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Surto História: 30 anos do ouro do basquete masculino nos Jogos Pan-Americanos em Indianápolis

No dia 23 de agosto de 1987, a seleção de basquete masculino entrava na quadra do Market Square Arena em Indianapolis para enfrentar os Estados unidos. jogo era a final do torneio de basquete masculino, e o Brasil treinado por Ary Vidal e liderado por Oscar e Marcel na quadra.  99,9% dos 16.408 presentes na arena já esperavam o ouro americano, que apesar da partida difícil contra Porto rico na semifinal, eram amplos favoritos contra o Brasil, mesmo com jogadores universitários, que davam conta do recado.


O principal astro dessa seleção era o pivô David Robinson. Os alas Danny Maning e Rex Chapman eram outros destaques da equipe. O Brasil tinha ido a final após atuação mágica de Oscar, que marcou 53 pontos contra o México e agora sabia que só um milagre traria o ouro para o Brasil. 

No primeiro tempo, os americanos cumpriram o papel de favoritos e foram espetaculares. Oscar e Marcel ainda tentaram contribuir, mas estavam bem marcados, fizeram apenas 11 pontos cada. O primeiro tempo terminou por 68 a 54. O único porém era que Robinson já estava com quatro faltas, mas Pervis Ellison, seu reserva, dava conta do recado. O Champagne já gelava no vestiário dos americanos.

Mas mal sabia ele que o Brasil voltou ao segundo tempo com outra atitude. Oscar Schmidt começou a arremessar de três de qualquer lugar e a bola começava a cair. Marcel provocava seu marcador Rex Chapman, dizendo: "Eu sou muito velho para te marcar, você é muito bom. pode arremessar" Ele começou a errar os arremessos.


E Oscar e Marcel Inspirados, Israel e Gerson monstruosos na defesa do garrafão, o Brasil começou a crescer no jogo e os americanos, incrédulos, começaram a falhar psicologicamente e erraram muitos arremessos. Cadum provocava os armadores americanos, pedindo para arremessar de três, e eles erravam os arremessos. Mesmo pendurado, Robinson voltou para tentar recuperar o terreno perdido, mas em vão,o Brasil fez o improvável acontecer, o Brasil passou a frente na última parte, faltando sete minutos para o fim, 95 a 94. E Robinson, foi excluído por faltas

Oscar deu show nas bolas de 3, que criada a menos de 5 anos era pouco explorada pela seleção dos Estados Unidos, acertando sete bolas em quinze tentativas, terminando com 46 pontos - 35 só no segundo tempo. Marcel ficou com 31 pontos. A dupla fez 55 dos 66 pontos do Brasil no segundo tempo e foram fundamentais para a vitória, que de tão inesperada, a premiação atrasou para que a organização fosse até os jogos de futebol para pegar o hino nacional brasileiro para tocar no ginásio. 


Para entender  toda a grandeza dessa vitória, os Estados Unidos estavam a 34 jogos sem perder; Nunca tinham perdido uma partida em casa; Nunca tinham perdido em uma final; Nunca tinham levado mais de 100 pontos em uma partida. Depois do jogo, os ainda incrédulos americanos entrevistaram Oscar, querendo saber o segredo de seus arremessos de 3. ele explicou: "O segredo é minha esposa, eu a levo nos treinamentos e ela passa a bola para mim 500 a 1000 vezes por dia. É por isso que eu casei com ela!"

A derrota totalmente inesperada ligou o sinal de alerta nos americanos, que eram tão superiores. O fato é que com a criação da linha de 3 pontos, as outras seleções tinham ganho um trunfo para derrotar a imbatível seleção americana.  E a NBA começou a abrir a porta para estrangeiros, na busca de evoluir ainda mais o seu basquete. O caminho mostrado pela seleção brasileira e a seleção americana, ainda com universitários,  levaram um bronze nos jogos olímpicos de Seul 1988 e no mundial de basquete de 1990. Logo após,  os Estados Unidos brigaram para mudar a regra do amadorismo para levar o que tinha de melhor nas próximas competições e conseguiram, com Jordan, Magic Johnson, Larry Bird e cia. assombrando o mundo em Barcelona 1992. David Robinson conseguiu ter sua revanche contra o Brasil nestes jogos, vencendo a seleção de Oscar e Marcel por 127 a 83 na primeira fase. 

