A expectativa para as disputas do vôlei nos Jogos
Rio 2016 são altas entre público e atletas. O nível das equipes é tão
parelho que a lista de favoritos ao pódio no feminino e no masculino é
extensa. Nela, Brasil e Estados Unidos estão incluídos como candidatos
ao ouro, pela tradição e qualidade da comissão técnica e jogadoras. Por
isso e pela paixão brasileira por um dos esportes com maior número de
conquistas da nossa história, a modalidade teve uma das maiores demandas
por ingresso das Olimpíadas. Promessa de lotação máxima nas
arquibancadas do Maracanãzinho e pressão para cima dos adversários.
Bicampeão olímpico na quadra (Los Angeles 1984 e Seul
1988), além de ter um ouro na praia em Atlanta 1996, quando tinha 36
anos, o técnico da equipe feminina de vôlei dos Estados Unidos, Karch
Kiraly, projeta a melhor edição olímpica da modalidade nos Jogos do Rio.
“O Brasil vai realizar uma competição incrível na quadra e na praia. Em
ambas devemos ter a melhor competição já realizada em Olimpíadas. Não
há lugar melhor para o vôlei que o Brasil”, elogiou.
Auxiliar técnico da equipe em Londres 2012, quando as norte-americanas
perderam a segunda final olímpica consecutiva para o Brasil, Kiraly, que
assumiu o comando do time após a disputa, espera encontrar as
comandadas do time de Zé Roberto novamente, mesmo após a recente derrota
na decisão do Grand Prix. O motivo: ele gosta de enfrentar os melhores.
“Amamos jogar contra os melhores e o Brasil é um dos times mais
tradicionais, com planejamento e técnicos lendários. Não gostaríamos de
outro caminho. Tivemos grandes batalhas ao longo dos anos, a última há
algumas semanas”.
Confiança e expectativa de quem sabe que comanda uma
grande equipe e aprecia o jogo bem disputado. Tanto que após dois
reveses por 3 sets a 1 nas disputas pelos ouros de Pequim e Londres, a
seleção dos Estados Unidos fez um duelo muito disputado contra o Brasil
há menos de um mês, quando perdeu por 3 sets a 2 a final do Grand Prix.
Isso sem contar que no período pós-Jogos de 2012, a equipe
norte-americana faturou o Mundial de 2014 e o Grand Prix do ano passado,
já sob o comando de Kiraly, passando pelo Brasil em ambas ocasiões.
Aprendizado
Para a atual capitã da equipe, Christa Dietzen, que esteve
em quadra na decisão de 2012, as derrotas serviram de aprendizado. Ela
conta que jogar contra o Brasil é como um prazer narcisista e revela que
os Estados Unidos estão treinando para conseguir fazer as variações
táticas tão bem quanto as adversárias.
“O Brasil é um time forte. Há muitos que podem ter uma
configuração tática ou outra, mas o Brasil pode usar qualquer uma que
segue forte. Estamos tentando desenvolver essa variação. Eu penso que é
um time consistente, as centrais e as ponteiras são fortes. Recebemos um
relatório que mostra que o estilo de vôlei é o mais parecido com o
nosso. O Brasil é um dos times que mais gosto de jogar contra, é como se
olhar no espelho. Aprendemos muito sobre o que temos que melhorar na
final do Grand Prix”.
A experiência em jogar em estádios lotados contra os donos da casa,
situação que Dietzen pode enfrentar no Rio de Janeiro, e o crescimento
ofensivo do time são algumas das evoluções apontadas pela central.
“Joguei aqui no Brasil várias vezes com lotação máxima. Em todas essas
partidas a gente aprendeu com as experiências. Após o jogo, algo que eu e
minhas companheiras fazemos é avaliar o que fizemos bem e o que
poderíamos ter feito melhor. Fizemos isso em vários momentos nos últimos
quatro anos, quando jogamos alguns destes grandes jogos”, revelou.
“Nestas ocasiões é muito importante controlar o que
podemos controlar e saber exatamente o que temos que fazer para
continuar aprendendo. Quando está muito barulhento, temos que imaginar
que é como se estivesse quieto. Se você consegue canalisar os
pensamentos e ser capaz de controlar o que deixa entrar na sua cabeça,
você pode lidar com este tipo de situação”, prossegue Dietzen. “Acho que
algo mudou desde 2012 e também acho que a nossa velocidade ofensiva é
diferente. Está mais rápida”, completou.
Coletivo e confiante
Kiraly conhece bem as virtudes do time brasileiro e
também, por isso, sabe o que a sua equipe deve fazer para superar as
adversárias. “O Brasil tem muitas jogadoras com uma ou duas medalhas de
ouro olímpicas, uma grande comissão técnica e, agora, é sede dos Jogos. É
um dos favoritos aqui”, aponta o treinador. “A avalanche que eles
atiraram sobre nós quatro anos atrás... eles jogaram um grande jogo
naquela final, depois do primeiro set. O único caminho para os EUA, ou
qualquer time superá-los é lutar extremamente bem coletivamente e com
grande confiança”, afirmou Kiraly, lembrando que na final de Londres as
norte-americanas venceram o set inicial por 25 x 11 e depois levaram a
virada.
Uma das lições aprendidas pela capitã Dietzen é a
necessidade de manter a concentração do primeiro ao último jogo. “Não
estou certa se tivemos muitas adversidades ou desafios ao longo da fase
de grupos. Nós não fomos realmente testadas até a final. Este foi,
definitivamente, o nosso foco depois de 2012: o time precisa ser capaz
de lidar melhor com as adversidades”.
Apesar da rivalidade dentro de quadra, os norte-americanos
evitaram entrar no clima de revanche e apontam vários favoritos. “Eu
penso que há muitos times que podem ser apontados como favoritos, os
melhores do mundo estão aqui. A Sérvia é muito forte, Rússia, Brasil,
China, Japão, Coreia, qualquer um pode conquistar o outro”, analisa a
capitã.
Foto: FIVB
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