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Ana Paula relembra conquista histórica, mas lamenta cenário da modalidade pós mundial : Acho que fracassamos muito e até regredimos"

Cinara Piccolo/ CBHb


Ana Paula é uma das remanescentes daquele grupo campeão mundial que permanece na seleção brasileira, tendo inclusive disputado o último mundial de 2023, onde infelizmente se lesionou durante a segunda fase. A central de 36 anos, que é a maior artilheira da história da seleção,  e por mais de uma década um dos alicerces do Brasil em quadra e naquele mundial de 2013 não foi diferente. Em entrevista exclusiva ao Surto olímpico, Ana Paula relembrou como era o clima às vésperas daquela competição:

"Estávamos muito centradas do que era a nossa missão ali. Sim, nós estávamos engasgadas das últimas eliminações em 2011 e 2012, onde sabíamos que poderíamos ter sido melhores. Mas estávamos cientes que aquela era a nossa vez de ser campeã." explicou

Ao ser perguntada sobre qual era o segredo para aquele time ter feito uma campanha tão impressionante no mundial , Ana Paula foi mais uma atleta que destacou a importância do trabalho psicológico feito pela comissão técnica: 

"Nosso diferencial era muita raça mesmo, a gente se entregava em tudo no que diz respeito ao nosso objetivo principal, isso Sem falar da qualidade técnica. Outro fator preponderante pra que chegássemos onde chegamos, foi o psicológico, que antes não chegávamos tão bem nesse aspecto quanto naquele mundial."


No jogo mais marcante, outra unanimidade entre as jogadoras: As quartas de final contra a Hungria: "Aquele jogo sem dúvida foi o divisor de águas pra toda a equipe e creio que individualmente pra cada jogadora naquele dia. Estávamos super acostumadas com pressão, mas aquela partida sem dúvida foi onde sabíamos que ninguém nos pararia."


A decisão contra a Sérvia foi encarada com naturalidade por Ana Paula, que contou que o segredo para encarar toda aquele torcida contra era manter o foco total na equipe e no propósito, que era conquistar o título mundial. E ela teve a honra de fazer o vigésimo segundo gol, que selou o título mundial inédito para o Brasil. Ela contou que ali, o que pesou mais na hora foi o coração do que a técnica:

"Foi coração mesmo, por mais centrada e certa do que eu iria fazer. Tinha o fator confiança também, ali eu estava em uma das minhas melhores fases físicas e técnicas na carreira. Fui muito feliz na escolha daquele momento. e que, modéstia à parte, foi um dos gols mais lindos de toda a minha carreira." confidenciou Ana Paula

Passa toda a emoção e vibração pela conquista, muito que se falou foi sobre o legado que esse título poderia fazer para o handebol brasileiro, algo que acabou sendo muito pequeno, diante de todas as necessidades que a modalidade precisava e ainda precisa. Ana Paula dissertou um pouco sobre esse pouco aproveitamento do 'hype' daquela conquista:

"Individualmente falando, foi bom pra todos os envolvidos indiretamente com aquele episódio. Mas, se tratando da modalidade e do que esse título seria capaz de fazer com os campeonatos dentro do Brasil, acho que fracassamos muito e até regredimos. É muito difícil falar e achar um só culpado. Num país gigante como o Brasil é muito complicado se organizar uma liga que seja abrangente e forte ao mesmo tempo. Na verdade, acho que faltou a iniciativa privada olhar pra modalidade, sem falar que naquele período a própria confederação passou por uma crise política interna grave, o que agravou mais ainda a nossa situação. Então são muitos os fatores em que todo mundo tem culpa e ao mesmo tempo a culpa não é de ninguém."

Ana Paula conclui que apesar de toda a alegria da conquista e de ter o nome marcado na história, existe um pouco de frustração por conta da falta de melhora da modalidade: "Creio que todas tenham a noção do feito histórico, e dentro disso que às vezes frustra um pouco essa alegria do título, pelo fato de que nada melhorou na modalidade no país. Você ver um país como a Noruega, que hoje são as maiorais do handebol mundial, já com tantos títulos mundiais, europeus e olímpicos e ainda se cobram tanto para vencer mais, que ainda buscam e tem investimento dentro do país, valorizam cada conquista... Porque a gente não deu esse valor aqui?" concluiu


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