O mundo dos esportes é repleto de histórias de superação. Lesões,
falta de dinheiro, treinamentos pesados, crianças que utilizam o esporte como
meio de transformação, dentre várias outras. Um desses atletas que tem uma
história incrível para ser contada é o boxeador britânico Cheavon Clarke, de 26
anos, que disputará o mundial da modalidade em Hamburgo, na Alemanha, na
categoria dos pesos pesados. Entretanto, a história do boxeador é um pouco
diferente das demais.
Podemos dizer que Clarke venceu a morte, um dos adversários
mais difíceis para qualquer pessoa, por duas vezes. Nascido na Jamaica, a primeira
vez aconteceu quando ainda morava no país caribenho e tinha apenas oito anos.
Clarke caiu de uma escada e foi parar em cima de uma viga de metal, que
literalmente o empalou. O que poderia ser o fim da linha para muitos, se tornou
mais uma história em sua vida para se contar.
A segunda vez aconteceu quando já estava em solo britânico,
aos 18 anos. O apêndice de Clarke supurou, vazando todo o liquido em seus órgãos
internos. O boxeador teve que passar por uma cirurgia e mais uma vez passou
perto da morte. "Quando acordei o
médico me disse: 'Sr. Clarke, você é um homem muito afortunado. Durante a
operação, você esteve perto da morte e tivemos que fazer tudo para salvar você'.
Voltei à vida. É justo dizer que Deus não me quis", brincou o boxeador. A
cirurgia deixou uma marca em seu abdômen.
Os sustos que passou diante da possibilidade de morrer fez
com que Clarke criasse um estilo de vida que preza por viver intensamente o
hoje e não ficar fazendo tantos planos par o futuro. O que, segundo ele, muitas
vezes não é compreendido pelas pessoas. “Às vezes, eu fico pensando o quão
longe eu cheguei, mas então eu acho que isso foi no passado e você não pode
viver no ontem. As pessoas sempre ficam irritadas comigo porque eu não faço
planos, só vivo um dia depois do outro. Você nunca sabe se estará vivo ou
morto" disse o britânico.
Natural da Jamaica, o boxeador se mudou para a Grã-Bretanha
com sua mãe e sua irmã aos 11 anos, quando conheceu o boxe. Ele chegou a
trabalhar por um período como motorista de caminhão, o que segundo ele foi um
período importante pois ele gosta de ficar sozinho, e trabalhar como motorista
dava a oportunidade para ele pensar.
Como boxeador, Clarke disputou os Jogos da Comunidade Britânica
(Commonwealth Games) em Glasgow 2014, ainda pela Jamaica. Ele conta que acabou
conhecendo o príncipe Charles na ocasião e chegou a brincar com o membro da família
real. “Eu disse a ele: 'Eu sou um homem mau. Eu vou te dar o velho um dois.'
Acho que ele achou isso engraçado. Eu até fiz o vídeo da do Discurso da Rainha
naquele ano " conta. Mas nenhum encontro foi tão especial naqueles jogos
quanto o encontro com o compatriota Usain Bolt na Vila dos Atletas.
Depois das disputas de Glasgow, o então jamaicano se
naturalizou britânico e passou a lutar pelo país europeu. No Campeonato Europeu
deste ano Clarke conquistou a medalha de prata após perder a final para o atual
campeão mundial e tendo derrotado em fase anterior um antigo campeão mundial.
Apesar de não gostar de fazer planos para o futuro, de um ele
não consegue fugir. As Olimpíadas de Tóquio em 2020. Mais do que querer
participar, o boxeador quer conquistar a medalha de ouro. "Especialmente
nos últimos dois anos, pensei em Tóquio um pouco. Gostaria de ir lá, fazer algum
dano, ganhar uma medalha, uma medalha de ouro, inspirar pessoas. Sim. Olimpíadas.
2020. Medalha de ouro”, concluiu.
Em Hamburgo Clarke fará parte da equipe britânico juntamente
como outros nove boxeadores, entre eles Peter McGrail, recentemente campeão do
Europeu, e os olímpicos Gala Yafai e Pat McCormack.
Foto: GB Boxing
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