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Futebol de cegos testa hegemonia nos Jogos Paralímpicos aos pés da Torre Eiffel e com mudança de regra

Futebol de cegos testa hegemonia nos Jogos Paralímpicos aos pés da Torre Eiffel e com mudança de regra
Foto: Alessandra Cabral/CPB




A seleção brasileira de futebol de cegos, única campeã paralímpica da modalidade em toda a história, realizou na quarta-feira, 21, seus primeiros treinos em Troyes, cidade a cerca de 160km de Paris e na qual parte da delegação faz a aclimatação para os Jogos Paralímpicos de 2024.

Os dez atletas – oito de linha e dois goleiros – treinaram com bola, sob o comando do técnico Fábio Vasconcelos, no mesmo Centro de Treinamento utilizado pelo Espérance Sportive Troyes Aube Champagne (ESTAC), equipe da Segunda Divisão francesa. As atividades na França marcam a reta final da preparação que começou em janeiro, em João Pessoa, Paraíba, local escolhido para a concentração permanente dos atletas para os Jogos de Paris.

O Brasil estreia na competição no dia 1º de setembro, às 13h30 (horário de Brasília), contra a Turquia. Este será o primeiro desafio que a Seleção terá para colocar à prova a sua hegemonia. Desde Atenas 2004, quando a modalidade entrou no programa do megaevento, a equipe nunca perdeu sequer uma partida. Foram 27 jogos, com 21 vitórias e seis empates – o que resultou em cinco medalhas de ouro.

E o jogo diante dos turcos, como todo o torneio, vai ser disputado em um dos cartões-postais mais famosos de todo o mundo: aos pés da Torre Eiffel. “É um cenário perfeito. Maravilhoso para a disputa da nossa modalidade. A Torre Eiffel é um símbolo mundial, uma das maravilhas do mundo. Vai ser muito bom representar o Brasil, jogar o nosso futebol em um lugar como aquele. Espero que a torcida fique muito feliz com o nosso desempenho e que a gente possa conquistar o nosso objetivo”, disse o baiano Jeferson Gonçalves, o Jefinho, dono de quatro títulos paralímpicos com a Seleção e jogador da Associação Maestro Clube. Ele ficou cego aos sete anos, devido a um glaucoma.

Além das partidas em um dos locais mais emblemáticos de todo o planeta, a Seleção também terá outro fator na busca pelo hexacampeonato paralímpico. Desde 2022, a Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, na sigla em inglês) mudou algumas regras da modalidade. Entre elas, estipulou a diminuição de 20 minutos cronometrados para 15 em cada um dos dois tempos. “A gente perdeu 10 minutos dos 40 que havia nos confrontos. Isso é bastante. Isso atrapalha os times técnicos que querem jogar bola, a marca do nosso time. Mas a gente não pode ficar lamentando. É o que temos. Nós vamos tentar superar esta adversidade e, se Deus quiser, levar para casa a medalha de ouro”, avaliou o gaúcho Ricardo Alves, o Ricardinho, também tetracampeão paralímpico, atleta da Agafuc-RS e que teve um descolamento de retina aos oito anos de idade.

Os primeiros treinos da Seleção em Troyes foram acompanhados por Mizael Conrado, ex-jogador da modalidade e atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Bicampeão dos Jogos (Atenas 2004 e Pequim 2008), o dirigente afirmou que o time chegará muito bem a Paris. “Temos alguns dos melhores jogadores e a mais bem preparada comissão técnica do mundo. Foi feito um grande trabalho, com estratégia, de modo que os atletas estivessem nas melhores condições possíveis. Eles abdicaram de estar em suas casas desde janeiro e estavam juntos em João Pessoa, treinando com uma equipe permanente. Saíram da zona de conforto em busca do sexto título. Merecem o nosso reconhecimento”, analisou.

Durante o ciclo, o Brasil conquistou duas das três edições do Grand Prix em que competiu, além de ter sido campeão parapan-americano. Na Copa do Mundo de Birmingham, na Inglaterra, a Seleção acabou em terceiro lugar, após ser eliminada pela China, na semifinal, nos pênaltis, e vencer a Colômbia, por 7 a 1, na disputa pelo bronze.

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