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Brasil encerra Mundial de atletismo paralímpico com mais sete atletas nos Jogos e 40 vagas no total

Brasil encerra Mundial de atletismo paralímpico com mais sete atletas nos Jogos e 40 vagas no total
Foto: Divulgação



A campanha do Brasil no Mundial de atletismo em Kobe, no Japão, foi histórica em número de medalhas de ouro e também rendeu mais vagas para o país nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que começam em agosto. Durante as provas realizadas no estádio Kobe Universiade Memo Stadium, sete atletas asseguraram um lugar nos Jogos Paralímpicos de Paris porque tornarem-se campeões mundiais e conseguiram atingir um dos critérios de classificação elaborados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Além disso, a Seleção Brasileira de atletismo ampliou de 37 para 40 o número de vagas disponíveis para a modalidade na competição na capital francesa com o desempenho no Japão. 

Os brasileiros terminaram a participação no Mundial em Kobe na segunda colocação do quadro geral de medalhas, com 19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes. Foi a melhor campanha do país dourada na história dos Mundiais, com 19 pódios dourados, superando os 16 registrados em Lyon 2013, que até então era o recorde do país. A líder foi a China, com 33 ouros, 30 pratas e 24 bronzes. 

Por conquistarem a medalha de ouro em Kobe, sete atletas se garantiram nos Jogos de Paris 2024 por esse feito, já que um dos critérios de classificação para o megaevento na França é uma medalha de ouro em Mundiais de atletismo do ciclo. Porém, todos deverão aguardar a convocação oficial do CPB, que deve acontecer entre junho e julho, para assegurarem suas presenças em Paris 2024. 

A lançadora Raissa Machado está entre eles. Apesar de estar bem colocada no ranking mundial (2ª posição, atualmente), pois o lugar que o atleta ocupa no ranking também é um dos critérios de classificação, ela não tinha o índice A da sua prova e ainda estava na disputa por uma vaga. Mas, com seu primeiro título mundial no lançamento de dardo F56 (que competem sentados) no quinto dia do Mundial de atletismo no Japão, Raissa entrou para o seleto grupo. 

O lugar mais alto do pódio veio com a marca de 24,22m, o recorde da competição. O resultado foi superior ao da iraquiana Hashemiyeh Moavi, campeã paralímpica na capital japonesa, que fez 22,74m em Kobe. O bronze ficou com a chinesa Lin Sitong (22,68m). 

“Estava sempre batendo na trave. Precisava muito dessa medalha. Eu fiz uma marca boa. Há tempos, buscava superar os 24 metros novamente, porque, infelizmente, passei por um período que não foi tão fácil. Todo atleta passa por isso, por uma estagnação, mas agora espero só evoluir. A medalha de ouro me dá uma tranquilidade. Era um dos critérios para ir aos Jogos de Paris e espero melhorar meu desempenho lá ”, afirmou após a prova. Raissa nasceu com má-formação nos membros inferiores. 

O segundo atleta em Kobe que ainda não tinha índice A para os Jogos e atendeu aos critérios de classificação foi o velocista gaúcho Wallison Fortes, com a medalha de ouro nos 200m T64 (para amputados de membros inferiores com prótese). Já na sua primeira participação em Mundiais, conquistou sua primeira medalha com muita emoção. 

“Estou muito feliz porque isso garante a minha vaga nos Jogos Paralímpicos. Foi uma bela estreia em Mundiais. Não é mérito só meu. É de toda a equipe. Foi um momento muito difícil, ver a nossa casa muito afetada pela chuva, meus pais passando por aquela situação. Mas isso me encorajou”, desabafou Wallison, que é nascido em Eldorado do Sul, um dos locais mais impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.


Ele cruzou a linha de chegada sofrendo uma queda, e o photo finish (imagem digital da chegada) determinou a medalha de prata para o brasileiro por um braço na frente dos adversários. Porém, logo após a prova, o italino Francesco Loragno, medalhista de ouro até então, foi desclassificado por ter invadido a raia adversária. Com isso, Wallison foi considerado o primeiro colocado. 

Outros cinco atletas que não estavam com a vaga garantida em Paris conseguiram a confirmação com o ouro em Kobe. Alguns deles, como a amapaense Wanna Brito, já tinham até batido o índice A de suas provas, mas somente com o título mundial puderam comemorar a classificação. Ela conquistou o primeiro lugar nas provas lançamento de club e arremesso de peso da classe F32 (paralisados cerebrais). 

Além dela, os paulistas André Rocha, no lançamento de disco F52 (que competem sentados), Zileide Cassiano, no salto em distância T20 (deficiência intelectual), Júlio Agripino, nos 1.500m T11 (deficiência visual), e o paraibano Cícero Nobre, no lançamento de dardo F57 (que também competem sentados), conseguiram a vaga paralímpica com o título no Japão. Ao todo, o Brasil já soma 18 campeões mundiais somando as edições de Paris 2023 e Kobe 2024. 

“Procurei fazer na competição o que planejamos dentro dos treinos. Vim para essa prova com o objetivo de romper os 50 metros. Então, foi uma excelente prova e com o mais importante: a medalha de ouro e a vaga para Paris 2024. Vamos em busca agora dos 51 metros, do recorde mundial para continuar com a nossa evolução”, disse Cícero, que tem má-formação congênita bilateral nos pés, após a prova que lhe rendeu o ouro. 

40 vagas da modalidade

O desempenho do Brasil no Mundial em Kobe também fez o país conquistar mais três vagas para a modalidade atletismo nos Jogos de Paris 2024. Isso porque um dos critérios de classificação estipulados pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) é que todo o atleta, que não fosse medalhista de ouro e não tivesse o índice A anteriormente, conseguiria uma vaga para o seu país (e não nominalmente) com as medalhas de ouro ou prata em Kobe. 

Desta forma, três atletas do Brasil, que se enquadravam neste perfil, abriram mais três vagas para o país em Paris 2024. Foram eles: a acreana Débora Lima, com o segundo lugar no salto em distância T20, a capixaba Lorraine Aguiar, com a prata nos 100m e 400m T12 (deficiência intelectual), e o gaúcho Wallison Fortes, ouro nos 200m T64 (amputados de membros inferiores com prótese). Cada competidor só poderia abrir uma vaga, mesmo que subisse ao pódio mais vezes. 

Com isso, a Seleção Brasileira de atletismo passou a ter 40 vagas disponíveis nos Jogos Paralímpicos. Mas esse número pode aumentar com o fechamento dos rankings mundiais de cada classe antes da convocação do CPB.

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