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COI e Federações Internacionais são cautelosas em relação aos Jogos Mundiais da Amizade

Slogan dos Jogos Mundiais da Amizade 2024. - Créditos: insidethegames.biz


O Comitê Olímpico Internacional (COI) foi informado oficialmente da realização dos Jogos Mundiais da Amizade, que estão programados para acontecer em Moscou e Yekaterinburg, na Rússia, de 15 a 29 de setembro de 2024, apresentando competições em 27 esportes, incluindo basquete, boxe, atletismo, natação, ginástica, futebol de areia e até rock acrobático.

 

O custo estimado dos Jogos Mundiais da Amizade é superior a 8 bilhões de rublos (90 milhões de libras). Cerca de 10 mil atletas de 137 países poderão participar, recebendo um prêmio total de 4,6 bilhões de rublos (50 milhões de libras). De acordo com o decreto assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, os Jogos da Amizade, poderão incluir um desfile na Praça Vermelha e serão realizados a cada quatro anos.

 

O objetivo dos jogos é garantir a “livre participação dos atletas russos” nas competições e o desenvolvimento de “novos formatos de cooperação desportiva internacional”, afirma o decreto. O governo russo já encomendou a criação de uma comissão organizadora, que terá um prazo de dois meses no próximo ano para apresentar o plano de competições.

 

A previsão é de que sejam disputadas cerca de 20 modalidades olímpicas e 10 não olímpicas, enquanto os demais esportes que darão medalhas ainda estão em discussão. No entanto, até agora, a posição oficial é: “Os Jogos da Amizade não são uma alternativa aos Jogos Olímpicos”. 

 

O chefe do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, reagiu negativamente à ideia de que sejam organizados os Jogos Mundiais da Amizade de 2024, visto proximidade das datas com os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ele disse ainda que “o governo russo iria realizar competições politizadas”.

 

“O governo russo nos acusa de não mantermos a neutralidade política. Ao mesmo tempo, este mesmo governo está a tentar organizar um evento esportivo completamente politizado”, disse Bach.

 

Na primeira e única vez, que os Jogos Mundiais da Amizade foi realizado, em 1984, abrangeu os países do campo socialista: URSS, Bulgária, Hungria, Alemanha Oriental, Cuba, Coreia do Norte, Mongólia, Polónia e Checoslováquia. Cada um desses estados boicotou as Olimpíadas de Los Angeles 1984, que terminaram duas semanas antes do início dos Jogos da Amizade.

 

Atletas de mais de 50 países participaram das competições do Druzhba-84. A vitória foi conquistada pela seleção da URSS, com 126 medalhas de ouro, seguida pela República Democrática Alemã com 50. Muitos meios de comunicação da época compararam os resultados com os Jogos Olímpicos. Como exemplo, os atletas do bloco oriental superaram os vencedores olímpicos em 20 das 41 provas de atletismo.

 

O chefe do comitê organizador dos Jogos da Amizade, Alexei Sorokin, não acredita que essas competições possam substituir as Olimpíadas. Segundo ele, o esporte mundial vive novas realidades que exigem novos formatos.

 

“Sentimos um pedido de competições, onde não haja lugar para discriminações e slogans. Esta não é uma alternativa às competições internacionais, é uma adição poderosa com um prémio significativo. Não planejamos construir novas infra-estruturas; nos basearemos em excelentes instalações que já existem no país”, disse Sorokin.

 

No entanto, o Diretor de Relações dos Comitês Olímpicos Nacionais (NOC), James Macleod, afirmou que a Associação Internacional de Amizade (IFA), que sediará os Jogos Mundiais da Amizade de verão e inverno, nos mesmos anos dos Jogos Olímpicos de Verão e Inverno, “é uma política organização financiada pelo governo russo”.

 

“Considerando a crescente politização do esporte mundial, pedimos que todos os CONs tenham cautela em relação a esta iniciativa. Na verdade, qualquer envolvimento do CON nos Jogos Mundiais da Amizade não só iria contra a recomendação do Conselho Executivo do COI, no que diz respeito aos eventos esportivos internacionais realizados na Rússia, mas também contra o objetivo coletivo do Movimento Olímpico de manter a independência e autonomia do desporto”. disse MacLeod.

 

Marat Filippov, secretário do Conselho Presidencial da Federação para o Desenvolvimento da Cultura Física e do Esporte, da Associação Internacional da Amizade defendeu que os Jogos da Amizade devem se tornar um evento emblemático do cenário esportivo internacional. Reforçou que não vê o evento como uma alternativa, mas com uma nova competição comercialmente atraente para a elite do esporte mundial. 

 

O Comité Olímpico Russo continua suspenso pelo COI, mas indivíduos ainda podem ser convidados por alguns desportos para competir como atletas neutros em eventos internacionais se não apoiarem publicamente a guerra na Ucrânia e não tiverem ligações com os militares ou a segurança do Estado.

 

O Ministro dos Desportos, Oleg Matitsin, condenou a exclusão do Comité Olímpico Russo, mas opôs-se ao corte das relações com o resto do mundo. “A principal missão agora, na minha opinião, não é apenas reagir prontamente às mudanças na ordem desportiva mundial, embora isso seja importante, mas principalmente determinar o papel e o lugar da Rússia na construção do futuro do esporte”, afirmou.

 

Durante a sua última reunião do ano, realizada em 13 de novembro de 2023, em Lausanne, Suíça, o Conselho da Associação das Federações Internacionais Olímpicas de Verão (ASOIF) tomou uma posição clara sobre os Jogos Mundiais da Amizade e apela às federações membros da ASOIF para exercerem grande cautela quanto ao seu envolvimento nesta iniciativa.

 

Com a Rússia a planejar e organizar os Jogos Mundiais da Amizade, semanas após a cerimónia de encerramento em Paris, a ASOIF alertou os seus membros sobre o seu envolvimento num potencial rival dos Jogos Olímpicos. O evento multiesportivo russo “não conduz ao diálogo dentro do mundo esportivo durante estes tempos desafiadores”, disse o presidente da ASOIF, Francesco Ricci Bitti.

 

A Rússia também sediará os Jogos BRICS de 12 a 23 de junho do próximo ano – um mês antes dos Jogos Olímpicos – na capital tártara, Kazan. Participarão os membros originais do grupo - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - seus novos membros - Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito e Etiópia - e outros países convidados.

 

Kazan ainda sediará os Jogos do Futuro em 2024, que acontecerão de 23 de fevereiro a 3 de março, com a participação de equipes de mais de uma centena de países. Nestes jogos serão apresentados os mais recentes desenvolvimentos em inteligência artificial, tecnologia da informação, robótica, realidade virtual e desportos cibernéticos, tudo combinado com atividade física.


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