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COI escolhe seu novo presidente nesta quinta; Confira processo de votação e candidatos

IOC/Greg Martin


Quinta (20), durante a 114ª Sessão do COI, será definido o novo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) nos próximos oito anos. Thomas Bach, se despedirá do cargo após doze anos- em 2021, foi reeleito de forma quase unânime, dará lugar a um dos sete candidatos, que começa seu mandato em 24 de junho de 2025. A votação acontece no Balneário grego de Costa Navarino, com início às 11 horas (Horário de Brasília).

Em uma eleição cercada de mistério, onde pelo código de ética do COI nenhum membro votante poderá demonstrar apoio público a quaisquer candidatos, teremos um número recorde de concorrentes na história do Comitê olímpico, o que deixa a eleição imprevisível. Conheça como será a votação, os futuros desafios, e quem são os candidatos à presidência do COI:


Processo de votação


Dos 109 integrantes do Comitê olímpico, somente 92 terão direito à voto na primeira rodada. Os compatriotas dos candidatos com direito a votos ficarão de fora – retirando três votos da França, dois da Grã-Bretanha, dois do Japão e dois da Espanha. Além destes, os candidatos não poderão votar e Thomas Bach, que só votará na rodada final se necessário um voto de minerva para um desempate.

Para ser eleito na primeira rodada, um dos candidatos deverá ter 47 votos, a metade mais um do total de votantes. Caso não seja eleito nesta primeira etapa, é eliminado o candidato com menos votos. Enquanto um candidato não tiver a maioria dos votos, vão se fazendo novas rodadas e eliminando o menos votado. Se tiver apenas dois candidatos e ainda estiver empatado, Thomas Bach desempata com o voto de minerva.

O Brasil tem dois membros do COI com direito a voto: o ex-jogador de vôlei prata em Los Angeles-84 Bernard Rajzman e Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).


Desafios


Um dos principais desafios é manter um relacionamento com o presidente do Estados Unidos Donald Trump, principalmente em questão aos atletas transgêneros. Atualmente, o COI autoriza cada federação criar sua regra para a inclusão destes atletas, mas aumenta os rumores de que o COI deva fazer uma regra universal para o tema usando os estudos já feitos sobre o tema. Ao assumir a presidência dos Estados Unidos, Trump decretou uma lei proibindo atletas transgêneros de competir em alto nível em solo estadunidense.

Outra questão a ser resolvida pelo próximo presidente será a da Rússia. Suspensa desde o início da invasão à Ucrânia em 2022, viu alguns atletas do país e de Belarus – parceira russa que também foi suspensa – competirem como neutros em Paris-2024. Assim como na questão dos transgêneros, o COI lavou as mãos e deixou cada confederação criar suas regras para aceita-los ou não como atletas neutros.

A última questão é no marketing e no faturamento. Apesar de ter garantidos um faturamento de 7,3 bilhões de dólares para o ciclo olímpico de Los Angeles e 6,2 bilhões para o ciclo de Brisbane - dados da Reuters, a saída de vários patrocinadores no fim do ciclo olímpico de Paris ligou o alerta para a entidade, que ainda se vê precisando atrair mais público e engajamento com os Jogos olímpicos para atrair novos patrocinadores nos próximos anos.


Candidatos


Sebastian Coe

Um dos mais conhecidos, Coe é bicampeão olímpico dos 1500m e ficou marcado pelo público brasileiro por ser derrotado por Joaquim Cruz nos 800m dos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984. Após o fim da carreira no atletismo, Coe foi para a área administrativa, onde culminou na presidência do comitê olímpico britânico e do comitê organizador dos jogos olímpicos de Londres em 2012. 

Lenda olímpica, Sebastian Coe é o candidato mais experiente (foto: reprodução/ The sun)


Em 2015 ele assumiu a World Athletics, entidade manchada por conta dos escândalos de corrupção envolvendo seu antecessor Lamine Diack, e desde então vem recuperando a modalidade, mas não sem polêmicas, como a premiação de 100 mil dólares para cada campeão olímpico do atletismo e a proibição de atletas intersexo e transgêneros. Suas principais propostas são promover e fortalecer o esporte feminino, incentivar governos a priorizarem o esporte em suas agendas e maior integração com federações internacionais e o Comitê paralímpico Internacional.

Aos 68 anos, é um dos candidatos mais experiência administrativa, mas sua idade pode ser um empecilho em um mandato de oito anos e uma possível reeleição em um cargo que exige um certo vigor para muitas reuniões diplomáticas e viagens ao redor do mundo.


Kirsty Conventry

Grande nadadora olímpica com sete pódios (com dois ouros) em cinco olimpíadas, a Zimbabueana de 41 anos é a única mulher concorrendo ao cargo, além de ser a mais jovem dos candidatos. Desde 2018 é ministra dos esportes, artes e recreação em seu país e tem estrado em grande ascensão na entidade desde que entrou em 2013 na comissão de atletas. 


