Por Renato Toniol
Tenista que assombrou o mundo ao conquistar o título de Wimbledon em 2004 tão somente com 17 anos, a russa Maria Sharapova pegou a todos de surpresa nesta quarta-feira, anunciando o ponto final de sua grandiosa carreira.
Sharapova sempre foi conhecida por ser uma tenista de golpes potentes, tanto com o saque, quanto com os golpes da base. A habilidade seja para voleios, ou drop shots nunca foi o seu ponto forte, mas a velocidade desferida em cada golpe, fazia dela uma das tenistas mais temidas do circuito.
Acima de tudo, podemos classifica-la como guerreira. Teve no início de sua carreira, grande dificuldade em atuar no saibro, devido à falta de mobilidade e regularidade da base. Mesmo assim, soube perseverar, e justamente em Roland Garros, o Grand Slam aonde possuía maior dificuldade em fazer valer o seu estilo agressivo, foi aonde ela conseguiu ao menos duas conquistas, tendo triunfado em 2012 e 2014. Nos demais majors, obteve uma conquista em cada. Foi também número 1 do mundo pela primeira vez em 2005, posição que voltou a ocupar em 2007, 2008 e 2012.
Porém, os maiores adversários de Sharapova estiveram fora das quadras. Teve de lidar com seguidas lesões, no ombro direito, cotovelo direito, coxa direita, braço esquerdo e tornozelo esquerdo. E quando tudo parecia caminhar para uma reviravolta positiva, Maria teve o maior baque de sua carreira no início de 2016, quando testou positivo para uma substância chamada “Meldonium”, que foi encontrada no medicamento que ela fazia uso regularmente, chamado Mildronate, utilizado devido ao seu organismo possuir deficiência na produção de magnésio. Curioso que a substância, até então liberada, passou a ser proibida justamente em 2016, e uma falha de sua equipe médica em vetar o consumo, acabou por causar a sua suspensão, que fora reduzida e ela pôde voltar a ativa já em 2017, porém a sua performance nunca mais foi a mesma.
Destacamos que essa já é a segunda aposentadoria de grandes estrelas da WTA em 2020, uma vez que a dinamarquesa Caroline Wozniacki, outra ex número 1 do mundo, colocou números finais em sua carreira após a participação no Aberto da Austrália.
O que a WTA perde com a ausência da musa russa? Obviamente que em termos de publicidade a perda deverá ser notória, porém, principalmente pelo fato de há um bom tempo ela estar longe dos holofotes nos principais torneios, e também pela reformulação que vem ocorrendo no tênis feminino nos últimos anos, o circuito deverá manter o interesse do seu público atual.
Se a decisão foi acertada? Não tenho dúvidas que sim. Todo o esforço necessário para a sua volta aos melhores dias foi feito, porém ocupando atualmente a posição de número 373 do ranking, já com um corpo castigado por inúmeras lesões, fica inimaginável alçar voos maiores à essa altura.
Que Sharapova possa seguir de alguma forma ligada ao tênis, influenciando jovens, que certamente irão aprender muito com a sua vasta experiência.
Só nos resta dizer: Obrigado, Maria!
Foto: Divulgação
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