Foto: Autor Desconhecido |
Apesar de ter fechado a carreira sem qualquer título olímpico, Mike Powell ficou na história como um dos maiores do atletismo do século XX, por ter sido ele a destronar o Bob Beamon, que, em 1968, colocara o recorde mundial do salto em distância em incríveis 8,90 metros — dizendo-se então que "saltara em algum lugar do México e aterrisaria no século XXI".
Num duelo épico, fascinante, inapagável, num fim de tarde em Tóquio, valendo pelo Mundial de Atletismo de 1991, conquistou o título de campeão do mundo com 8,95 metros. Carl Lewis chegara lá com 65 vitórias consecutivas, até passou por três vezes os 8,84 metros e com ligeiríssima ajuda de vento foi além dos 8,90 de Beamon, atingindo 8,91 — só que Powell conseguira o salto da sua vida, o rival, para além da consolação não muito suave da medalha de prata, não teve direito a mais que um desabafo com ligeiro toque premonitório: "Nunca pensei que pudesse saltar tão longe e perder".
No ano seguinte, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, a vingança — terceira medalha de ouro consecutiva para Lewis, com 8,67 metros, três centímetros de vantagem para Powell. No Mundial de Stuttgart-93, Powell revalidou o título mundial, Lewis não competiu, já que algumas semanas antes sofrera um acidente de automóvel e decidira não apostar no salto em altura — e por essa altura Powell esteve à beira de conseguir proeza ainda mais fantástica: pulou 8,99 metros, só que o vento não era (por muito pouco...) regular. Em Atlanta, a última oportunidade para o ouro. Lesão agravada e nem sequer lugar no pódio, a pista abandonada com uma arrepiante cara de dor. O ouro era para Lewis. Pela quarta vez consecutiva.
Esta matéria é uma adaptação de reportagem da série "O Século XX do Desporto", do jornal português A Bola.
0 Comentários