Por Juvenal Dias
Aos poucos o esporte brasileiro vai retomando a vida normal depois do Rio-2016 e suas subsequentes notícias ruins ou boas. Aos poucos, também, vão surgindo bons resultados em esportes que pouco imaginaria que poderiam acontecer. Dentre essas modalidades, vale ressaltar três que têm ganhado destaque nessas últimas semanas, badminton, tênis de quadra e tênis de mesa.
Aos poucos o esporte brasileiro vai retomando a vida normal depois do Rio-2016 e suas subsequentes notícias ruins ou boas. Aos poucos, também, vão surgindo bons resultados em esportes que pouco imaginaria que poderiam acontecer. Dentre essas modalidades, vale ressaltar três que têm ganhado destaque nessas últimas semanas, badminton, tênis de quadra e tênis de mesa.
Começando com a peteca lá em cima, Ygor Coelho vem contrariando aquela máxima que badminton é um esporte que apenas asiáticos se dão bem. Quem poderia imaginar um brasileiro entre os 50 melhores do ranking mundial? Ainda mais com uma origem humilde, num lugar onde um projeto social conseguiu garimpar esse jovem talento de 20 anos que poderia ser como tantos outros e não ter grandes perspectivas na vida. Ygor é um daqueles exemplos que a formação esportiva transforma o caráter do indivíduo e que, através dessa base, pode se tornar alguém vitorioso, com notoriedade internacional e que nos enche de orgulho. Até onde ele pode chegar? É difícil prever. Já foi campeão Pan-Americano, uma conquista inédita. Não sei se chegará a disputar títulos mundiais ou lugares no pódio, mas é um nome a ser observado. Quem sabe não vira um daqueles famosos casos de brasileiros que despontam e estimulam jovens talentos na prática?
Nas quadras de saibro, um nome consolidado, outro que vem despontando e um mais desconhecido são os grandes destaques. Marcelo Melo mostra que é um duplista extremamente forte, nasceu para esse tipo de jogo em parceria. O mineiro trocou de parceiro no começo do ano e logo se adaptou bem com o novo companheiro Lucasz Kubot, da Polônia. Prova desse rápido entrosamento veio neste final de semana, quando a dupla conquistou o Masters 1.000 de Madri, o segundo dessa grandeza no ano. Com isso, assumiram a liderança no ranking das duplas. Há uma outra classificação que soma pontos individuais da dupla, uma vez que não é obrigatório a dupla jogar a temporada inteira juntos, e nessa situação, o brasileiro é terceiro do ranking.
Quem vem mostrando um tênis consistente e com notória evolução é a paulista Beatriz Haddad Maia. A jovem vem de dois torneios com resultados expressivos. No WTA de Praga, ela chegou as quartas-de-final, inclusive derrotando uma Top 20 pela primeira vez na carreira. Já neste fim de semana, venceu sua segunda competição no ano, conquistou o título no ITF de Cagnes-Sur-Mer, na França (já havia vencido em Clare, na Austrália). Por mais que não seja uma conquista do principal calibre dentro do tênis mundial, é bem relevante em termos de confiança e, principalmente, para o ranqueamento. Esse resultado a coloca como centésima melhor tenista do mundo de forma inédita em sua trajetória. Isso é bastante para quem vai completar 21 anos e não encontra tanto apoio como há no tênis masculino.
Ainda da terra batida vem uma ótima notícia do desporto paralímpico. O mineiro Daniel Rodrigues fez dobradinha no torneio internacional da Itália e venceu tanto em simples como em duplas no Tênis de Cadeira de Rodas. Infelizmente, esse tipo de competição traz pouco retorno financeiro e, portanto, não é televisionado, é preciso seguir em sites especializados. O Surto Olímpico é o lugar que nos nutri dessas informações relevantes, inclusive para escrever essa coluna.
Por fim, trago a experiência de cobrir e conviver alguns dias com os melhores mesatenistas do país. Acompanhei o Brasil Open de Tênis de Mesa. Foi interessante como jornalista trabalhar no evento, teve um saudosismo de torcedor do Rio-2016 e nos faz ter esperanças num futuro promissor dentro do esporte a nível mundial. Ver Hugo Calderano jogando de modo consistente, Gustavo Tsuboi em seu jogo centrado, a sabedoria oriental de Lin Gui e a jovialidade de Bruna Takahashi, além de outros jovens talentos, incluindo sua irmã de 12 anos, Giulia Takahashi, mostra um trabalho bem feito pela Confederação. O próprio torneio foi muito elogiado pelos atletas daqui, pelos estrangeiros que vieram e pelo ícone da modalidade e técnico da equipe feminina, Hugo Hoyama.
Independentemente de quem veio disputar a competição, o Brasil vem mostrando uma evolução gradativa e constante. Mostra que está preparado para fazer um papel digno no Mundial da categoria que começa no fim do mês, em Liebherr, na Alemanha. É um esporte que é amplamente dominado primeiro pelos chineses e, em sequência, pelos asiáticos, de forma geral. A disputa é bem difícil para os brasileiros, mas se conseguirem mostrar o seu melhor já podemos considera-los vencedores, uma vez que, passado o ciclo olímpico houve uma diminuição dos investimentos na modalidade.
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