Apesar de ter disputado um recorde de oito finais nos Jogos Olímpicos do
Rio de Janeiro, o Brasil deixou a edição do ano passado sem subir ao
pódio na natação em piscinas. Já um ano depois, os atletas faturaram
cinco medalhas no Mundial de Budapeste, na Hungria, incluindo a prata no
revezamento 4 x 100m livre, prova olímpica e com um tempo (3min10s34)
que também teria rendido o segundo lugar no Rio 2016, atrás apenas da
equipe norte-americana. O que mudou de lá para cá? Para o medalhista
olímpico de Los Angeles-1984 e atual coordenador geral de esportes da
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Ricardo Prado, os
nadadores estão mais amadurecidos.
“Acho que foi uma reviravolta na natação brasileira, e espero que
isso seja só o começo de um ciclo novo e que culmine em Tóquio, quem
sabe com um número parecido de cinco medalhas”, avalia o gestor. “Acho
que os atletas amadureceram, e aquela pressão de nadar em casa pegou o
pessoal um pouquinho de surpresa. Eles estão mais relaxados agora, sem
tanta responsabilidade, e mostraram realmente o que são capazes de
fazer. Isso dá uma autoestima muito boa para eles nos próximos eventos, e
acredito que o que aconteceu em 2016 não volte a acontecer em Jogos
Olímpicos”, pondera.
Ricardo Prado fala com a experiência de quem já esteve dos dois lados
do jogo. Estreante em Jogos Olímpicos com apenas 15 anos, na edição de
Moscou, em 1980, e prata quatro anos depois nos 400m medley, o paulista
de Andradina, hoje com 52 anos, coleciona ainda sete medalhas em Jogos
Pan-Americanos e o ouro no Mundial de Guayaquil (Equador), em 1982.
Aposentado das competições, mas não distante do mundo esportivo, Prado
atuou nos comitês organizadores do Pan do Rio, em 2007, e dos Jogos
Olímpicos de 2016, antes de assumir o posto na nova gestão da CBDA. E
sabe bem a diferença entre ser atleta hoje e a realidade de alguns anos
atrás.
“O mais interessante de ter sido atleta é ter vivenciado uma época
bem diferente do que a gente vê hoje. Tinha muita coisa que a gente
queria, que sentia que dava para melhorar, e hoje vejo que elas estão
todas sendo atendidas”, compara. “Acredito que hoje é fácil e
recompensador ser atleta de alto nível no Brasil. Vale a pena se dedicar
para isso. Os atletas vivem hoje muito bem e têm um grande respaldo dos
órgãos governamentais”, comentou o ex-nadador.
Foto: Divulgação
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