Reprodução |
Isto é um assunto complexo, sem dúvida. Poderia dizer que sim ou que não, mas a verdade é que cada modalidade tem sua peculiaridade no comando das regras do jogo e que isso pode afetar ou não evento. Mas algo que podemos dizer de forma quase unânime é que o nível da arbitragem em todos os esporte ou caiu muito, ou tem ficado tão complexo que gera muita dificuldade para uma pessoa leiga - ou até mesmo que tenha alguma noção da modalidade - entender.
Se é por falta de qualidade e preparo ou se é tendencioso nunca poderemos afirmar com exatidão, mas é claro que em alguns esportes o vídeo, que deveria auxiliar o árbitro a tomar decisões melhores ou não é usado de maneira correta ou virou uma muleta para o árbitro ruim não tomar decisões imediatas ou tomar decisões ainda piores do que o previsto.
Tem esportes em que a tradição chega a ser um empecilho, como no judô onde não se pode contestar as decisões de arbitragem. tivemos decisões duvidosas com Rafaela Silva e (principalmente) com Rafael Macedo - não engulo esse negócio de shido (punição no judô) indeterminado -, mas outros países também tem reclamado, o que parece que a Federação Internacional de judô (IJF) tem cogitado conversas para deixar o judô com menos lutas decididas por shidos - e menos nas mãos dos árbitros - e mais por golpes, para facilitar e atrair mais fãs.
Os esportes em que os juízes dão notas são os que causam mais celeuma, como surfe. Com as finais sendo disputadas em um mar que não era o ideal, fora a nota de Tati Weston-webb, que perdeu o ouro por 0.18. Neste caso talvez o problema não tenha sido a nota de Tati, mas sim o 7.50 que pareceu um pouco inflado. E na ginástica artística, que muita gente achou que na final da trave de equilíbrio as notas das italianas que foram ao pódio e Rebeca Andrade, mais conservadora em sua exibição, ficou em quarto.
Mas como todo esporte em que é decidido por notas, a polêmica vai sempre existir e a suspeita do adicional de bandeira (de país) vai ficar pelo ar - quem não lembra do árbitro australiano tirando foto com Ethan Ewing durante a olimpíada? ainda bem que a foto vazou e ele foi afastado para evitar (mais) suspeitas. Já no caso da árbitra chinesa tirando foto com a medalha da ginasta chinesa logo após dar notas para a prova que a mesma ginasta participou deixou aquela suspeita no ar...
Mas não é só o Brasil que vem reclamando da arbitragem na olimpíada. A Itália reclamou da arbitragem no polo aquático masculino, ficando de costas na hora do hino nacional; Chile e Romênia entraram com reclamações contra arbitragem no taekwondo e na ginástica artística - a Romênia inclusive conseguiu a medalha de volta - e até o Peru no surfe, entrou com um protesto por contra de Gabriel Medina ter supostamente ter pego uma prioridade de Alonso Correa na disputa do bronze
Acho que o maior local de reclamações é no futebol, para surpresa de zero pessoas. Porque se tem um esporte que o critério é seletivo e na modalidade preferida do mundo. No caso do futebol feminino, por mais que a recomendação da FIFA seja inflar os acréscimos, acredito que as reclamações são válidas, já até a final , a nossa seleção teve absurdos 114 minutos de acréscimo em cinco partidas(sem contar a final). Inflar acréscimos é uma recomendação esdrúxula, algo que traz uma emoção falsa ao futebol, ao meu ver e banaliza os acréscimos, afinal, pra que se desesperar aos 45 do segundo tempo se vai ter uns 15 minutos extras pra buscar algo? A FIFA como sempre, conseguiu mais um motivo além dos tradicionais erros de arbitragem para problematizar o futebol e continuar sempre sendo a mais falada no mundo, seja pro bem ou pro mal, ao invés de usar a tecnologia para deixar o esporte menos passível e erros ou 'tendências'
Claro que mesmo com todos os dados expostos acima não dá pra apontar com certeza que estamos sendo 'roubados' nesta olimpíada e nunca teremos certeza a não ser que role uma confissão de algum árbitro - como aconteceu no escândalo da patinação artística na olimpíada de inverno de Salt Lake City em 2002, ou seja, será algo raríssimo de acontecer. As confissões de erros de arbitragem em jogos olímpicos costumam morrer com seus donos. Mas como disse lá no início do texto, a única coisa que eu sei que se em algumas modalidades a arbitragem tem que melhorar e muito mesmo, sabendo usar a tecnologia ao favor da justiça no esporte. E que não tenhamos quaisquer suspeitas de que o lado torcedor de algum juiz não afete o julgamento.
E nós torcedores, que sempre deixamos o nosso julgamento para o lado verde e amarelo quando a gente vê nossos atletas brasileiros chegarem tão perto e por um detalhe ficarem longe do pódio ou do ouro, fiquemos só nisso. Sem incomodar estrangeiros por erros ou algo do tipo nas redes sociais, por favor. E mesmo sem entendermos muito de todos os esportes - afinal, leigo ou não, é quase impossível saber a regra de tudo -, e a gente acaba usando bom e velho jargão de que "estamos sendo roubados". Erros existem, arbitragens ruins também, mas saber se o erro é intencional ou não, nunca saberemos. Só nos resta torcer e reclamar quando nos convém
0 Comentários