A imprensa especializada diz que Coventry é a candidata preferida de Thomas Bach (foto: IOC Media)


Atualmente, ela dirige a comissão de coordenação do COI dos jogos olímpicos de Brisbane em 2032 e sua juventude pode ser um ponto a favor para um mandato longo – Segundo a Reuters, esta seria a candidata preferida de Bach. Entre suas principais propostas, está a tolerância zero a corrupção e ao doping, além de manter a neutralidade do Comitê em meio a um mundo cada vez mais polarizado.


Juan Antonio Samaranch Jr

Filho do emblemático ex-presidente do COI entre 1980 e 2001, que é lembrado por conseguir fazer da olimpíada um negócio super rentável nos anos 80 e por polêmicas de corrupção no fim do seu mandato, Juan Antonio Samaranch Jr., de 65 anos, Não tem passado esportivo, mas pode ser considerado de certa forma o ‘candidato da situação’, mesmo sem ter a preferência de Thomas, Bach, já que ele é vice-presidente do COI desde 2022. 

Por ser muito ligado ao marketing é visto pelos especialistas como uma oportunidade para atrair novos públicos e novas receitas para os Jogos Olímpicos, e uma de suas propostas é usar os principais atletas olímpicos como embaixadores globais do esporte. Mas outras de suas principais propostas são mais conservadoras, como evitar a dispersão geográfica dos Jogos Olímpicos voltando a concentrar eventos na somente na cidade-sede, por exemplo.


David Lappartient

Presidente do Comitê Olímpico Francês e da União Ciclística Internacional (UCI), Lappartient, de 51 anos, foi um atleta sem muito brilho, mas como dirigente alcançou grande status. Assumiu o Comitê olímpico francês em 2023, quando a entidade passava por uma crise e viu a França fazer bom papel em casa, além de ajudar o país a conseguir a sede dos Jogos de inverno em 2030 nos Alpes franceses. Já no ciclismo, ele comanda a principal entidade do esporte desde 2017 e tem lidado bem com o fantasma do doping que tinha  assombrado tanto o esporte nos anos anteriores. 

Presidente da divisão de esportes eletrônicos do COI, David foi o responsável da criação dos jogos olímpicos de E-sports, que acontecerão na Arábia Saudita, e uma de suas propostas é usar os jogos eletrônicos para atrair o público jovem para as olimpíadas. Outra de suas propostas é levar os Jogos Olimpícos para um continente que nunca recebeu o evento: A África.


Feisal Al-Husein

Irmão do rei da Jordânia Abdalah II, o príncipe Feisal Al-Husein, de 62 anos, preside o Comitê Olímpico do país desde 2003 e é membro do COI desde 2010. Em 2017, passou a presidir a comissão contra o abuso e assédio no esporte, algo que promete combater com mais eficácia na presidência da entidade. 

Feisal também defende uma revisão do calendário esportivo para que a olimpíada tenha datas mais flexíveis em locais que o clima não é favorável em julho/agosto, além de apoiar mais formas de inclusão esportiva e a a total equidade entre homens e mulheres nos Jogos olímpicos.


Johan Eliasch

Presidente da Federação Internacional de Esqui e Snowbard (FIS) e dono da marca esportiva Head, o sueco com nacionalidade britânica de 62 anos defende que o COI seja gerido como uma empresa, com metas econômicas e esportivas para o maior sucesso esportivo e financeiro para os jogos olímpicos. Para isso promete trabalhar 24 horas por dia e sete dia por semana para que a entidade atinja este padrão de excelência.

Ligado ao ambientalismo, deverá buscar por Jogos mais sustentáveis se for eleito, em meios aos desafios do aquecimento global com Jogos de inverno, por exemplo. Outra das suas propostas é proteger o esporte feminino e fazer o esporte 'se guiar pelas evidências biológicas, e não pelas tendências culturais'.

Uma curiosidade interessante é que ele foi o único candidato que publicou o seu manifesto em português


Morinabe Watanabe

Presidente da Federação Internacional de Ginástica (FIG) desde 2018, o japonês de 65 anos foi designado a liderar a força tarefa do COI para organizar os torneios de boxe nas Olimpíadas de Tóquio de 2020 e de Paris em 2024 por conta do seu bom trabalho com a ginástica e agora quer liderar o COI. 

Watanabe é o candidato com a ideia mais ousada: uma olimpíada acontecendo 24 horas por dias em cinco cidades diferentes. (foto: IOC/Christopher Marty)

E sua principal ideia para os Jogos Olímpicos de verão é extremamente ousada: fazer a competição ser disputada em cinco cidades, uma por continente - ao invés de uma só como é desde a primeira edição - e acontecendo 24 horas por dia (!) sendo transmitida por streaming, rompendo com toda a tradição olímpica de escolha de sedes. Outra ideia inovadora de Watanabe é criar o fórum olímpico anual, para reunir atletas olímpicos para trocarem experiências, já que segundo o japonês, eles não tem tempo de fazer isso durante os Jogos Olímpicos.


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