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Judeus sendo aglomerados no velódromo (Foto:Life) |
Os Jogos Olímpicos chegam em 2024 a Paris pela terceira vez e a capital francesa é um local onde a história transborda por todos os lados. Podem ser histórias bonitas, dramáticas ou assustadoras. Esta não é bonita, muito pelo contrário, mostra até onde a crueldade humana pode ir.
Neste Surto História, iremos falar sobre o Vel D'Hiv, o Velódromo de Paris, que foi usado pelos nazistas para aprisionar judeus durante a ocupação alemã sobre parte da França. Esta matéria está sendo publicada no Dia Internacional em Lembrança as Vitimas do Holocausto, datado em 27 de janeiro, dia da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelas tropas soviéticas.
O Holocausto foi um genocídio que matou cerca de 6 milhões de judeus entre 1933 e 1945, durante o regime nazista na Alemanha e na ocupação de territórios europeus.
Era julho de 1942 e Paris pertencia a França de Vichy, um Estado fantoche francês controlado pelos nazistas e assim como em outros territórios ocupados/invadidos, botavam em prática a superioridade ariana e a "Solução final'', que tinha como objetivo exterminar a vida judaica na Europa.
O Velódromo de Inverno ficava na le qunziéme e era um orgulho francês. Construído em 1909 instalação servia não só para competições de ciclismo, mas também patinação, boxe, esgrima, wrestling, levantamento de peso, além de shows de música e apresentações circenses. Em Paris-1924, o local foi utilizado para esgrima, boxe, ciclismo de pista, levantamento de peso e wrestling. No ano de 1936, foi palco do Mundial de patinação artística.
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Patinadores usando o Vel D'Hiv em 1911 (Foto: Rol Agency) |
Em 1939, ele foi usado como prisão para refugiados alemães e em 1940 como centro de internação de mulheres estrangeiras e isso serviu para o que ocorreu em 1942.
Relação com o Holocausto
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Judeus se acomodam no velódromo após serem presos (Foto: Arquivo) |
Desde o início de 1942, já haviam sido feitas algumas rafies (Rusgas), prisões em massa de judeus para que depois eles fossem deportados para os campos de concentração e extermínio. Para garantir que a polícia francesa participasse, os nazistas decidiram que apenas judeus sem nacionalidade francesa ou apátridas (sem pátria) fossem presos nos arrastões.
No dia 7 de junho, todos os judeus residentes na França ocupada foram obrigados a usar a estrela amarela escrito ''Judeu" em suas roupas para que fosse facilitada sua identificação. Em reuniões entre a polícia e os nazistas, foi estimado que cerca de 28 mil judeus deveriam ser presos na operação. A pedido dos alemães, foram poupados americanos e britânicos e que a cada hora fosse atualizado o número de presos.
Foi então que em 16 de julho, a polícia invadiu casas e prendeu 13.512 pessoas, sendo 2.573 homens, 5.165 mulheres e 3.625 crianças. 6 mil deles foram enviados para um campo de trânsito no norte de Paris e aproximadamente 7 mil, sendo 4 mil crianças foram presas no velódromo.
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Judeus levantam as mãos rendidos por policiais franceses (Foto:Arquivo) |
Lá dentro não havia espaço para eles, os prisioneiros ficavam um em cima do outro, não tinha água e nem alimentos, o pouco que se tinha era doado pela Cruz Vermelha e pelos Quakers. A sede e a fome fazia as pessoas desmaiarem de fraqueza. Os banheiros com janela foram interditados para evitar fuga e os que tinham entupiram rápido, assim em pouco tempo as pessoas faziam as necessidades no chão.
"Já havia 5.000 pessoas lá. Era horrível. Tinha um tumulto terrível. As crianças corriam, mas os pais ficavam olhando em silêncio. O cheiro era abominável. Os poucos banheiros entupiram rapidamente. Eu vi adultos fazendo as necessidades em todos os lugares.”, contou a sobrevivente Sarah Lichtsztejn-Montard.
Sabendo do destino que os aguardava, alguns se suicidaram e outros, que tentaram fugir, foram assassinados a tiros pelos guardas. Estes mesmos mentiam para os prisioneiros falando que eles iriam trabalhar na Alemanha.
Depois de cinco dias, os prisioneiros começaram a ser transferidos para campos de concentração localizados no sul de Paris e de lá eram deportados de trem para Auschwitz, onde o destino era o assassinato seja por tiro ou na câmara de gás. Poucos foram os sobreviventes.
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Judeus após desembarcarem dos trens (Foto:Arquivo) |
Ao fim da 2ª Guerra, o resultado da ocupação foi de cerca de 77 mil judeus deportados da França e mortos nos campos.
Em 11 de abril de 1943, o Velódromo foi palco de uma reunião da Frente Revolucionária Nacional, formada por colaboracionistas e apoiadores da ocupação nazista. No mesmo lugar onde foram aprisionados milhares de judeus, centenas de apoiadores faziam a saudação a Hitler.
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Memorial em homenagem as vitimas do Rafie de Vel D'Hiv (Foto:Djampa) |
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