Principal nome do taekwondo brasileiro, campeã mundial em Madri 2005 e
única medalhista olímpica do país na modalidade, tendo conquistado o
bronze em Pequim 2008 na categoria +67kg, Natália Falavigna
vive um momento um tanto quanto nebuloso em sua carreira, justamente no
meio de um ciclo olímpico.
Depois de ficar 2013 sem competir, perdendo
inclusive o Mundial de Puebla, no México, por conta de uma lesão no
joelho, ela voltou nos Jogos Sul-Americanos, em Santiago, em março deste ano. No torneio, terminou com a prata
e chegou a pensar que seria o que precisava para dar continuidade à
carreira. Mas outros problemas surgiram, e ela poderá ficar sem competir
até o fim do ano.
Por ter perdido o Mundial, Natália caiu
posições no ranking e atualmente está em 30º lugar. Desse modo, não se
credenciou a receber o Bolsa Pódio, auxílio do governo federal que vai
de R$ 5 mil a R$ 15 mil, para atletas que estão entre os 20 primeiros do
ranking. Ela ainda perdeu a vaga na seleção brasileira ao ser derrotada
na final da primeira seletiva. A segunda acabou sendo cancelada. Com
isso, a paranaense de 30 anos ficou impedida de ter seus gastos
custeados pela Confederação Brasileira de Taekwondo e, sem conseguir
fechar com novos patrocinadores, ficará fora do Grand Prix da China, de 4
a 6 de julho, em Xuzhou, única competição até então programada em sua
agenda para a temporada.
- Fácil não é. É um pouco
frustrante, mas estou treinando e tenho condições de defender meu país.
Não posso participar da competição na China por questões financeiras.
Mesmo assim, sempre me mantenho otimista. É difícil chegar aonde cheguei
e, por fruto de lesões, não ter direito às bolsas, ficar assim. Por uma
infelicidade e por falta de ritmo, acabei perdendo a final da seletiva
para a seleção brasileira, mas estou treinando e pensando em, ano que
vem, voltar. Preciso trabalhar para conseguir voltar. O duro é não poder
lutar contra com minhas rivais de fora, que estarão brigando por uma
medalha de ouro em 2016. Isso tudo é um ciclo vicioso e preciso
quebrá-lo - lamentou a atleta, que mora e treina em Londrina, no Paraná,
onde tem uma academia.
A prática da "vaquinha virtual" não foi descartada por Natália. O financiamento coletivo, chamado
de crowdfunding em inglês, já era conhecido pelos brasileiros
como ferramenta para
arrecadar dinheiro com outros objetivos, como financiar um show, por
exemplo. O sistema focado no esporte começou no Brasil no ano passado,
quando alguns sites passaram a oferecer
espaço para atletas, e outros se especializaram nesta área. Atletas como
Maurren Maggi, que é campeã olímpica, e a taewkondista Talisca Reis já
se utilizaram desse tipo de financiamento. Mas a lutadora paranaense
sabe que seria apenas uma medida paliativa.
- Eu não descarto
ter um site de contribuições. É sempre uma possibilidade, mas paliativa.
Não vai me dar suporte para conseguir viajar o ano todo. Eu preciso de
uma situação melhor para investir no meu treino. É um pouco complicado
precisar fazer vaquinha para viajar em um país que vai sediar os Jogos
Olímpicos. Estamos a dois anos do evento e tem atletas com chances de
medalha tendo que fazer esse tipo de coisa - comentou.
Apesar
das dificuldades e do momento ruim, ela não pensa ainda em parar. Na
verdade, Natália continua treinando de maneira exaustiva, mesmo sem ter
competições à vista. Em sua mente, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro,
em 2016, continuam como um objetivo palpável.
-- Eu acredito
que eu posso estar lá. É muito bom para um atleta poder representar seu
país em sua modalidade nas Olimpíadas. Eu conquistei títulos que nenhum
outro da minha modalidade conquistou no Brasil. O taekwondo do Brasil
tem alguns nomes fortes, mas essa experiência só eu tenho. É importante
mesclar uma equipe jovem com alguns medalhões. Sei do meu papel e quanto
posso contribuir. Eu não estou me preparando para parar. O fato de eu
passar por essa situação só me faz querer mais ainda voltar a competir e
voltar forte. Eu estou buscando isso. Ainda estou sonhando - concluiu.
Foto: Fausto Rois/ Divulgação
Fonte: Globoesporte.com
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