No dia 22 de janeiro de 2007, o presidente eleito da então Federação
Brasileira de Vela e Motor, Lars Grael, deixou o cargo após pedir uma
intervenção do Comitê Olímpico Brasileiro. Com dívidas superando os R$
100 milhões, o medalhista olímpico não conseguiria organizar a
modalidade para o ciclo olímpico de Pequim-2008. Hoje, seis anos depois,
a entidade já não está sob o comando do COB. As dívidas, no entanto,
seguem tão altas quanto em 2007. Segundo o próprio comitê olímpico, nos últimos seis anos a dívida da entidade diminuiu em apenas 10%. Fontes ouvidas pelo site Uol Esporte afirmam que essa redução é significativa, mas ainda insuficiente para
que a entidade volte a funcionar normalmente. As dívidas, originárias de
duas execuções judiciais e de multas relativas à ligação com os bingos,
seguem sendo o problema.
Mesmo assim, no dia 15 de novembro de 2012, a intervenção acabou. O
pedido foi feito durante a própria assembleia da CBVM. Um novo grupo
político, liderado pelo presidente da Federação de Vela do Rio de
Janeiro, Marco Aurélio de Sá Ribeiro, foi escolhido para tentar
encontrar alternativas para a gestão da entidade. Os responsáveis já tem
um plano de ação, mas ainda esperam pareceres legais para colocá-lo em
prática.
Desafios para a vela brasileira com o fim da intervenção:
"Evitar debandada de talentos: nos últimos anos, a vela perdeu revelações
pela falta de apoio. Com a intervenção, o investimento na base rareou e
coube aos clubes, sozinhos, formarem talentos. Para manter os atletas,
os investimentos na base deve aumentar".
"Conseguir patrocínios: esse ponto está ligado à resolução dos problemas
jurídicos. Assim que a Confederação puder assinar novos contratos, a
missão será voltar a encontrar empresas interessadas na modalidade. É
bom lembrar que, quando a intervenção começou, a vela nacional vivia um
grande momento, com altos investimentos".
"Lidar com a situação da Classe Star: se nada mudar até 2016, os Jogos
do Rio serão os primeiros da vela sem a Star desde 1932. O problema é
que a classe é a mais vitoriosa do Brasil - e aquela em que Robert
Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, veleja. Pessoas ouvidas pela
reportagem afirmam que o barco pode voltar ao programa olímpico, mas uma
Confederação forte pode aumentar o lobby para isso".
O grande obstáculo é a impossibilidade de firmar acordos de patrocínio.
Nos últimos anos, a vela recebeu apoio do Bradesco, mas essa verba
entrava via COB, já que tudo o que caísse na conta da Confederação
poderia ser penhorado. Esse, aliás, foi o grande objetivo da
intervenção: com a entidade impossibilitada de receber verbas, incluindo
as da Lei Piva, era preciso criar um caminho direto entre COB e
atletas.
Nos seis anos desse modelo, a vela nacional teve de diminuir estrutura,
seus atletas viajaram menos para o exterior, mas resultados apareceram. A
modalidade, no entanto, perdeu espaço. Em Jogos Pan-Americanos, foram
14 medalhas em duas edições, incluindo cinco ouros em Guadalajara-2011.
Em Jogos Olímpicos, os brasileiros conquistaram duas medalhas em
Pequim-2008 e uma em Londres-2012, no pior desempenho da modalidade
desde Barcelona-1992. A modalidade perdeu a liderança do quadro de
medalhas verde-amarelo para o judô e, sem patrocinadores, viu uma série
de promessas deixarem o esporte.
O primeiro teste do novo comando da entidade será já em fevereiro, na
Semana Brasileira de Vela. O campeonato, entre os dias 14 e 24 de
fevereiro, inaugura o ciclo olímpico do Rio-2016 na Baia de Guanabara.
Será a primeira chance para atletas, brasileiros e estrangeiros, de
testar as condições da raia olímpica. O evento valerá, também, como
seletiva para definir a equipe permanente do Brasil para a temporada.
Fonte: UOL Esporte
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