Já para o Brasil, apesar desta vitória não ser a mais importante na história da seleção, que é bi campeã mundial e três vezes medalhista olímpica, ela se tornou a mais emblemática vitória do basquete brasileiro e umas das mais incríveis de todo o esporte brasileiro. Ela mostrou que os Estados Unidos não eram imbatíveis, e a geração de Oscar e Marcel ficou marcada para sempre no coração dos torcedores. Veja algumas frases dos personagens daquela partida:

“Ganhamos, e a ficha não caía. Eu ligava para o Oscar, ele me ligava, e não caía a ficha. Ganhamos dos EUA na casa dos caras. Ninguém fez isso. Só aquele time. Esse jogo mudou a minha vida. Nós lutamos contra o impossível e vencemos o invencível. Depois daquele dia, eu passei a acreditar que posso fazer qualquer coisa na vida” Marcel

“ É importante ressaltar é que nós estávamos jogando de forma completa. Não eram só os chutes de três pontos. A gente estava cavando faltas, pegando rebotes, fazendo contra-ataques, pendurando os jogadores deles com faltas” Paulinho Vilas Boas

"O Brasil venceu em uma atuação ofensiva que muitos jamais esquecerão" Site da Usa Basketball

"Marcel e Oscar jogaram muito bem, todas as bolas deles acabavam caindo e o Brasil mereceu aquela vitória. O Oscar brilhou realmente. Não jogamos o suficiente para vencê-los e os brasileiros ganharam na nossa casa, em Indianápolis. Foi um jogo fenomenal para o Brasil. Impressionou todo mundo naquela época." David Robinson

"Após aquela conquista, naquela hora, a gente não conseguia ter muita noção do que representava aquele feito, mas sabíamos que iríamos descobrir essa importância mais para a frente, com o passar do tempo. Não sou ligado a datas, mas eu costumo encontrar meus antigos colegas e comemorar isso como um feito, como o sucesso de uma geração. Conseguimos conquistar o ouro com um grupo de amigos que tinha um sonho em comum.” Guerrinha

"A minha ficha só começou a cair quando eu liguei para a minha casa muito tempo depois, naquela época não tinha celular, computador, essas coisas. Quando liguei para a minha mãe, estava todo mundo rouco de tanto gritar, uma balbúrdia, buzinaço nas ruas. Eu nem achava que o povo iria ficar vendo o jogo até o fim, ainda mais com os EUA ganhando no primeiro tempo. Outro momento que me fez cair ainda mais a ficha foi na volta. Fizemos escala em Nova Iorque e vimos uma foto do Marcel comemorando na primeira página do New York Times. O comandante do avião da Varig que nos levou de volta para o Brasil nos deu parabéns. Aí nós vimos a importância daquela vitória. " Pipoka

Por onde andam os campeões pan-americanos

4- Paulinho Villas Boas - virou dirigente e trabalha no COB 
5- Maury - trabalha como dentista em Jundiaí (SP)
6- Gerson- trabalha como Gerente de loja de acabamentos em gesso
7- Pipoka - trabalha como professor universitário em Brasília
8 - Rolando - trabalha como professor universitário em Curitiba
9- Cadum - É dono de agência de turismo e já trabalhou na comissão técnica de times como Ribeirão Preto, Uberlândia e Suzano e comentarista do NBB TV.
10- Guerrinha - virou técnico e atualmente comanda o Mogi.
11- Marcel - Formado em medicina, Trabalhou como técnico e comentarista
12- Silvio - Trabalha em uma empresa de certificação de sistemas em São Paulo
13- André Stoffel - Mora nos Estados Unidos
14- Oscar - Já foi dirigente e comentarista. Atualmente trabalha como palestrante
15- Israel - é dono de uma empresa de assessoria esportiva

Para você que não viu, veja abaixo a partida histórica, narração de Osmar de Oliveira:



fontes: LNB.com, NY Times, LA Times, Usa Basketball

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