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Thomas Bach reafirma manutenção dos Jogos Olímpicos para julho e diz não estar "vivendo em outro planeta"

Foto: Jean-Christophe Bott/EPA

A indecisão sobre o futuro dos Jogos Olímpicos continua sendo a principal pauta dos jornais esportivos ao redor do mundo. Nesta sexta-feira, 20, em entrevista ao New York Times, o presidente do COI, Thomas Bach, manteve sua postura e reafirmou que os Jogos estão mantidos para iniciar em 24 de julho. Segundo ele, o cancelamento não é uma opção e ainda é cedo para pensar em adiamento.

Mesmo com a interrupção da corrida olímpica de 42 modalidades por conta da pandemia do coronavírus, o Comitê Olímpico Internacional (COI) já afirmou diversas vezes que não pensa em adiar ou cancelar os Jogos de Tóquio e que o evento deverá ocorrer conforme o programado.

Nesta semana, a postura do COI foi reafirmada após reuniões via teleconferência realizadas com representantes das federações esportivas, dos atletas e dos comitês olímpicos nacionais. A entidade admitiu que vive um momento de incertezas, mas que, a pouco mais de quatro meses para o início dos Jogos, ainda não seria a hora de "tomar medidas drásticas".

Após diversas críticas sobre a atitude do COI, vindas de atletas e ex-atletas e comitês nacionais, Bach afirmou que a entidade também está sofrendo com tudo isso, mas que a manutenção dos Jogos é a melhor escolha. 

"Somos afetados por esta crise como todo mundo e estamos preocupados como todo mundo", disse ele. "Não estamos vivendo em uma bolha ou em outro planeta. Estamos no meio de nossa sociedade".


Foto: Associated Press

Diversos atletas expressaram seu descontentamento com as escolhas do COI. Pelas redes sociais, nomes como o de Hayley Wickenheiser, ex-jogadora de hóquei no gelo e atualmente membro do COI, Katerina Stefanidi, campeã olímpica no salto com vara, e até o brasileiro Bruno Fratus, vice-campeão mundial nos 50m livre, solicitaram o adiamento do evento.

Com a recomendação de quarentena em boa parte do mundo, piscinas, ginásios e campos estão fechados, o que impede o treinamento dos atletas. Assim, os esportivas têm que ficar em casa e estão perdendo toda a preparação ganha nos três anos do ciclo olímpico.

"O adiamento dos Jogos Olímpicos não apenas proporcionaria tranquilidade ao mundo, mas também permitiria que todos pudessem se preparar adequadamente, garantir justiça e manter o nível técnico da competição. Muito amor do Brasil #Tokyo2021", disse Fratus em resposta à publicação de Kirsty Coventry, representante dos atletas, após reunião com o COI na quarta-feira, 18.

Bruno Fratus replied to Kirsty Coventry's recorded message on Twitter ©Kirsty Coventry/Twitter
Foto: Reprodução/Twitter

Fratus até utilizou a hashtag "Tokyo2021", defendendo que a Olimpíada seja adiada para o próximo ano. No entanto, na entrevista de Bach ao New York Times, o presidente tratou de abafar a proposta e descartou inicialmente a possibilidade da realização dos Jogos em 2021 ou em 2022.

Em resposta aos treinamentos domésticos vistos nos portais onlines nos últimos dias, o alemão elogiou os atletas e disse que o momento atual "é uma situação excepcional e única, que requer soluções excepcionais".

Bach ainda reafirmou que esta ainda não é a melhor hora para se pensar em um adiamento, explicando que a dinamicidade de uma doença ainda em desconhecimento da ciência pode gerar bons ou maus frutos no futuro próximo. O presidente deixou a responsabilidade sob as mãos dos "especialistas" envolvidos na força-tarefa criada entre COI e Organização Mundial da Saúde em fevereiro.

"Portanto, não seria responsável de forma alguma definir uma data ou tomar uma decisão no momento, que seria baseada na especulação sobre os desenvolvimentos futuros", disse Bach. Isto nos leva a crer que, se ocorrer uma decisão de adiamento, esta deverá ser tomada às vésperas do evento.

O alemão eliminou a hipótese de que o COI sofreria com um colapso financeiro, perdendo preciosos investimentos das redes de televisão e de patrocinadores, em caso de uma mudança de data do evento. "O COI não tem problema de fluxo de caixa", declarou ele.

Concluindo, Bach falou que o COI mantém otimismo num momento tão duro quanto este porque vê nos Jogos Olímpicos um momento de paz e de encontro dos povos, e a manutenção dos Jogos dá esperança para lutar e superar as dificuldades vividas neste período de incerteza.

"Gostaríamos que a chama olímpica fosse uma luz no fim do túnel e enviasse a mensagem de paz, o que sempre fazemos, mas nessas circunstâncias muito difíceis é uma mensagem de esperança e comunidade da humanidade", finalizou ele.


Carta Olímpica



Vale lembrar que a Carta Olímpica, escrita por Pierre de Coubertin, o fundador do Comitê Olímpico Internacional e responsável pela organização dos Jogos Olímpicos da Modernidade, antes dos Jogos de Atenas-1896, diz que o evento olímpico deve ser realizado, obrigatoriamente, no ano IV do ciclo

Neste caso, o ciclo dos Jogos de Tóquio começaram em 2017 e deverão ser comemorados em 2020. Ou seja, a edição só pode acontecer até 31 de dezembro de 2020. Caso ocorra em outro ano, como 2021 ou 2022, o evento estará em desacordo com as normas estabelecidas pelo Movimento Olímpico.

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