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Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV |
A Liga das Nações de Vôlei (VNL) é o principal campeonato disputado anualmente entre as seleções de vôlei. Criada em 2018, substituiu a Liga Mundial e o Grand Prix, e deu uma nova cara ao calendário da modalidade – focado na ampliação do alcance e no dinamismo. Durante três semanas, as 18 melhores equipes do mundo se enfrentarão em diversas sedes.
Mesmo sem garantir vaga direta para estas competições, a VNL influencia o ranking mundial. Quem vai bem na Liga das Nações, ganha moral no cenário internacional e fica mais próximo do maior sonho de qualquer atleta: uma medalha olímpica. Neste guia, você vai entender melhor como tudo isso funciona e o que esperar da edição atual da VNL.
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Seleção brasileira conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Reuters |
Edição atual tem mudança no formato de competição
Com algumas mudanças de formato, a sétima edição da Liga das Nações (VNL) de vôlei feminino se inicia dia 04 de junho e vai até dia 27 de julho de 2025, abrindo a temporada de seleções.
A primeira mudança é o aumento no número de equipes participantes. Em 2024, 16 países participaram da disputa. Em 2025 são 18. Com a mudança, a República Tcheca, vencedora da Challenger Cup no ano passado, e a Bélgica, seleção mais bem colocada no ranking mundial, estão na VNL 2025.
Além do Brasil e dos países europeus mencionados acima, Itália, Países Baixos, Alemanha, China, Polônia, Sérvia, Turquia, Coreia do Sul, Estados Unidos, Tailândia, Bulgária, Canadá, República Dominicana, Japão e França compõem a VNL feminina em 2025.
A mudança no número de equipes gera também alterações no calendário da fase preliminar, que foi dividida em um período de três semanas. Nessa fase, serão três grupos rotativos com seis seleções cada um, no qual cada equipe jogará 12 partidas em três locais diferentes. O número de dias de competição cai de seis para cinco na semana, tendo uma semana a mais de descanso. Após a segunda semana da VNL masculina, haverá uma pausa de uma semana nos dois naipes.
Na fase eliminatória as oito melhores equipes avançam para a fase final. Nesta fase, a grande mudança é o fim da “proteção” para as equipes principais e desafiadoras que até 2024 não podiam ser rebaixadas. A partir deste ano, a pior seleção classificada na competição será rebaixada, dando lugar à seleção mais bem colocada no ranking mundial que ainda não está na Liga das Nações.
A Polônia, país-sede da fase final da Liga das Nações feminina, tem vaga garantida nas quartas de final. Portanto, se a equipe polonesa encerrar a fase preliminar abaixo do top-8, a oitava seleção melhor classificada será eliminada, e a Polônia será considerada a oitava pior geral. Na fase de mata-mata, o cruzamento é olímpico: 1º x 8º (ou país-sede que não se classificar por forças próprias), 2º x 7º, 3º x 6º e 4º x 5º.
O esquema de pontuação da fase classificatória permanece o mesmo: Vitórias por 3 a 0 ou 3 a 1 garantem três pontos para o vencedor e uma vitória por 3 a 2 garantem dois pontos para o vencedor e um para o perdedor.
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José Roberto Guimarães segue no comando da seleção em mais um ciclo. Foto: COB |
Quais são as chances de título para o Brasil?
Após conquistar o bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a seleção brasileira feminina de vôlei se prepara para um novo ciclo, que será iniciado com o início da Liga das Nações. Com a manutenção de peças-chave como a capitã Gabi Guimarães, José Roberto Guimarães aposta na juventude, na polivalência das atletas e testará novas peças no sistema defensivo para manter o alto nível competitivo já visando a disputa do Campeonato Mundial, que será realizado entre agosto e setembro deste ano.
A equipe fará as quatro rodadas iniciais no Ginásio do Maracanãzinho, depois segue para Istambul, na Turquia, e finaliza a classificatória em Chiba, no Japão. Durante esta fase a comissão técnica poderá fazer até duas trocas na lista de 30 atletas. Para cada semana de jogos, 14 farão parte do elenco principal. A primeira fase da VNL geralmente é o momento mais propício para testar variações táticas e descobrir novos nomes que poderão ganhar espaço durante o ano.
