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Especial Gangwon 2024 - A melhor participação brasileira em números

Zion Bethonico conquistou primeira medalha do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude
Zion Bethonico conquistou primeira medalha do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude / COI/Gaspar Nóbrega


Faltando dois anos para as Olímpiadas de Inverno Milão-Cortina d'Ampezzo 2026, o Brasil parece ter um futuro muito promissor nos esportes de inverno. Isso é embasado com o desempenho espetacular que os jovens tiveram nas Olímpiadas de Inverno da Juventude Gangwon 2024. Muitas marcas pessoais e nacionais foram batidas e, se de fato o nível não pode ser comparado com a categoria adulta, é possível mensurar que esses jovens continuarão dando o seu melhor e elevando o nível dos esportes de inverno no nosso país e mundialmente. É provável que esses jovens atingirão seu melhor desempenho nas Olimpíadas de Inverno de 2030 ou 2034, ainda sem sedes definidas, mas com certeza já em 2026 eles poderão dar muita felicidade para o povo brasileiro.

A seguir uma pequena análise da participação e das marcas conseguidas por cada modalidade. Para ser justo serão comparadas apenas as marcas obtidas em outros Jogos Olímpicos da Juventude. Antes porém, vale mencionar que a delegação brasileira foi a maior de todos os tempos tanto em número de atletas quanto em esportes classificados, com 18 atletas em 8 esportes diferentes, superando a marca anterior de Lausanne 2020 na qual o Brasil levou 12 atletas em 6 esportes. A delegação do Brasil foi a maior da América Latina e foi superior até mesmo a mais da metade dos países participantes, alguns desses europeus.

Outro dado interessante a se considerar é o número de provas cada vez mais crescente que o Brasil tem disputado. Estando mais presente a chance de ter melhores resultados aumenta. A experiência dos atletas também aumenta. Desconsiderando eventos mistos entre países, em 2012 a nação disputou quatro provas, em 2016 foram doze, em 2020 subiu para dezenove e em 2024 chegou a vinte e cinco.

ESQUI ALPINO

Os irmãos Artur e Alice Padilha competiram pela modalidade nas provas de slalom e slalom gigante. O Brasil não tinha representação na modalidade no masculino desde 2016 e no feminino desde 2012. Alice não conseguiu completar as suas descidas, algo comum no esqui alpino, já Artur foi o 40º no slalom gigante. O resultado de Artur no slalom gigante é o segundo melhor da história do país, sendo superado apenas pelo 32º lugar de Tobias Macedo em 2012. No feminino o melhor resultado verde e amarelo é o 42º lugar de Elis Nobre, também em 2012. Na modalidade o melhor resultado é o 15º lugar no Super-G de Michel Macedo em 2016.

BIATLO

Mariana Lopes da Silva disputou o sprint e os 10km femininos. No sprint ela foi a 89ª e nos 10km a 93ª. Seu resultado no sprint é o melhor do país, superando o 94º lugar de Taynara da Silva em Lausanne 2020. Já nos 10km é o segundo melhor, atrás apenas do 92º lugar de Taynara em 2020. O Brasil ainda não debutou no biatlo masculino.

BOBSLED

André Luiz da Silva e Luís Felipe Seixas competiram no individual masculino, chamado de monobob. André foi o 17º, já Luís Felipe foi o 10º. O resultado de Luís Felipe é o segundo melhor do país, atrás apenas do oitavo lugar obtido por Marley Linhares em 2016. No feminino a única participação foi com Jéssica Victória em 2016, quando ela obteve a nona posição.

ESQUI CROSS-COUNTRY

Gabriel Santos e Ian Francisco da Silva competiram pelos 7,5km clássico masculino e pelo sprint, cada um. Nos 7,5km Gabriel ficou em 73º e Ian exatamente uma posição depois. Essa foi a primeira vez em Jogos da Juventude que a distância percorrida foi de 7,5km no estilo clássico. O melhor resultado do país segue sendo o 47º lugar que Altair Firmino conquistou em 2016 quando a prova teve 10km no estilo livre. Já no sprint Gabriel foi o 70º e Ian o 75º. O melhor resultado brasileiro permanece com Manex Silva que foi o 39º em 2020.

Pelo feminino Júlia Reis e Mariana Lopes da Silva (que também disputou o biatlo) competiram pelas mesmas provas acima. Nos 7,5km clássico Júlia Reis foi a 64ª e Mariana a 71ª. Antes o único resultado do país havia sido o 74º lugar de Taynara da Silva em 2020 quando a prova teve 5km no estilo clássico. Pelo sprint Júlia foi a 69ª e Mariana a 72ª, dessa forma Júlia agora detém o melhor resultado brasileiro superando o 72º lugar de Eduarda Ribera em 2020.

