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Coluna Buzzer Beater - O resgate da autoestima do Basquete feminino


Se alguém dissesse há 20 dias atrás que a seleção feminina de basquete iria para os jogos Pan-americanos de Lima, fazer uma campanha invicta até a medalha de ouro, que não vinha desde Havana 1991 com Paula, Hortência e Janeth, com certeza eu, você e todo o fã de basquete iria rir  muito dessa pessoa.

Mas isso realmente aconteceu. Uma boa atuação de uma seleção que ficou treinando apenas 20 dias, e que levou um das medalhas de ouro mais improváveis do Brasil em Lima. Bem, ainda não podemos dizer a plenos pulmões 'AGORA VAI', mas ao menos vimos o resgate da autoestima e da esperança em rever o Brasil forte no basquete feminino em um futuro mais ou menos próximo.

Primeiro, palmas para José Neto que conseguiu em pouco tempo e de forma simples, fazer a seleção feminina jogar. E como fez? Exigindo intensidade. E para uma seleção que há muitos anos parecia se arrastar em quadra, fez grande diferença.

E jogar assim em um Pan, onde a maioria das seleções não estavam com força máxima - somente argentina, Colômbia e porto rico estava com um time misto - funcionou. Vimos vários roubos de bola na defesa, jogadas de transição ofensivas, um time focado nos dois lados da quadra. Uma defesa agressiva e um ataque sempre em procura da cesta, com boas jogadas de bloqueios e pouquíssimos isolations e os famosos 'crazy shoots'. De gosto de ver em alguns momentos nos jogos decisivos contra Colômbia e Estados Unidos.

Outro grande trabalho de José Neto foi fazer jogar bem jogadoras tidas como promessas que ainda não tinham vingado na seleção, como Paty, Isabela Ramona, Débora e Tainá (essa destruiu a equipe americana na final), dar mais protagonismo a bons valores como Raphaela e Stephanie -pena a pivô Aline ter se machucado, senão era teria jogado bastante também - fez de Clarissa a scorer que fazia tanta falta nessa seleção, que desde Janeth (Iziane não conta) não temos alguém efetivo para chamar a responsabilidade para fazer a cesta quando o 'bicho pega'. Além de dar a Érika, que já foi uma das melhores pivôs do mundo mas que está em declínio , ter a chance de ter um título com essa seleção, já que ela sofreu muito tentando carregar esse time nas costas anos atrás.

Como disse acima, foi linda e inesperada essa conquista. Mas ainda é o começo do trabalho. O basquete feminino ainda terá dois torneios a disputar em 2019, de fundamental importância para sonhar com uma (difícil) vaga para Tóquio 2020 - A Americup (antiga Copa América) que classifica para o pré-olímpico. Serão outros torneios, mais difíceis, com todas as seleções completas. 

Vamos deixar a empolgação de lado. gostaria de dizer que o campeão voltou, mas na teoria, somos a quinta força do continente(Canadá deve vir com força máxima, Estados Unidos não vai completo, mas deve levar uma seleção um pouco mais forte e cascuda do que a universitária que foi a Lima, Argentina e Porto Rico completos ainda estão acima do Brasil), mas talvez se contarmos com a pivô Damiris (uma outra joia do basquete feminino que ainda não brilhou na seleção como se espera), manter a proposta agressiva de defesa - conseguindo manter oito,nove jogadoras se revezando em quadra - e aumentar  leque de jogadas ofensivas, dê pra ficar entre as seleções semifinalistas


Se temos que analisar esse resultado com frieza, mas também não podemos deixar de exaltar o feito da seleção feminina. Existe um longo caminho a percorrer, tanto na seleção feminina que ainda precisa corrigir detalhes defensivos e ofensivos e por isso não podem (e creio que não deverão) se deslumbrar com o resultado. José Neto mostrou ter a sensibilidade de mexer no pensamento da equipe e deverá ter a mesma sensibilidade para fazer a equipe entender que esse resultado é uma pequena parte e que uma má participação na Copa América apagaria tudo. É um trabalho que tem ser cuidadoso, cauteloso e a longo prazo. E a princípio, este parece ser o caminho adotado pelo basquete feminino. Assim agradecemos.

foto:Alexandre Loureiro/COB

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