Hoje o Surto História relembrará os 25 anos do primeiro grande caso de doping no esporte, o de Ben Johnson, nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul (KOR).
Benjamin Johnson, nascido em Falmouth (JAM), mudou-se com a mãe e os três irmãos para Toronto (CAN), se naturalizando canadense.
Antes de 1988, Johnson conquistou a prata nos 100m dos Jogos da Comunidade Britânica em 1982 e o bronze nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles (USA) e havia quebrado o recorde mundial da prova, no Mundial de Atletismo de 1987, em Roma (ITA), com o tempo de 9.83.
Quando chegou 1988, Johnson enfrentou diversos problemas antes dos Jogos. Distendeu a panturrilha em Fevereiro e Maio, além de ter brigado com o treinador, mas, semanas depois, teve a reconciliação.
Em Seul, no dia 23/09, parecia que Carl Lewis (USA) maior rival de Johnson, teria vantagem, vencendo facilmente as suas baterias (10.14 e 9.99), enquanto Johnson vacilou e por pouco não ficou de fora das semifinais. Na sua bateria, não tendo noção da sua liderança, o canadense bobeou e terminou em terceiro. Mas como os quatro melhores tempos passavam de fase, 10.17 foi o bastante para ele avançar.
No fatídico dia 24, Lewis venceu a sua semifinal com 9.97. Enquanto Johnson queimou a largada na sua, na época a primeira queimada de largada não gerava desclassificação, e mesmo assim venceu com o tempo de 10.03. Uma hora e meia depois, foi disputada a final. Lewis na raia 3 e Johnson estava na 6. Linford Christie (GBR) e Calvin Smith (USA) separavam os dois.
Johnson disparou na frente após o tiro de largada, Lewis não conseguiu fazer frente ao canadense, que ganhou com o tempo de 9.79, novo recorde mundial e 0.13 mais rápido que o norte-americano!!!!
Mas Lewis, convencido de que Johnson se dopava, quis protestar, mas preferiu assumir a derrota com classe e dignidade, em respeito a memória do seu pai.
Após passar uma hora e meia no anti-doping tomando várias cervejas para produzir amostras para os exames, ele foi comemorar com a família a vitória. Enquanto isso, no Canadá, comemorava-se o primeiro ouro no atletismo em 56 anos. A última tinha sido em Los Angeles 1932, com Duncan McNaughton (CAN) no salto em altura.
Mas a tempestade estava por vir. No dia seguinte, no Centro Olímpico de Controle do Doping, foi descoberto que uma amostra A foi analisada e deu positivo para esteroides. Depois, o presidente da comissão médica do COI, o Príncipe Alexandre de Merode (BEL), foi conferir de quem era a amostra e foi o primeiro a saber que a amostra era de Johnson .
De Merode escreveu uma carta para a delegação do Canadá sobre o resultado, na segunda de madrugada. No mesmo dia, Johnson teve sua amostra B testada e o resultado foi positivo. Terça de madrugada, a chefe de missão canadense, Carol Anne Letheren, foi no quarto de Johnson e disse: "Nós amamos você, mas você é culpado", e levou a medalha de ouro dos 100 m.
Já na manhã de terça, o COI organizou uma conferência de imprensa e fez o seguinte anuncio: "A urina coletada do atleta Ben Johnson, no dia 24 de setembro de 1988, continha traços da substância proibida STANOZOL... e a Comissão Médica do COI recomenda a desqualificação do atleta e a perda de sua medalha de ouro."
Apesar de Johnson ter sido o 43º atleta flagrado no anti-doping, foi o primeiro grande atleta a ser flagrado e virou capa de jornal em todo o mundo.
Johnson de inicio negou tudo e seu treinador chegou a alegar sabotagem e que agentes de Carl Lewis poderiam ter contaminado a bebida do canadense.
Assim, o ouro foi para Lewis, a prata para Christie e o bronze para Smith. O brasileiro Robson Caetano foi promovido para a 5ª posição.
O governo canadense rapidamente abriu investigações sobre o consumo de esteroide anabolizantes eentre os atletas locais. Investigação chamada de Inquerito Dubin, batizada em homenagem ao chefe adjunto da Corte Suprema de Ontário, Charles Dubin, que foi o responsável pela condução dos depoimentos.
Finalmente, em 12 de junho de 1989, Johnson admitiu perante a comissão que tomou esteroides e mentiu para o público dizendo que não tinha se dopado. No dia seguinte, perguntaram se ele tinha alguma mensagem a deixar para os jovens atletas e, com lagrimas nos olhos, ele respondeu: "Quero dizer a eles que sejam honestos e não se dopem. Aconteceu comigo, estive lá e sei como é se sentir um trapaceiro."
