Com as obras chegando à sua etapa final em setembro, o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), ex-Ladetec, tem como próxima missão reaver junto à Agência Mundial de Antidopagem (Wada) o credenciamento perdido após ser suspenso no ano passado. O processo já começou, e a esperança é que ele seja obtido em julho de 2015, a tempo de o laboratório realizar os testes nos Jogos Olímpicos de 2016. Mesmo reavendo o credenciamento, o LBCD seguirá sendo visto com desconfiança por um postulante à vaga nos Jogos do Rio: Pedro Solberg.
Em 2011, o jogador de vôlei de praia foi testado positivo por uso de esteroide em exame feito pelo Ladetec. O exame IRMS da prova A apontou um índice de 28,85, acima dos 28 permitido. Sua suspensão preventiva foi anunciada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Ele havia acabado de anunciar uma parceria com o campeão olímpico Ricardo. Juntos, formariam uma forte dupla que buscaria uma vaga nas Olimpíadas de Londres. Os planos foram por água abaixo. Tempos difíceis que contaram com o apoio da família, em especial da mãe, a ex-jogadora de vôlei Isabel, do pai, o cineasta Ruy Solberg, e das irmãs Maria Clara e Carol.
Na contraprova, porém, o exame deu negativo: 26,75, abaixo de 28. Mas o Ladetec, além de ter feito o exame com um mesmo técnico, prática não correta, não admitiu o erro e manteve o resultado da primeira amostra. Solberg recorreu à FIVB, que mandou uma sobra da urina para um laboratório da Alemanha. Erro constatado, atleta absolvido. Campeão mundial mais jovem da história, em 2008, com 22 anos, Solberg voltou às areias. Depois de Márcio Araújo, Bruno Schmidt, com quem foi campeão brasileiro em 2013, e Emanuel, seu atual parceiro é Álvaro Filho. Enquanto sonha com os Jogos de 2016, Solberg não esquece o Ladetec. Ele está processando a UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, que abriga a instalação. Para o atleta, a justiça foi feita com a suspensão do laboratório. Mas ele busca indenização pelos gastos com sua defesa e por danos morais.
- Passei por muita coisa. Vão continuar me olhando sempre com desconfiança. As pessoas têm muita maldade. Uma vez que o seu nome é atrelado, ele vai ser sempre lembrado. Mas graças a Deus o meu caso foi de mudança para o doping no Brasil. Espero que o laboratório tenha mudado e evoluído e que o investimento tenha sido feito não só na aparelhagem, mas também nos profissionais – disse Solberg.
Como os atletas não têm controle sobre o destino de suas amostras, a tendência é que Solberg volte a ser avaliado pelo laboratório, agora LBCD. Apesar do investimento de R$ 140 milhões na obra, a desconfiança vai existir:
- Eu vou ter um pé atrás sempre. Não tenho controle para onde vai a minha amostra. Passei por um caso que só havia acontecido na Turquia. E no meu houve erro e má-fé. A prova foi feita de maneira equivocada, e a contraprova foi feita certa. Inverteram o processo porque eles chegaram a um resultado equivocado. Foram bem antiéticos.
De acordo com o advogado de Solberg,Armando Miceli, no momento o processo está em fase de prova pericial determinada pelo juiz, a fim de confirmar através dos documentos apresentados pelas partes o que foi alegado na petição inicial.
Fonte: globoesporte.globo.com
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