De forma inédita o Brasil também disputou em 2024 uma prova de revezamento misto 4 x 5km. Nossos atletas foram 24º sendo os únicos latinos americanos classificados a competir.

CURLING

O Brasil segue crescendo no curling
O Brasil segue crescendo no curling / Foto: COI / Wander Roberto

O Brasil, representado por Pedro Ribeiro, Julia Gentile, Guilherme Melo e Rafaela Ladeira, conquistou em Gangwon a primeira vitória olímpica na modalidade ao vencer a Alemanha por 6 a 4. Nesse mesmo jogo outras marcas foram batidas: nunca o Brasil havia jogado os 8 ends (espécie de sets no curling), nunca havia marcado mais que três pontos numa partida e jamais havia vencido mais que dois ends (foram quatro na vitória sobre os alemães). Porém, como a técnica Isis Oliveira destacou, o Brasil venceu porque jogou bem e elevou seu nível de jogo. 

Apenas a título de comparação, na primeira participação do Brasil em 2016, foram sete jogos nos quais o país fez 5 pontos e sofreu 108, terminando em último. Em 2020 foram cinco jogos nos quais fizemos 9 pontos e sofremos 64, novamente ficando em último. Em 2024 foram sete jogos, 17 pontos marcados e 81 sofridos, terminando a frente da Alemanha (o primeiro critério de desempate após o número de vitórias é o confronto direto) e da Nigéria.

Houve também a competição por duplas mistas onde o Brasil foi representado por Julia Gentile e Guilherme Melo. Apesar de não ter vencido nenhuma partida, a campanha de cinco jogos deu ao Brasil 17 pontos feitos e 49 sofridos, onde o Brasil pontuou em todos os jogos. Na classificação geral foi superior ao Catar e a Nigéria. Nas competições de 2016 e 2020 nas duplas a equipe não era formada exclusivamente por atletas brasileiros, por isso não será feita uma comparação.

PATINAÇÃO DE VELOCIDADE EM PISTA CURTA

Lucas Koo conseguiu dois top-10 em Gangwon
Lucas Koo conseguiu dois top-10 em Gangwon / Foto: COI / Wander Roberto

O Brasil estreou na modalidade em Gangwon 2024. Lucas Koo competiu nos 500m, 1000m e 1500m conseguindo dois top-10 para o país. Nos 1500m ele foi penalizado na semifinal e acabou sem colocação. Ainda assim, de acordo com o chefe da equipe de gelo em Gangwon, Gabriel Karnas, Lucas "competiu muito bem, com chance de chegar numa final A ou B. Pelo desempenho, daria para ele ficar até no top-10".

Karnas tinha razão. Na prova seguinte, de 1000m, Lucas Koo foi o nono lugar. E poderia ser ainda melhor, pois nas eliminatórias Lucas fez o segundo melhor tempo no geral, superando o tempo até mesmo de outros competidores que mais tarde medalharam na prova. 

Por fim, na prova de 500m Lucas foi ultrapassado nos metros finais e por causa de 44 milésimos acabou por ficar de fora da decisão. Na final B ele liderava, mas caiu e terminou em 10º.

SKELETON

Cauê Miota e Eduardo Strapasson foram os representantes masculinos. Cauê foi o 19º e Eduardo o 10º. O resultado de Eduardo é agora o melhor do país, superando Roberto Barbosa Neves que em 2016 havia sido o 19º. Entre as mulheres o melhor resultado é o 19º lugar de Larissa Cândido em 2020.

SNOWBOARD

Pela primeira vez o Brasil disputou o halfpipe
Pela primeira vez o Brasil disputou o halfpipe / Foto: COI / Wander Roberto

Zion Bethonico competiu pelo snowboard cross enquanto que João Teixeira pelo halfpipe masculino. No cross, Zion conquistou a medalha de bronze, a primeira do país em Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude. Anteriormente o melhor desempenho brasileiro na modalidade era do irmão de Zion, Noah, que foi o 11º em 2020. Curiosamente a vaga de Zion para Gangwon foi herdada de seu irmão que ultrapassou a idade máxima da competição.

No halfpipe o Brasil debutou. João Teixeira foi o 15º.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de estarmos comparando resultados, o esporte vai muito além disso. Mas os resultados podem nos dar um parâmetro do quanto o país cresceu e evoluiu em esportes de inverno sendo respeitado a nível internacional. Tal evolução só é possível com uma boa administração e captação de talentos. E isso o Brasil tem feito. Provavelmente é precoce projetar medalhas em Milão-Cortina d'Ampezzo 2026, mas o Brasil constantemente tem provado que pode surpreender a todos. E se não for em 2026, talvez em 2030 ou 2034. A certeza que temos é que a base vem forte!

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