Desde quando vimos na cerimônia de encerramento dos jogos de encerramento dos jogos Rio 2016 a apresentação de Tóquio 2020, sabíamos que toda a cultura pop japonesa seria usada para promover as Olimpíadas. O que se confirmou quando foram anunciados como embaixadores dos Jogos, grandes personagens de anime famosos no mundo todo.
E um dos mais famosos é Goku, do anime Dragon Ball, que tem milhões de fãs ao redor do planeta, com os brasileiros entre os mais numerosos fãs dessa saga. E resolvemos trazer uma entrevista diferente para celebrar a data de um ano para os Jogos de Tóquio. Se não dá pra falar com Goku, vamos falar com quem dá a voz ao icônico personagem aqui no Brasil, um dos dubladores mais famosos do país, Wendel Bezerra.
Nessa entrevista 'dupla', falamos sobre a relação de Wendel com Goku, um dos seus personagens mais conhecidos, sua reação ao saber da escolha dele como embaixador de Tóquio 2020 e um exercício de imaginação com Goku falando na cerimônia de abertura feito pelo Wendel que eu duvido que quem cresceu assistindo Dragon Ball não vai ler ouvindo a voz dele dentro da cabeça! Confira nosso bate-papo:
- Qual foi sua reação quando você soube que o Goku foi nomeado como embaixador dos Jogos de Tóquio 2020?
Fiquei muito feliz, de verdade, como se um grande amigo meu tivesse recebido essa honra. Em seguida, pensei que talvez, dessa forma, eu pudesse realizar meu sonho de conhecer o Japão!
- O motivo principal da escolha do Goku é que ele é um dos personagens de animes mais queridos em todo o mundo. Pra você, o que o Goku tem que cativa tantas pessoas ao redor do mundo?
O Goku é fiel, em todos os aspectos. É verdadeiro, autêntico, sincero, persistente, bem humorado, carismático, tem o poder de unir as pessoas, não desiste nunca e está em busca de evoluir sempre. Ele tenta se aproximar de quem está acima dele, no intuito de se tornar alguém melhor. Além de tudo isso, é um cara família e vencedor.
- Goku é um dos personagens mais conhecidos que você empresta a sua voz. Qual a importância dele na sua carreira?
Foi fundamental! Através dele, as pessoas passaram a reconhecer minha voz em outras produções e descobriram meu nome. Isso era novidade no universo da dublagem. A partir daí, passei a ter ainda mais cuidado e responsabilidade com meu trabalho. Isso fez com que eu me tornasse um dublador melhor e, em seguida, um diretor melhor e mais profissional. Isso me concedeu um status diferenciado fora e dentro do mercado. Hoje, como dono da Unidub, um dos maiores estúdios de dublagem do Brasil, sei que nada do que colhi e construí na minha jornada teria acontecido.
- Você lembra do primeiro contato que teve com o personagem? Você chegou a imaginar que o anime 'Dragon Ball' fosse fazer tanto sucesso?
Lembro de ter feito o teste e de, alguns dias depois, receber a notícia de que eu havia sido escolhido pelo cliente. Fiquei contente, óbvio, afinal era mais um trabalho, mas eu não fazia a menor ideia do que, de fato, estava acontecendo naquele momento. Eu não conhecia 'Dragon Ball' e, talvez por isso, jamais imaginei que seria uma obra tão icônica e importante.
- Em alguns setores da arte, existem alguns artistas que temem serem ser apenas reconhecidos apenas por um personagem ou música ou obra literária. Em algum momento existiu esse temor de ser conhecido apenas como o 'dublador do Goku’?
Às vezes, ainda me preocupo com isso, pra ser sincero. Mas percebo cada vez mais que, para milhares de pessoas, estou deixando de ser apenas “o dublador do Goku” e me tornando Wendel Bezerra! Wendel que é a voz do Goku, mas também do Cake Boss, do Bear Grylls, do Metabee, Do Edward Norton, do Bob Esponja, do Robert Pattinson e muitos outros. Então estou me consolidando como ator para o público e não somente a voz de um único personagem. Isso tem sido muito gratificante e, até, transformador na dublagem.
- Gosta de acompanhar os Jogos Olímpicos? Se sim, tem algum esporte que goste de acompanhar?
Sim. Gosto muito de esportes e tento acompanhar, na medida do possível. Gosto de acompanhar futebol, basquete, vôlei e as categorias de atletismo mais “badaladas”, de forma geral. Como 100m rasos, por exemplo.
- Você tem um momento em olimpíadas que te marcou e que você lembra até hoje? Tem algum atleta de que é fã?
Eu era criança e lembro, perfeitamente, da cerimônia de encerramento da Olimpíada de Moscou (1980), quando num painel humano, escorre uma lágrima do Ursinho Misha. Não chego a ser, exatamente, fã, mas admiro muito Michael Phelps, César Cielo, João do Pulo, Usain Bolt, Serguey Bubka, a nossa geração de ouro do vôlei (masculino e feminino), Rodrigo Pessoa, Joaquim Cruz e os atletas do iatismo nacional.
- Se o Goku fosse um atleta olímpico, qual(is) esporte(s) ele disputaria?
Poderia ser qualquer modalidade individual, mas seria uma covardia sem fim! (Risos)
- Exercício de imaginação: Cerimônia de Abertura dos Jogos de Tóquio, Goku aparece para dar uma mensagem a todos que estão assistindo. O que ele falaria?
Oi, eu sou Goku!
Eu não poderia ficar de fora dessa festa. Primeiramente, porque eu soube que o coquetel vai ser melhor do que o que tem nas festas da Bulma! Mas o mais importante é que aqui estão reunidos verdadeiros guerreiros! Homens e mulheres que não desistem nunca, que buscam se superar a todo instante, que muitas vezes sacrificam suas próprias vidas na esperança de alcançar um bem maior que levará alegria ao seu povo.
Pessoas que, através do esporte, compartilham a ideia de saúde, tolerância, exemplo, resiliência, esforço, foco, disciplina, lealdade e união. Eu me identifico plenamente com esses atletas. Quero aproveitar esse momento e pedir ao mundo inteiro que, por favor, levantem suas mãos! Todos os seres vivos desse planeta, por favor, me emprestem sua energia. Vamos juntos emanar toda a nossa energia para que essa seja a Olimpíada com o Ki mais positivo da história!
Agora sim, posso sentir. A poderosa Genki Dama foi formada! Eu, Goku, declaro abertos os Jogos Olímpicos de Tóquio com toda a energia positiva do universo! Aaaaaaaaaahhhhhhhhh!!!!!!
Foto: Divulgação e Reprodução/Instagram
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