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Kenenisa Bekele: "O coronavírus nos ensinou a sermos mais humildes"



O corredor etíope Kenenisa Bekele estava chegando ao auge de sua carreira desde que decidiu dar prioridade à maratona. Em seu currículo está o bicampeonato da Maratona de Berlim, conquistados em 2016 e 2019. Além disso, ele têm uma medalha de prata e outra de bronze na Maratona de Londres, evento no qual Bekele aguardava correr, no último dia 26 de abril. Até que surgiu o coronavírus e a prova foi adiada para 4 de outubro. 

No entanto, não são os cancelamentos de maratonas que causam angustia em Bekele, e sim a sensação de vulnerabilidade dos seres humanos. "Preocupo-me com o futuro. Com a fome que continua. Estamos isolados na Etiópia, mas ficar assim é um luxo pelo qual não podemos pagar", afirmou.

"Mas acredito que vamos sobreviver a esta tempestade. A humanidade já fez isso antes e superou muitos desastres. Mas isso não será fácil", apontou Bekele. 

A Etiópia declarou estado de emergência no início de abril, para conter o avanço do coronavírus. Hoje o país conta com 124 casos confirmados da doença e três mortes, sendo 1,26 casos a cada milhão de pessoas. Entretanto, a nação é uma das mais pobres no mundo e seu sistema de saúde é dos mais precários. Não há informações sobre quanto as pessoas são testadas no país para detecção da doença. 

Responsabilidade social

A doença é muito preocupante e isso mobilizou Bekele, que disponibilizou seu hotel em Suluta, a 25 minutos de Addis Abeba, capital etíope, para ser usado no tratamento de pacientes com coronavírus.

"Espero que as pessoas possam usar os quartos que tenho no meu hotel, lá há muito espaço", explica Bekele. "Quero ajudar no combate deste vírus altamente contagioso e ainda misterioso que está prejudicando muito a saúde e a vida das pessoas". 

De acordo com Bekele, a crise mundial afeta cada vez mais seu país, aumentando a pressão nas pessoas que precisam se defender. "Eu e minha família estamos em posição de ajudar. Temos que assumir essa responsabilidade", declarou. "Está claro que é um problema mundial. Somos todos seres humanos igualmente vulneráveis a doenças infecciosas. O coronavírus nos ensinou a ser mais humildes". 

Com isso o maratonista junta-se à crescente lista de esportistas de todo mundo que estão ajudando e fazendo diversos tipos de doações para combater o coronavírus. O próprio Bekele diz que os atletas precisam agir para ajudar seus fãs. "Devemos devolver algo e me sinto responsável. Temos que doar e apoiar as pessoas ao nosso redor quando pudermos, dando também encorajamento nesses tempos difíceis. 

Bekele revelou que tenta conscientizar as pessoas em relação a crise que o mundo passa. "Eu digo às pessoas para lavar as mãos com água e sabão e peço que  sempre mantenham distância de 1,5m das outras pessoas, para evitar a contaminação".

Foto: Reprodução/Intragram
 Treinamentos durante a quarentena

Com o decreto de isolamento social do governo etíope, Bekele está treinando sozinho e isso está sendo uma experiência complicada para o atleta. "Só posso treinar sozinho, na floresta perto da minha casa, em Addis Abeba. Não é possível ir ao estádio para trabalhar em pistas e o treino na estrada também é difícil", explicou. "De manhã percorro de 20 a 25 km na floresta para manter meu corpo em forma. Também faço cross training em casa". 

Com quatro medalhas olímpicas, Bekele é um dos atletas etíopes mais condecorados na história, tendo um ouro e uma prata nos 5.000m e dois ouros nos 10.000m, conquistadas nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008. 

Foto: SCC Events/Norbert Wilhelmi

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