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Reprodução/Youtube |
Após a Copa América de 1995, quando o Brasil acabou perdendo na decisão para o Uruguai, as baterias do técnico Zagallo foram para a busca do único título que faltava à seleção - o ouro olímpico. Para os jogos de Atlanta, a preparação foi intensa para primeiro, buscar a vaga olímpica na Argentina em fevereiro e março de 96, para depois ir em busca dos sonhado ouro.
E a base sub-23 daquele time era ótima, com nomes que figurariam (ou já figuravam) na seleção principal como Dida, Roberto Carlos, Flávio Conceição, Amaral, Juninho Paulista e Sávio. E para reforçar essa equipe, vieram os tetracampeões Aldair e Bebeto, além do meia Rivaldo como nomes acima de 23 anos. E como reforço sub-23, nada mais nada menos do que Ronaldo, que jogava no PSV Eindhoven e estava prestes a receber o apelido de 'fenômeno'.
Na estreia, um sinal amarelo. Contra o Japão, Uma falha de comunicação entre Dida e Aldair que trombaram e a bola sobrou para Ito, que fez o gol da vitória japonesa. No segundo jogo, pressionados por um bom resultado, uma boa vitória contra Hungria - 3 a 1. E encerrou a primeira fase com 1 a 0 contra a Nigéria.
Nas quartas de final, uma boa vitória contra a seleção de Gana por 4 a 2 - que veio após uma virada dos ganeses, que acordou Ronaldo - fez os caminhos de Brasil e Nigéria se reencontrarem na semifinal. E após a vitória na primeira fase, parecia um jogo tranquilo. O Brasil estava vencendo por 3 a 1, com Dida defendendo um pênalti, mas um apagão inexplicável daquele time viu Ikpeba aos 33 minutos do segundo tempo e Kanu, aos 45 minutos levarem o jogo para a prorrogação.
E naquela olimpíada, A Fifa - que um dia esteve bem com COI e o torneio olímpico era data-Fifa - testava um novo formato de tempo extra, a morte súbita, ou gol de ouro, em que marcasse o gol primeiro venceria o confronto, sem a necessidade da disputa de todos os trinta minutos da prorrogação.
E logo aos 4 minutos, Kanu recebeu a bola na entrada da área, como bem frisou Galvão Bueno em sua narração, ele era perigoso e fez o gol de ouro. Nigéria 4 a 3 e para o Brasil, ficou a disputa do terceiro lugar. Contra Portugal, uma goleada de 5 a 0 e a medalha de bronze garantida, mas que não tirou a frustração do sonho do ouro olímpico perdido.
Sempre que perguntado sobre qual foi sua maior frustração na carreira, Zagallo citava a perda deste ouro: "Dentro do futebol, certamente faltou ganhar uma Olimpíada. Ganhávamos de 3 a 0, acabamos perdendo por 4 a 3. Já tínhamos o jogo ganho, não sei o que aconteceu. Incrível, impossível, mas aconteceu. Se a Nigéria estivesse ganhando de 3 a 0, e o Brasil virasse, estaria tudo dentro de uma normalidade. Agora acontecer o contrário, perder logo no início da prorrogação, não tem explicação", " disse o velho lobo ao UOL, em 2008, cometendo um equívoco, já que o Brasil não chegou a abrir 3 a 0 no jogo.
"Em 98, perdemos pelas circunstâncias, saí com a certeza que fiz o que podia fazer. Mas a derrota na Olimpíada ficou atravessada na garganta".
Em 2016, quando fez parte do revezamento da tocha da Rio 2016, Zagallo torceu para que o ouro olímpico viesse e tirasse um pouco da frustração daquela derrota em Atlanta: "Se ganhar o ouro agora, para mim seria como se eu estivesse ganhando junto. Ajudaria a tirar um pouco a lembrança daquela derrota, que ainda está engasgada. Tive a felicidade de ganhar um bronze, mas não era o que eu queria.". O Brasil venceu o ouro inédito naquela olimpíada, 20 anos depois de Atlanta, e que deve ter aplacado um pouco coração do Velho Lobo.
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