Últimas Notícias

Alê Nascimento conta da felicidade dupla por ser campeã mundial como melhor jogadora do mundo: "era como se fosse um sonho bom"

AFP

Alexandra Nascimento foi um dos grande nomes do Brasil na conquista do título mundial de handebol em 2013. Eleita melhor do mundo em 2012, Alê fez jus ao seu título ao ser a vice artilheira da competição, com 54 gols em 9 jogos. Em entrevista exclusiva para o Surto olímpico, a mamãe Alê Nascimento relembrou a trajetória do título em meio aos intervalos dos cuidados que a sua filha de 1 ano e seis meses "Ela tá quase andando e  trabalho fica mais difícil a cada mês (risos)"

VOTE NOS MELHORES DO ANO DO PRÊMIO SURTO OLÍMPICO

Alexandra revelou  que antes do mundial, ela via a pressão da mídia por ir ao mundial como a melhor jogadora do mundo:

"Ter ganho o prêmio de melhor do mundo em 2012 me trouxe muitas alegrias, parecia que eu estava em um sonho bom. Mas é claro que trouxe muitas responsabilidades e estar indo para o mundial com esse status, quando vinham fazer entrevista comigo, os repórteres me perguntavam se o Brasil era favorito por ter a melhor do mundo. Então eu respirava, dava um risinho de canto de boca e falava, 'olha primeiro que eu sou ponta, eu preciso que a bola chegue em mim, não é que nem as laterais que ficam mais com a bola, já as pontas e a pivô não ficam tanto com a bola, então a gente depende de que a bola chegue'. E como eu que era a batedora de sete metros e isso também me ajudava (a marcar mais gols). Mas foi uma pressão sim, e graças a Deus consegui lidar com essa pressão de forma super positiva"

Alê também revela que uma derrota marcou mais aquele grupo e ela acabou fortalecendo o grupo para essa conquista: As quartas de final contra a Noruega na olimpíada de Londres: "A gente já tinha sofrido tanto...E veio a derrota Em Londres. A gente tinha feito um grande primeiro tempo contra a Noruega e depois do segundo tempo a gente se apagou e não conseguimos levar esta vitória. Noruega Sendo Noruega, com frieza e experiência, virou o jogo e a gente saiu da olimpíada. E a gente ficou chorando um tempinho, mas somou para a nossa experiência e que por mais que tenha sido doído, a gente viu que tava no caminho certo. A gente se uniu, porque a gente já tinha sofrido tanto...e a gente queria a mesma coisa nesse mundial."

SURTE + : DEZ ANOS DO MAIOR FEITO DO HANDEBOL BRASILEIRO

O jogo contra Hungria nas quartas de final é quase unanimidade entre as jogadoras que foi o jogo da vida delas, tirando a final. E com Alê não foi diferente. Ela destacou a atuação de toda a equipe e principalmente o mental, com uma vontade de vencer gigante: Com certeza o jogo mais difícil foi contra a Hungria, por conta do todo cansaço físico e psicológico. Mas o mais importante era que a gente tava predestinada a conquistar alguma coisa, que era ganhar o mundial. Então quando a gente tava nos minutos normais, indo para a primeira prorrogação, a gente tava muito serena, porque foi automático ‘empatou. E aí o que vai ser? Prorrogação, respira fundo, vamo para a prorrogação e a gente vai ganhar’. Essas eram as únicas palavras que saíam da nossa boca, agente olhava para o lado e nenhuma tava buscando aprovação, a gente tava bem tranquila e falava  ‘calma que a gente vai ganhar esse jogo, nesse jogo quem vai ganhar vai ser a gente’." Disse Alê, que revelou um detalhe interessante no intervalo entre a primeira e a segunda prorrogação:

"Isso tá bem claro na minha cabeça até hoje, a gente olhava para outro lado e as jogadoras pareciam jogador de futebol, exaustas, deitadas no chão, aí vem preparador físico ou companheira balançar as pernas pra oxigenar as pernas enquanto a gente tava sentada, tranquila, limpando o suor com uma toalha e falando que a gente vai ganhar. A gente queria que começasse a próxima prorrogação e vencer logo a partida."

