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| Reuters |
Sempre achei a coisa mais difícil do mundo definir quem é o melhor de todos os tempos. Como medir atletas de outras épocas, outras modalidades, para afirmar categoricamente que determinado(a) atleta é o melhor? Ao longo do tempo, conclui que apenas fatos e títulos não podem ser o fator determinante para isso. O principal para determinar de quem é o(a) maior e quando os feitos daquele determinado atleta tocam o seu coração. E nesta Olimpíada de Paris, quem tocou o meu coração e do todos os brasileiros é Rebeca Andrade. E já não há mais dúvidas: contemplem a maior atleta brasileira de todos os tempos!
Vimos a história nestes Jogos olímpicos. Rebeca Andrade fez uma olímpiada irretocável e mostrou o porquê ela é a melhor do Brasil e uma das melhores do mundo. Conduziu o Brasil a um inédito bronze por equipes, desafiou Simone Biles no individual geral e no salto, ficando com duas honrosas pratas e ouvindo da maior da história que nunca teve uma atleta que a chegasse tão perto dela e que isso a faz treinar ainda mais forte.
Na trave apesar dos questionamentos, o quarto lugar de Rebeca foi justo, foi uma atuação cautelosa demais. Mas no solo, ela foi sublime. Uma série sem erros, um solo, que se não é tão arrebatador como o inesquecível 'baile de favela', fez sua parte levantando a torcida e encantando os árbitros (amém). Pressionada, Simone Biles viu seu trunfo de ter uma série de solo com uma nota altíssima de dificuldade ir por água abaixo por conta de suas pisadas fora do solo, e veio algo que seria improvável até bem pouco tempo atrás: Simone Biles sendo derrotada. E pela Rebeca.
E não exaltamos Simone Biles não somente para valorizar o ouro de Rebeca. Simone, que ao lado de Nadia Comaneci, deve as maiores ginastas da história. Vencer uma ginasta que é considerada ser de outro planeta em qualquer aparelho, tem que ser muito celebrado. E Rebeca sempre esteve próximo da lenda, e um momento, lendas mostram que às vezes um momento de mortalidade acontece e aí abre-se a chance para a brasileira brilhar.
(Arrisco dizer até que se Simone Biles impacta mais com a altura, potência e velocidade dos seus saltos, Rebeca encanta mais com seus movimentos mais fluídos e graciosos. Mas meu olhar de torcedor pode estar deturpando essa analise, admito kkkk)
E Rebeca não brilhou só no âmbito da ginástica, ela transpassou para o esporte brasileiro e agora é a maior medalhista olímpica da história do Brasil com dois ouros, três pratas e um bronze. Isaquias Queiroz ainda pode igualá-la, mas ela não pode ser superada mais em Paris. Ela entra no panteão olímpico do Brasil com nomes como Adhemar Ferreira, da Silva, Torben Grael, Robert Scheidt, Serginho e digo que ela já chega para ficar acima deles.
Para mim, uma discussão que termina de vez é da maior mulher brasileira no esporte. Com todo respeito a Maria Esther Bueno, Ana Marcela Cunha, Marta e Rayssa Leal, já citadas por colegas como as maiores, que tem uma história gigante e merecem todos os aplausos. Mas vimos neste 5 de agosto que a disputa se encerrou, porque como disse lá em cima, dentre todas as conquistas mundiais e olímpicas de Rebeca, a maior foi todos os corações foram que ela conquistou em suas participações em Paris e quando o coração é tocado, não tem jeito. Rebeca Andrade é a maior que temos, e seus feitos vão reverberar por muitos anos
Sei que estamos ainda embebidos pela emoção e isso pode fazer alguém em algum lugar ainda ousar questionar algo, mas tenho certeza de que o tempo passará e a história vai consolidar Rebeca como uma das maiores. Ela já pula para nosso olímpico de nossos atletas históricos como Pelé, Eder Jofre, Ayrton Senna, Maria Esther Bueno e Adhemar Ferreira da Silva. E ela ainda pode muito mais, já que ela vai sim continuar sua carreira, só vai diminuir um pouco seu ritmo porque os seus joelhos já estão pedindo arrego - infelizmente. Mas o mundo ainda ficará mais algumas vezes aos pés de Rebeca Andrade, tenho certeza disso.
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