Hedgard Moraes/ MTC
O mercado brasileiro de apostas esportivas online, tradicionalmente dominado pelo futebol, começa a ampliar seus horizontes em direção aos esportes olímpicos. Modalidades como basquete e vôlei já conquistaram um espaço respeitável, aparecendo frequentemente entre os cinco esportes mais apostados no país, em números divulgados a cada mês pela bet KTO.
A recente regulamentação das bets, em vigor desde o início de 2025, trouxe uma mudança importante para o setor. Parceira do tradicional Minas Tênis Clube, a KTO está entre as empresas que precisaram adotar o domínio bet.br, exigência do Ministério da Fazenda para todas as operadoras legalizadas no país.
Além disso, a legislação estabelece que os operadores paguem 12% de impostos sobre suas receitas, revertendo parte desse valor para ações governamentais em áreas como saúde e assistência social.
Com um crescimento vertiginoso de 734,6% nas apostas online globais entre 2021 e 2024, movimentando cerca de R$ 6 bilhões, as bets têm potencial para diversificar ainda mais os investimentos além do futebol.
Ao menos, essa é a opinião de José Francisco Manssur, ex-assessor especial da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda e sócio da CSMV. Em sua participação no CBC & Clubes Expo, que aconteceu em Campinas, Manssur destacou que há espaço significativo para ampliação desse apoio financeiro para outros esportes.
"As bets têm dinheiro para investir, mas estão indo no automático”, afirmou o ex-assessor. “E, no automático, vão no futebol. Se elas conhecerem o trabalho, os números de adesão, mobilização, a ESG, a contrapartida social, tem grandes argumentos para fazer com que esse dinheiro, hoje muito concentrado no futebol, vá também para outras modalidades".
De fato, esportes olímpicos como o basquete e o vôlei têm atraído cada vez mais o interesse das bets. O acordo entre KTO e Minas Tênis Clube, por exemplo, envolve diferentes modalidades no clube mineiro. Além de patrocinar as equipes de vôlei, a casa de apostas assumiu os naming rights do time masculino de basquete, que disputa o Novo Basquete Brasil (NBB) como KTO Minas, e recentemente estendeu a parceria também para as equipes de judô.
Em um contexto no qual 90% dos clubes da Série A têm bets como patrocinador master, Manssur apontou que esta tendência é um indicativo do potencial de expansão das casas de apostas para outras modalidades. "O Brasil tem uma cultura monoesportiva. O brasileiro tem a percepção que o futebol atrai mais atenção, mas estamos mudando isso a cada Olimpíadas", destacou o especialista.
Embora a aposta no futebol seja algo automático para as empresas devido à alta exposição e retorno garantido, Manssur alertou para a necessidade de iniciativa por parte das federações e entidades esportivas para atrair esses recursos.
"Acho que esse é o discurso: mostrar às bets o público de consumo que as modalidades têm”, pontuou o especialista. “Está faltando iniciativa de buscar essas bets, despertar um pouco o interesse em buscar o dinheiro das empresas de apostas".
Essa diversificação traz benefícios tanto para as empresas de apostas, que ampliam seu público e oportunidades de mercado, quanto para os esportes olímpicos, que podem alavancar seu desenvolvimento através desses novos investimentos. Manssur lembrou que as empresas devem reconhecer também o impacto positivo de investir em esportes com ampla atuação social, que contribuem com a formação educacional e social de milhares de jovens atletas.
Com o ciclo de Los Angeles 2028 já em andamento, as modalidades olímpicas possuem uma janela estratégica para captar a atenção das bets. Este movimento pode representar uma mudança significativa no panorama esportivo brasileiro, tornando o mercado de apostas mais plural e distribuindo de forma mais equilibrada o apoio financeiro no país.
0 Comentários