Foto: Autor Desconhecido |
O judô é o esporte nacional dos japoneses. E foi nas Olimpíadas realizadas lá em Tóquio que tivemos a primeira vez da modalidade no programa olímpico. Era a oportunidade perfeita para o país vencer todas as categorias. Venceram três, e faltava apenas a categoria livre.
Lágrimas de felicidade saltaram dos olhos japoneses quando, na final, Akio Kaminaga foi ao tatame. No pavilhão, silêncio gelado. Sepulcral. E o holandês Anton Geesink, de braços ao alto, olhos fixos no telhado de zinco...
Mas, mais que as expressões da sua euforia, notava-se o som murmurado da mágoa, do choro. Como se o Japão se humilhasse todo naquele seu golpe de glória. Geesink já se sagrara campeão mundial em 1961 graças à técnica (pessoalíssima) de rasteira. Entre 1952 e 1967 conquistou 18 títulos europeus, durante esse período apenas o francês Bernard Pariset conseguira ganhar-lhe uma vez. No Mundial de 1956 faturou a medalha de bronze, literalmente dominado pelos nipônicos, então considerados imbatíveis.
Foi dentro do próprio coração que provou que afinal não eram. E o drama estendeu-se pelo tatame — ficando para a posteridade como uma das imagens mais comoventes dos Jogos de Tóquio: Kaminaga, tal como todos os compatriotas, chorando como criancinhas. Haveria de dizer depois que a primeira reação foi pensar no harakiri (suicídio). Arrependeu-se a tempo. Afinal só perdera uma medalha de ouro — que pode valer a eternidade mas nunca a vida.
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