Nesta primeira semana a decisão será por poupar a ponteira/oposta Rosamaria e a ponteira Gabi, última jogadora a integrar a rotina de treinamentos devido à temporada mais extensa — finalizada em 4 de maio — que encarou pelo seu time, o Imoco Conegliano, da Itália.
Passe, defesa e meio de rede serão pontos observados por Zé Roberto
Taticamente, Zé Roberto gosta de montar sistemas defensivos que propiciem solidez, geram volume de jogo e preparem o contra-ataque com qualidade para as levantadoras acionarem as atacantes.
As ausências das líberos titulares no último ciclo – Natinha e Nyeme – vão demandar uma observação mais aprofundada nas convocadas da posição, que possuem pontos fortes distintos. Laís tem se mostrado uma consistente passadora nos últimos anos e liderou a Superliga recente em eficiência no fundamento, enquanto Kika e Marcelle tem como trunfo a qualidade nas defesas – observada também na temporada recente da liga nacional.
Zé Roberto também preza por um elenco composto por atletas polivalentes, principalmente pelos lados da quadra. Muitas convocadas possuem qualidades que podem ser aproveitadas tanto nas funções de oposta, onde exige um poder de ataque maior, quanto como ponteira, no qual a jogadora apresenta maior versatilidade e colabora com o passe, fundamento importante para a construção das jogadas. Prova disso são as frequentes convocações de Ana Cristina, Rosamaria e Tainara, jogadoras capazes de atuar nas duas posições – ainda que apresentem maior capacidade nas definições das jogadas.
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Seleção tem renovação parcial desde Paris 2024. Foto: COB |
Gabi Guimarães é um caso à parte. A ponteira é uma jogadora completa. Ataca e defende com alta qualidade. Essas características a colocam, há anos, como uma das principais jogadoras do planeta.
O conjunto não poderá contar com o poderio ofensivo de Thaisa, aposentada da seleção, nem com a incrível e mundialmente reconhecida leitura de bloqueio de Carolana – o técnico Daniele Santarelli que o diga –, que pediu dispensa após consecutivas temporadas com pouco descanso.
Diana e Lorena, jovens, porém com maior bagagem na seleção, poderão oferecer consistência pelo meio de rede. Julia Kudiess demonstra boa eficiência tanto nos ataques como no bloqueio. A média de altura das centrais brasileiras é de 1,93m, com destaque para Luzia, que mede 1,98m.
Análise dos confrontos: Brasil enfrentará atual campeã olímpica, carrascos recentes e potências emergentes no cenário internacional
Entre rivalidades históricas, “afrontes” e adversárias de alto nível, a seleção brasileira inicia sua caminhada rumo ao inédito título jogando em casa. O Ginásio do Maracanãzinho será palco de grandes confrontos, recebendo potências como Itália, atual campeã olímpica e da VNL, e os Estados Unidos, maior carrasco recente da seleção anfitriã. Além da presença destes gigantes, Alemanha, Chéquia e Coreia do Sul também desembarcam na ‘cidade maravilhosa’ para competir até o dia 8 de junho.
Brasil e Estados Unidos, tricampeão da Liga das Nações, se enfrentam já na segunda rodada. Após a prata olímpica em 2024, a USA Volleyball (federação de vôlei do país) iniciou uma reformulação tanto no elenco como na comissão técnica.
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Seleção feminina nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: COB |
Karch Kiraly, após 12 anos, deixou o comando da seleção. Erik Sullivan assumiu o cargo e rapidamente promoveu uma mudança radical para este novo ciclo. Das 13 medalhistas em Paris, apenas a levantadora Jordin Pulter, a ponteira Avery Skinner e a central Dana Rettke foram convocadas.
