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Valdileia Martins se emociona após semana intensa em Paris-2024: "Eu fiz o que todo atleta quer fazer: o seu melhor"

Wagner Carmo/CBAt


Valdileia Martins tentou, mas não conseguiu disputar a final do salto em altura neste domingo (4). Ela, que se classificou igualando o recorde brasileiro, que dura desde 1989 e é de 1,92m, se machucou em uma tentativa de superar o feito e fez tratamento intensivo para poder disputar as finais, mas as dores no tornozelo não deixaram.

 "Tentei me recuperar nesse meio tempo, mas dois dias é muito pouco para uma entorse", conta. "Fiz bastante gelo, laser, bandagem, um intensivo de quase 24 horas de fisioterapia. Tomei medicação forte.Eu decidi que só iria desistir quando eu visse que realmente não ia dar. Entrei e aqueci, mas mesmo com um aquecimento reduzido, eu senti dor. Fiz a primeira passada e a segunda, mas vi que não tinha condições de meter o pé. Eu não tenho força para fazer a corrida, e também não tenho confiança, porque sei que o pé está machucado." explicou Valdileia, que é atleta da ORCAMPI.

A lesão acabou encerrando a intensa semana de Valdileia, que perdeu o seu pai e grande incentivador, vítima de um infarto fulminante na última segunda. Já em Paris, ela não pode ir ao enterro de seu pai e pensou em desistir, foi convencida pela mãe e irmãos e competiu na olimpíada em memória dele

"Ele fez o papel dele, formou pessoas de caráter. Em toda conquista que eu tive, a primeira pessoa pra quem eu ligava era o meu pai. Ele era o primeiro a saber das minhas vitórias, das minhas derrotas, das minhas lesões. Ontem à noite, eu chorei, porque eu vi que não vou ter mais esses momentos. Mas eu vivi tudo com ele. Meu pai não me limitava, ele sempre disse que eu era capaz."

A saltadora nasceu e foi criada em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – Pontal do Tigre – na cidade de Querência do Norte (PR). Foi o pai quem a incentivou no esporte. Ele montou um setor de salto improvisado, com sacos cheios de palha de arroz para substituir o colchão, e varas de pescar no lugar do sarrafo.

Valdileia hoje vive em Bragança Paulista, mas é o orgulho da cidade de Querência, onde pretende ir assim que voltar ao Brasil para ver sua família: "Acho que o pessoal está muito orgulhoso desse feito, me vê como uma inspiração, como se fosse capaz de superar qualquer barreira. Hoje eu me sinto incrível. As pessoas vão falar: 'nossa, ela está se achando'. Mas, cara, eu fui incrível na Olimpíada. E eu não imaginava que a minha história seria contada. Agora, quero muito ir para Querência, porque quero ver minha mãe, após a morte do meu pai, mas também o pessoal da cidade". 

Valdileia lamentou não poder ter conseguido ter feito nenhum salto para ter uma marca ao lado de seu nome e não a sigla NM (no mark), mas sai satisfeita de ter ao menos vivenciado uma final olímpica: Eu queria saltar na final? Queria muito. Eu queria que meu nome estivesse lá, nem que fosse no 1,86m. Mas eu senti a energia de uma final olímpica. Eu vi como é, entrar, dar tchauzinho para a galera. Estar aqui é mágico, é único."

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