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Coluna Surto Mundo Afora #12

Quando as delegações entrarem no estádio olímpico de Pyeongchang, no dia 9 de fevereiro, uma sexta-feira de Carnaval, estaremos na XXIII Olimpíadas de Inverno. A cidade sul-coreana será a terceira cidade da Ásia a sediar os Jogos Olímpicos de Inverno, depois de Sapporo em 1972 e Nagano em 1998. Para muitos brasileiros o evento é pouco conhecido, porém a sua importância é quase da mesma grandeza que as de Verão, cuja última edição foi justamente no Brasil. O Surto Olímpico preparou o mais completo guia da internet.

Os Jogos de Inverno tem diferentes importâncias ao longo do planeta. Para os países nórdicos, alguns do leste europeu e até mesmo a Suíça, famosa por seus alpes gelados, eles são mais importantes e relevantes que os de Verão. Atletas alcançam a fama maior que muitos outros conhecidos pelo mundo, por exemplo. Já outros, a sua maioria potência esportiva, como Estados Unidos, Rússia e China, tem quase o mesmo peso e repercussão. Alguns ídolos, caso da Lindsey Vonn do esqui alpino e 81 vezes ouro em Copas do Mundo, alçada ao patamar de grandes nomes do país. E claro, há os que, por ausência de neve e poder de competitividade, praticamente mal conhecem o evento, casos dos países tropicais.

Mas o que poucos sabem é que as modalidades de inverno são tão antigas quanto outras qualquer e tiveram até mesmo demonstrações durante as Olimpíadas de 1920, cuja ideia era torná-las unidas às demais de verão. Não vingou, o que levou a uma reunião que decidiu um evento somente para esses tipos de esportes. As Olimpíadas de Inverno, antes de terem esse status, tiveram sua primeira edição em 1924 na cidade francesa de Chamonix, com a participação de 258 esportistas de 16 países. Apenas chamada de Semana Internacional de Desportos de Inverno, só dois anos depois o COI atribuiu o seu valor ao de Jogos Olímpicos.

O seu surgimento aconteceu após diversos atletas e países reivindicarem que as de Verão não podiam incluir modalidades esportivas que exigissem neve ou gelo. Entretanto, apenas seis modalidades fizeram parte do cronograma: o esqui, o hóquei, o curling, o biatlo, a patinação de velocidade e a patinação artística. Decidido que o evento ocorreria a cada quatro anos, assim como as Olimpíadas já aconteciam desde 1896, as de Inverno foram colocadas no calendário. Porém, obviamente, apenas nos meses da estação do ano. No entanto, devido aos conflitos da Segunda Guerra Mundial, foram canceladas as edições que aconteceriam no Japão e Itália, em 1940 e 1944, respectivamente.

Em 1986, o COI votou para separar os Jogos de Verão e de Inverno e colocá-los em alternância aos anos pares a partir de 1994. Um dos principais motivos para a separação foi a conferência de visibilidade às Olimpíadas. Sem confronto no mesmo ano, ambas ganhariam mais audiência, atenção e, principalmente, investidores. A novidade fez sucesso. Principalmente no Hemisfério Norte, onde estão concentrados os países mais praticantes de esportes desse tipo.

Durante esses anos todos, muitos locais que foram palcos dos Jogos tiveram suas histórias atreladas aos desmanches políticos. O caso mais emblemático foi Saraievo, então capital da Iugoslávia, que recebeu as Olimpíadas em 1984. Após o fim da União Soviética e o desmembramento das repúblicas, se tornou a capital e a maior cidade da hoje Bósnia e Herzegovina. Porém o que antes foi o palco da glória esportiva acabou se tornando refúgio para a Guerra da Bósnia. Estruturas como as utilizadas para o Bobsled acabaram servindo de abrigo para o exército iugoslavo (hoje Sérvia) no cerco ao país e que ceifou a vida de dezena de milhares de pessoas.

Em 1988 aconteceu o caso mais famoso de todas as Olimpíadas de Inverno e qual a maior conquista não veio através de medalhas. Uma tropical e acalorada ilha do Caribe se tornava famosa por ingressar uma equipe de Bobsled nos Jogos de Calgary, no Canadá: a Jamaica. Eliminada antes mesmo das finais, o feito foi parar até nos cinemas. No filme, a equipe, com bobsledders fictícios, é formada por velocistas jamaicanos que não conseguiram qualificação para Jogos Olímpicos de Verão de 1988, em Seul. Este fato é irreal, já que os Jogos canadenses aconteceram antes, dando assim, portanto, chances de competir na Coreia do Sul meses depois.

Por falar em cinema, oito anos antes uma final de hóquei no gelo também virou película para as telonas sob o título "Desafio no Gelo". A vitória dos Estados Unidos sobre a União Soviética, durante a Guerra Fria e a crise de auto estima norte-americana, se tornou um dos momentos mais simbólicos das Olimpíadas de Inverno. Um semestre antes do boicote dos capitalistas a Moscou 1980, os soviéticos foram até Nova Iorque com a sua chamada "imbatível" seleção de hóquei e um tetracampeonato olímpico na bagagem. Sem nenhuma estrela e toda equipe formada por universitários, o lendário treinador Herb Brooks liderou, com seus rígidos métodos de treinamento, ao título até hoje lembrado. O fato coincidiu com as mudanças na URSS, que começava a ruir, tornando-se um retrato do que aconteceria anos depois.

No Brasil, o interesse pelos Jogos de Inverno ganhou alcance justamente nessa época. Com a transmissão de VTs e a massificação das televisões a cabo, maiores divulgadoras do evento, mais admiradores surgiram. O grande salto aconteceu em 2002, na famosa Olimpíadas de Salt Lake City, nos EUA. Consideradas as maiores audiências entre os eventos esportivos que não fossem Olimpíadas de Verão e Copa do Mundo de Futebol, a Globosat passou a tratá-la com atenção e difundindo ainda mais as modalidades. Porém foi nesta mesma cidade que aconteceu o escândalo de compra de votos para sua eleição, gerando mais conhecimento sobre a mesma.

Sochi, na Rússia, foi o primeiro local subtropical a receber as Olimpíadas, em 2014. Já daqui a quatro anos, em 2022, Pequim se tornará a primeira cidade da Ásia a receber os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno. Agora é ficar ligado no Surto Olímpico, acompanhar o guia e calçar as luvas de frio: a neve vai invadir o esporte.

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