Dentre as outras 27 selecionadas há seis novatas e dez que já possuem passagens pela seleção durante alguma edição da VNL. Quatro destas já atuaram pela Superliga brasileira: Jenna Gray, levantadora do Gerdau Minas nas últimas duas temporadas, a oposta Dani Cuttino, que também esteve no clube mineiro entre 2020 e 2022, além de Brionne Butler, central do Osasco São Cristóvão Saúde em 2023/24, e Roni Jones-Perry, que defendeu o Sesc Flamengo de 2022 a 2024.
A Itália vem de um mágico 2024, quando conquistou a Liga das Nações e o tão sonhado e inédito ouro nos Jogos Olímpicos. Mas, alguns nomes importantes como Marina Lubian, que esteve no título em Paris, além de Cristina Chirichella, Elena Pietrini e Sara Bonifácio, pediram dispensa da convocatória.
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Itália foi campeã olímpica pela primeira vez em 2024. Foto: Reuters |
Durante entrevista aos jornalistas presentes no evento de apresentação da delegação, o treinador Julio Velasco demonstrou incômodo com a atitude e afirmou que o retorno destas atletas está praticamente descartado para o futuro.Velasco terá à sua disposição 11 das 13 campeãs olímpicas, com destaque para Paola Egonu, eleita a melhor jogadora das atuais conquistas.
Outros três confrontos serão importantes para avaliar a qualidade do elenco brasileiro: Turquia, Polônia e Japão. Santarelli, considerado o melhor treinador da nova geração, tem a oposta Melissa Vargas, a ponteira Karakurt e a central Eda Erdem como referência. Ainda há o fato do Brasil ter vencido as turcas na disputa pelo terceiro lugar em Paris 2024.
A Polônia vem demonstrando gradativa evolução nesta década e finalizou as duas últimas edições da Liga das Nações em terceiro lugar – vencendo, inclusive, o Brasil. Nomes como a levantadora Joanna Wołosz, a central Agnieszka Korneluk, a oposta Stysiak e a ponteira Martyna Czyrniańska são o motor do elenco de Stefano Lavarini, velho conhecido brasileiro.
Os encontros recentes entre Brasil e Japão proporcionaram jogos incríveis, no qual três eliminatórias foram definidas no tie-break, com duas classificações brasileiras (Campeonato Mundial em 2022 e Pré-Olímpico de 2023) e uma japonesa, vencedora na semifinal da VNL 2024.
Ferhat Akbas, o novo treinador, chamou dez das 13 atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Paris. A maior ausência será a de Sarina Koga, estrela daquele elenco. A oposta se aposentou do esporte no auge de sua forma, aos 28 anos, após oficializar o casamento com Yuji Nishida, da seleção masculina.
Entre os destaques da atual convocação estão Manami Kojima, eleita a melhor líbero da edição passada, e a promessa Yoshino Saito, melhor ponteira da liga japonesa da última temporada.
Calendário de jogos do Brasil e onde assistir
Todas as partidas terão transmissão do SporTV2 e da VBTV (meio digital).
1ª etapa: Rio de Janeiro, Brasil
- 4 de junho, às 17h30 - Brasil x Chéquia
- 5 de junho, às 21h - Brasil x Estados Unidos
- 7 de junho, às 13h30 - Brasil x Alemanha
- 8 de junho, às 10h - Brasil x Itália (também será transmitido na Globo)
2ª etapa: Istambul, Turquia (horário de Brasília)
- 18 de junho, às 10h – Brasil x Bélgica
- 20 de junho, às 13h30 – Brasil x Canadá
- 21 de junho, às 10h – Brasil x República Dominicana
- 22 de junho, às 13h30 – Brasil x Turquia
3ª etapa: Chiba, Japão (horário de Brasília)
- 9 de julho, às 0h – Brasil x Bulgária
- 10 de julho, às 3h30 – Brasil x França
- 11 de julho, às 7h20 – Brasil x Polônia
- 13 de julho, às 6h45 – Brasil x Japão
Demais sedes
- 1ª semana: Ottawa, no Canadá, e Pequim, na China
- 2ª semana: Hong Kong, na China, e Belgrado, na Sérvia
- 3ª semana: Apeldoorn, nos Países Baixos, e Arlington, nos Estados Unidos
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