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Ouro no México, dupla de Remo do Flamengo celebra início promissor de parceria

 Mais do que a vaga para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, a medalha de ouro de Fabiana Beltrame e Bia Tavares no double skiff peso leve do Festival Pan-Americano, disputado na Cidade do México (MEX), domingo passado, significa um sopro de esperança para o remo brasileiro. Uma das apostas da modalidade para a competição do ano que vem no Canadá, a dupla do Flamengo mostra otimismo com os resultados conquistados até o momento, traça planos audaciosos para a nova parceria e celebra o tempo que terá pela frente para preparar o barco visando aos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

- Ficamos em décimo segundo na Copa do Mundo da França em junho, o que já foi um ótimo resultado por ser nossa primeira competição juntas e pela dificuldade que a Bia teve para perder peso. O ouro no México nos dá a certeza de que podemos pensar em conquistas maiores. Teremos dois anos para trabalhar esse barco até os Jogos de 2016, o que nunca tinha acontecido no remo brasileiro. Em 2012, a dupla com a Luana (Bartholo) foi formada em cima da hora para os Jogos de Londres (ficaram na 13ª posição). Desta vez, teremos tempo e um planejamento traçado com duas remadoras com resultados internacionais - afirmou Fabiana Beltrame, campeã mundial no Single Skiff Leve em 2011, em Bled, na Eslovênia.

- A gente já falava dessa parceria há muito tempo, e após o quinto lugar da Bia no Mundial Junior, eu me empolguei bastante. Acho que a parceria acabou acontecendo naturalmente. Apesar de jovem, ela é uma atleta madura, muito promissora e com os mesmos sonhos e objetivos que eu. Sabemos que ainda falta conjunto, pois disputamos poucas competições juntas, mas o objetivo final são os Jogos de 2016. Não estamos aqui para perder tempo - destacou Fabiana.

Apontada como uma das promessas da modalidade no país, Bia Tavares retribui os elogios e reconhece que sua responsabilidade aumentou muito desde que passou a dividir o barco com uma campeã mundial. Com sonhos semelhantes e tão grandes quanto os da nova companheira, Bia lamenta a pouca popularidade do remo no Brasil.

- Para o resultado que queremos em 2016, o mínimo que precisamos é conquistar nossa vaga através do Mundial do ano que vem. No Pré-Olímpico, o nível é bem mais fraco, e a exigência é muito menor. Infelizmente, o remo no Brasil não é um esporte popular e tem pouca divulgação na mídia. Muitas vezes, os interessados não têm muito conhecimento dos movimentos da modalidade. Às vezes acho que também falta um pouco de ambição a alguns atletas, que muitas vezes estão aqui para passar o tempo ou apenas para praticar um esporte. Sabemos que o treinamento não é fácil, e quando a coisa aperta, muita gente acaba desistindo. Tudo isso atrapalha - disse a remadora do Flamengo. 

Uma das atletas mais experientes e vitoriosas da delegação brasileira nas últimas competições, Fabiana não esconde que a distância para as rivais argentinas ainda é muito grande dentro d´água.

- A renovação do remo no Brasil praticamente não existe. Eu percebo isso quando chego nas competições e noto que nunca vi os atletas argentinos antes. Enquanto nós brasileiros somos sempre os mesmos. Só agora que a Confederação Brasileira está começando a se planejar - destacou.

JEJUM DE QUASE 30 ANOS É BARREIRA A SER QUEBRADA

O sucesso dos remadores do Flamengo no Pan-Americano do México não ficou restrito às mulheres. O catarinense Willian Giaretton, de 34 anos, e o capixaba Thiago Almeida, de 23, também ajudaram o Brasil a conquistar as vagas em Toronto no double skiff peso pesado (bronze) e no 4 sem peso leve (quinto lugar), respectivamente. 

Há 13 anos morando no Rio de Janeiro - 12 deles dedicados à seleção brasileira -, Thiago é um pouco mais otimista do que as meninas e enxerga uma geração talentosa vindo pela frente. Pelo menos no masculino. Para o atleta capixaba, o problema é muito administrativo do que técnico.

- Estou há 12 anos na seleção, e a troca de treinadores com filosofias completamente diferentes são constantes. Isso atrapalha demais, pois não temos um planejamento e uma sequência de trabalho. Atualmente, nossos técnicos mesclam a experiência com a juventude, o que eu considero a filosofia certa. A geração do Willian é fantástica e já era para ter atropelado a minha faz tempo, mas o trabalho foi feito de forma errada, e a responsabilidade jogada sobre eles foi grande demais. Mas acredito que com a orientação que sido dada hoje em dia o remo brasileiro tem tudo para crescer e dar uma guinada - explicou Thiago.

Onze anos mais jovem do que o companheiro - o que é motivo de brincadeira entre eles -, Willian faz coro às palavras do amigo e diz que a experiência dos mais velhos é fundamental no processo de transição entre uma geração e outra. 

O maior problema do remo masculino para a dupla do Flamengo é o jejum de quase 30 anos que perdura desde a medalha de ouro conquistada pelos irmãos Ricardo e Ronaldo Carvalho, nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987, última do país na modalidade na competição.

- Isso pesa muito e atrapalhou todas as gerações que vieram depois disso. Sabemos que o Brasil tem uma dívida no remo muito grande. Estamos devendo essa medalha há quase 30 anos. Por isso seria importante um ouro no Pan de Toronto. Tenho certeza que isso tiraria um peso enorme das costas de todos nós e as coisas começariam a alavancar - destacou Thiago.

Willian lembrou ainda que os principais rivais do Brasil no Pan-Americano do ano que vem também sofreram do "mesmo trauma" antes de brilharem.

- Vamos estar em confrontos diretos com Argentina, Cuba, Canadá e Estados Unidos, países que também tiveram que quebrar essa barreira no passado para conseguirem bons resultados com seus barcos em Olimpíadas - afirmou. 

Fonte: globoesporte.globo.com

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