A decisão contra Sérvia trouxe certo alívio, por ser uma seleção que o Brasil já conhecia por ter enfrentado na fase de grupos e porque as sérvias eliminaram as temidas noreguesas, Mas Alê sabia que o fator torcida seria um grande impulso e o trabalho psicológico foi fundamental, além da preleção que Morten Soubak fez, que o vídeo foi divulgado e foi bem comentado na época:

SURTE +: "SE TIVER COM MEDO, VAI COM MEDO MESMO": CAPITÃ DO TÍTULO RELEMBRA TRAJETÓRIA

"o Morten fez uma brincadeira, vamos colocar assim, mas com um objetivo muito claro: ele entregou para gente uma medalha de mentira de segundo lugar, dizendo ‘Acredito que vocês estejam relaxadas, porque ficando em segundo a gente já conseguiu uma medalha, tá todo mundo cansado...’, falou várias coisas e coisas que eram verdade. Se parar para pensar a gente tinha muitas desculpas para estar falando caso a gente perdesse a final. O Problema de quando se chega em uma decisão, a medalha já tá garantida, você já ganhou. E ele foi passando entregando a medalha para cada uma e todo mundo pensando, ‘ele tá doido?’, eu era uma das que eu pensei que ‘como assim chegar aqui para ficar em segundo lugar? Não, eu não quero ficar em segundo’. Depois, ele mostrou uma medalha de primeiro lugar e falou ‘vocês querem a medalha de primeiro? Vem aqui buscar!’ quando ele falou isso, A Duda (Amorim) foi a primeira que pulou em cima dele para pegar e depois todo mundo foi pulando em cima dele"

Alê lembra que por causa da raiva por ter levado dois minutos nos minutos finais do jogo, acabou não entrando naquela catarse que foi quando o jogo encerrou. Preferiu contemplar aquela comemoração em meio a incredulidade da conquista: 


EFE

“Se você olhar o finalzinho do jogo contra a Sérvia, eu levei dois minutos e eu fiquei muito brava, porque eu não achei que era falta para dois minutos. E eu sentei no banco de reservas muito brava. Quando acabou o jogo e todo mundo começou a gritar e pular, eu comecei a olhar todo mundo e para mim só me deu vontade de ficar olhando a reação de cada uma. E aí a Hannah veio correndo me abraçar e eu acabei saindo desse ‘transe’, levantei e saí correndo para abraçar todo mundo. Foi incrível. Eu pensava  ‘nossa é verdade, a gente conseguiu? Conseguimos ganhar um mundial sem perder de ninguém? Isso é inacreditável, é um sonho'. " Explicou  Alê

Alê também comentou que antes de ir para a comemoração do título em uma churrascaria na Sérvia, tinha uma ligação muito importante a fazer: "A primeira pessoa para quem eu liguei foi meu marido. Ele não pode ir para o mundial, tava viajando para o Chile para o casamento do irmão e eu brinquei que iria levar a medalha dentro da mochila para a igreja (risos). E quando liguei para ele, a primeira coisa que eu falei ‘não falei  que eu ia trazer a medalha?’ até me emociono quando lembro disso..."


Sobre o que a equipe tinha de tão especial, Alê citou que o entrosamento das jogadoras que atuavam no mesmo time, o Hypo no, da Áustria, foi um diferencial naquele mundial, além da ótima gestão de pressão e da versatilidade ofensiva da equipe:  "Tem muitos porquês de termos ganho esse título, mas o que ficou mais focado na minha cabeça era que nós fazíamos gol na ponta esquerda, lateral esquerda, central, lateral direita, ponta direita... até a Babi fazia gol (risos), então defender a nossa seleção é uma coisa muito difícil."

E apesar da data marcante, Alê mostra uma ponta de tristeza por conta d título não ter sido tão bem aproveitado para melhorar o esporte: "Depois ter percorrido esse caminho tão árduo, a gente achou que depois disso a gente ia continuar colhendo os frutos desse momento histórico, mas não foi o que aconteceu. A gente fica triste, agora estamos completando dez anos que levamos esse mundial para o Brasil, mas é triste ver que as coisas não evoluíram da maneira que a gente sonhava"

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar