Foto: reprodução/O Globo
A sexta-feira (9) ficou marcada pela maior tragédia aérea em solo brasileiro em 17 anos. A queda do ATR-72 que fazia o voo 2283 da companhia VoePass na rota entre Cascavel e Guarulhos deixou 62 mortos em Vinhedo, no interior de São Paulo. Foi um baque para o país bem no meio das competições olímpicas, assim como a tragédia de 17 anos antes (o acidente do voo 3054 em Congonhas) já havia surpreendido a nação durante o Pan do Rio de Janeiro. Uma triste coincidência que enlutou os milhões de torcedores durante um megaevento que até ali monopolizava as atenções midiáticas.
Em sinal aberto, com canais generalistas que precisam organizar essas prioridades, se trata de uma linha ainda mais tênue para respeitar o momento sem ficar alheio ao que continua ocorrendo. Foi uma fórmula que a Globo demorou a encontrar, por exemplo, para se dividir entre a catástrofe climática no Rio Grande do Sul e a apresentação de Madonna em Copacabana. Dessa vez, o equilíbrio se fez mais presente desde o primeiro instante.
Ao longo de toda a tarde, entre as inserções de César Tralli e Renata Vasconcellos com as informações do acidente, o Volta Olímpica alterou completamente o seu tom diante do impacto das dezenas de mortes. Durante a medalha de Alison dos Santos nos 400 metros com barreiras, o narrador Luis Roberto também equilibrou a dificuldade entre celebrar uma conquista sem esquecer do momento do país além das pistas. Com uma prova mais longa, o desafio foi ainda maior na sequência para Gustavo Villani durante a condução da glória dourada de Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia. Mas igualmente bem sucedido enquanto a competição transcorreu sobre a iluminada Torre Eiffel.
Se o DJ da arena em Paris tocou o clássico que nos pede para imaginar todas as pessoas vivendo em paz, o Jornal Nacional horas depois tocou pelo silêncio em seu encerramento. A cobertura olímpica, significativamente desidratada em relação aos dias anteriores, ficou no meio da edição. As medalhas foram noticiadas em reportagens, enquanto os outros feitos do dia foram reduzidos em notas cobertas. Diante das circunstâncias, uma escolha compreensível em um dia tão complicado, mas que permitiu ao grande público contemplar todas as emoções trazidas pelos acontecimentos. É uma contradição da vida real que foi repetida hoje também nas capas dos principais jornais do país, como ilustram as fotos que acompanham esta coluna.
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