ajudaram. Fiquei doente e muito fraco por três semanas. Reconheci os sintomas do COVID 19", disse Tagliarol ao jornal italiano Corriere della Sera.

A pentatleta sueca Melina Westerberg também disse que muitos atletas de seu país estavam doentes durante os Jogos, mas alegou que "foi apenas uma coincidência".

Agora, no último domingo, 17, a jogadora de vôlei alemã Jacqueline Brock, relatou também ter se infectado com a Covid-19 durante a competição multi-esportiva. Ela disse que alguns atletas da delegação germânica adoeceram, enquanto ela ficou mal nos últimos dois dias do evento.
"Nunca me senti tão doente, seja um resfriado muito forte ou o Covid-19, acho que foi o Covid-19", relatou.

Em entrevista ao Globoesporte.com no último mês, o nadador Leonardo de Deus, que conquistou um ouro e uma prata nos Jogos, relatou que também pensou na possibilidade do vírus já estar presente durante a competição. Ele, no entanto, não ficou doente e nem mesmo conheceu alguém com sintomas.

"Até comentei com meus pais que o vírus com certeza já poderia estar pelas redondezas em outubro. Depois pensei, muitas pessoas pegam a Covid-19 e ficam assintomáticos. Fiquei pensando se algum de nós tivesse pego e trazido para o Brasil, que loucura ia ser", disse o brasileiro.

As declarações dos atletas acirram a disputa sobre a origem do vírus. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirma ter evidências de que o vírus teve origens em laboratórios chineses, enquanto o Ministério do Exterior da China declarou que o vírus pode ter sido levado a Wuhan pela delegação dos EUA que participaram dos Jogos Mundiais Militares. Mais de 4,8 milhões de pessoas já foram infectadas e 317 mil morreram de Covid-19 em todo o mundo.

Foto: Pedro Ramos/Ministério da Cidadania

1 Comentários

  1. Infelizmente essa pandemia está levando a todos, espero que a vacina venha o quanto antes.

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