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Surto História: Quando as mulheres foram proibidas de praticar esportes 'incompatíveis com sua natureza'

reprodução/museu do futebol


O Brasil já teve um decreto que por muito tempo manchou a história do país. Em abril de 1941, durante o período da ditadura do Estado Novo (1937-45)  o então Presidente Getúlio Vargas assinou um decreto-lei tirando das mulheres o direito de praticar esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza”. 

Os argumentos usados para esta proibição era que estes esportes poderiam afetar o 'corpo frágil' de uma jogadora de sua 'missão na sociedade': a de ser mãe.  Uma cotovelada no seio, diziam, poderia impedi-las de amamentar. Uma bolada na região do útero, no caso do futebol, poderia retirar-lhes a capacidade de gerar filhos.

Também se dizia que as jogadas desleais e os xingamentos levariam à degeneração moral do “sexo frágil”, que perderia a capacidade ser boa esposa, mãe e dona de casa. Para os inimigos do esporte feminino, era inaceitável que as mulheres trocassem o lar pelo gramado, ou pela quadra ou pelo tatame.

Como algumas modalidades driblavam este decreto, principalmente o futebol feminino, que ainda disputavam partidas na clandestinidade, em 1965, durante a ditadura militar (1964-1985), o CND (Conselho Nacional de Desportos)  resolveu enumerar todos os esportes proibidos. Futebol, futsal, futebol de praia, polo aquático, rúgbi, beisebol, levantamento de pesos e qualquer tipo de luta - boxe, judô,wrestling, etc estavam proibidos de serem disputados por mulheres. A proibição valia para disputas realizadas em estádio, abertas ao público e organizadas profissionalmente por clube ou federação.


Em 1977, o senador Nelson Carneiro, que tinha escrito a lei do divórcio, pediu a criação da CPI da mulher, que  investigou a histórica posição subalterna das mulheres na sociedade e propor soluções. entre elas, estava o pedido pelo fim da proibição destes esportes. Criada, a CPI ironicamente só tinha uma mulher entre os 22 deputados e senadores integrantes: Lygia Lessa Bastos, que se tornou a relatora da CPI

Após o fim da CPI, o governo militar da época recebeu suas reinvidicações, mas só começou a executá-las, em partes, a partir de 1979. No âmbito esportivo, o CND.  com uma norma estabelecendo que as mulheres poderiam praticar qualquer esporte que já estivesse regulamentado pela respectiva entidade internacional.

No caso do futebol feminino, o afrouxamento só não foi completo porque a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ainda estava reticente quanto a aceitar mulheres de chuteiras, o que só ocorreu em 1983.

Essa longa proibição acabou afetando todo o esporte feminino do Brasil. Em olimpíadas, durante o período de proibição, o Brasil levava pouquíssimas mulheres em suas delegações olímpicas e teve como melhor resultado o quarto lugar de Aída dos Santos no salto em altura em Tóquio-1964. E apenas 32 anos depois do feito de Aída e 17 anos após o fim da proibição de diversos esportes a serem praticados por mulheres - veio a primeira medalha olímpica, o ouro e a prata de Jaqueline/Sandra e Mônica/Adriana no vôlei de praia em Atlanta.

Após longa defasagem técnica, o esporte feminino vem crescendo como um todo e nos jogos de Paris-2024, que terá o número número de homens e mulheres competindo, o Brasil tem sua principal força a mulher brasileira, com nomes como Ana Marcela Cunha, Rafaela Silva, Rebeca Andrade, Rayssa Leal,Bia Haddad Maia entre outras, que pode conquistar mais medalhas do que os homens pela primeira vez na história.


Com informações de Agência Senado

 

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