Três meses depois, em uma decisão controversa, a IAAF anulou o recorde mundial obtido por Johnson em Roma, mesmo ele tendo passado no exame anti-doping.
Após cumprir dois anos de suspensão, Johnson conseguiu se qualificar para os Jogos de Barcelona (ESP), em 1992, mas acabou sendo eliminado nas semifinais.
O doping de Johnson abriu o olho das autoridades para o mundo do doping, que anda sempre em uma velocidade maior que a modernização dos exames anti-doping.
Abaixo, segue o vídeo do final dos 100m:
E um documentário da rádio CBC do Canadá, chamado "Ben Johnson: um herói em desgraça". Para ouvir, clique no link.
No fatídico dia 24, Lewis venceu a sua semifinal com 9.97. Enquanto Johnson queimou a largada na sua, na época a primeira queimada de largada não gerava desclassificação, e mesmo assim venceu com o tempo de 10.03. Uma hora e meia depois, foi disputada a final. Lewis na raia 3 e Johnson estava na 6. Linford Christie (GBR) e Calvin Smith (USA) separavam os dois.
Johnson disparou na frente após o tiro de largada, Lewis não conseguiu fazer frente ao canadense, que ganhou com o tempo de 9.79, novo recorde mundial e 0.13 mais rápido que o norte-americano!!!!
Mas Lewis, convencido de que Johnson se dopava, quis protestar, mas preferiu assumir a derrota com classe e dignidade, em respeito a memória do seu pai.
Após passar uma hora e meia no anti-doping tomando várias cervejas para produzir amostras para os exames, ele foi comemorar com a família a vitória. Enquanto isso, no Canadá, comemorava-se o primeiro ouro no atletismo em 56 anos. A última tinha sido em Los Angeles 1932, com Duncan McNaughton (CAN) no salto em altura.
Mas a tempestade estava por vir. No dia seguinte, no Centro Olímpico de Controle do Doping, foi descoberto que uma amostra A foi analisada e deu positivo para esteroides. Depois, o presidente da comissão médica do COI, o Príncipe Alexandre de Merode (BEL), foi conferir de quem era a amostra e foi o primeiro a saber que a amostra era de Johnson .
De Merode escreveu uma carta para a delegação do Canadá sobre o resultado, na segunda de madrugada. No mesmo dia, Johnson teve sua amostra B testada e o resultado foi positivo. Terça de madrugada, a chefe de missão canadense, Carol Anne Letheren, foi no quarto de Johnson e disse: "Nós amamos você, mas você é culpado", e levou a medalha de ouro dos 100 m.
Já na manhã de terça, o COI organizou uma conferência de imprensa e fez o seguinte anuncio: "A urina coletada do atleta Ben Johnson, no dia 24 de setembro de 1988, continha traços da substância proibida STANOZOL... e a Comissão Médica do COI recomenda a desqualificação do atleta e a perda de sua medalha de ouro."
Apesar de Johnson ter sido o 43º atleta flagrado no anti-doping, foi o primeiro grande atleta a ser flagrado e virou capa de jornal em todo o mundo.
Johnson de inicio negou tudo e seu treinador chegou a alegar sabotagem e que agentes de Carl Lewis poderiam ter contaminado a bebida do canadense.
Assim, o ouro foi para Lewis, a prata para Christie e o bronze para Smith. O brasileiro Robson Caetano foi promovido para a 5ª posição.
O governo canadense rapidamente abriu investigações sobre o consumo de esteroide anabolizantes eentre os atletas locais. Investigação chamada de Inquerito Dubin, batizada em homenagem ao chefe adjunto da Corte Suprema de Ontário, Charles Dubin, que foi o responsável pela condução dos depoimentos.
Finalmente, em 12 de junho de 1989, Johnson admitiu perante a comissão que tomou esteroides e mentiu para o público dizendo que não tinha se dopado. No dia seguinte, perguntaram se ele tinha alguma mensagem a deixar para os jovens atletas e, com lagrimas nos olhos, ele respondeu: "Quero dizer a eles que sejam honestos e não se dopem. Aconteceu comigo, estive lá e sei como é se sentir um trapaceiro."
Três meses depois, em uma decisão controversa, a IAAF anulou o recorde mundial obtido por Johnson em Roma, mesmo ele tendo passado no exame anti-doping.
Após cumprir dois anos de suspensão, Johnson conseguiu se qualificar para os Jogos de Barcelona (ESP), em 1992, mas acabou sendo eliminado nas semifinais.
O doping de Johnson abriu o olho das autoridades para o mundo do doping, que anda sempre em uma velocidade maior que a modernização dos exames anti-doping.
Abaixo, segue o vídeo do final dos 100m:
E um documentário da rádio CBC do Canadá, chamado "Ben Johnson: um herói em desgraça". Para ouvir, clique no link.
Fonte: The Complete Book of the Olympics
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