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Coluna Buzzer Beater - Finalmente tem um norte a seguir no basquete masculino

FIBA/ Divulgação


O Brasil está eliminado da Copa do Mundo de basquete. Sim, isto não é novidade. Também não é novidade o requinte de crueldade  do destino em destruir nosso sonho de ganhar uma vaga olímpica sem 'depender' da gente, com o Canadá conseguindo uma virada no último minuto e o Brasil tendo que disputar o duríssimo pré-olímpico mundial. Mas desta vez, não estamos em terra arrasada e os que promovem a tradicional caça às bruxas após cada eliminação estão equivocados. Nós fizemos sim um bom mundial, porque principalmente entendemos nosso lugar no basquete mundial e a partir dele, podemos almejar voos maiores nos próximos anos - se o trabalho continuar sendo feito da forma correta, obviamente.

Sim, batemos o fundo do poço nos últimos anos e esse fundo parecia ser feito com areia movediça. Tivemos dezenas de derrotas muito doloridas, uma geração talentosíssima de jogadores que tiveram relevância na Europa e NBA que acabou rotulada como geração perdida por destas derrotas... Só restava reconstruir a seleção. E ela está sendo, a prova foi neste mundial. Jogamos bem, melhoramos muito defensivamente e no ataque passamos a trabalhar a bola e principal, não tivemos aqueles longos lapsos mentais que custam sempre vitórias doloridas. Dessa vez ninguém se omitiu, ninguém armou mal as jogadas, ninguém entrou com espírito de derrotado.

Claro que ainda não estamos preparados para enfrentar alguns times mais aplicados taticamente - vide derrota para a Letônia - e ainda sofremos da nossa tradicional inconstância, ainda em menor escala, mas hoje em dia com seleções favoritas como Espanha e França sendo eliminadas precocemente por conta de apagões, já prova que no basquete FIBA ser regular em 40 minutos de jogo é quase um milagre

Antes de destacar os pontos positivos, vamos falar do último jogo do Brasil, onde perdeu para a Letônia por 20 pontos. Eles são simplesmente a sensação do campeonato. Com um basquete deveras altruísta no ataque e na defesa, os letões simplesmente surpreenderam Espanha e França e estão nas quartas de final com méritos. O Brasil se esforçou, mas no terceiro quarto não conseguiu mais quebrar a obstinada defesa letã e não soube pará-los no ataque, que sempre buscavam o passe extra, o que sempre encontrava um jogador livre para arremessar sem marcação, o que resultou em um ótimo aproveitamento de cestas convertidas.

Caboclo, sabe jogar em três posições, espaçar a quadra, fazer bloqueios rápidos no ataque muitos tocos na defesa. QUE HOMEM! ( FIBA/ Divulgação)

A verdade é que aquele era o nosso limite no campeonato, jogamos como podíamos e fizemos 84 pontos. A Letônia foi melhor e fez 104 pontos. Simples assim. Temos que galgar degraus que os letões já subiram, principalmente na intensidade defensiva. Conseguimos uma aplicação notável na vitória contra o Canadá, mas ele não se repetiu contra a Letônia. ponto.

Agora temos que destacar os bons momentos do Brasil. Como os novos donos da Seleção brasileira, Yago e Bruno Caboclo. Dois líderes técnicos e habilidosos, que cresceram tanto jogando na Europa que podem botar a bola debaixo do braço e decidir jogos, o que aconteceu nesse mundial. Yago, com sua inteligência, agressividade ofensiva foi um tormento para os adversários e  Caboblo, que pode jogar tanto na posição 4 ou na 5, é rápido nos bloqueios de pick and roll e na defesa, protege bem o aro e pega muitos rebotes, são nomes que dá gosto de ver jogando. Hoje a seleção são eles dois e mais dez.


Sempre é um prazer ver Yago jogar. E que poder de decisão ele tem. Vai brilhar na Euroliga (FIBA/Divulgação)

Mas temos que destacar bons nomes jovens como Tim Soares e Gui Santos, que com mais experiência poderão ser mais participativos ainda nessa seleção. Georginho e Lucas Dias finalmente foram aquela dupla letal do Franca na seleção e merecem ganhar mais minutos. Marcelinho Huertas e Vitor Benite, apesar de jogarem menos, ainda são necessários em momentos em que os jovens sentirem um pouco o jogo - Huertas foi necessário em um momento que o jogo contra Letônia aprecia perdido e fez o Braisl voltar ao jogo . Léo Meindl mesmo não sendo tão preciso nas bolas de 3 como de costume, foi um leão na defesa, sendo raçudo e animando a equipe em muitos momentos. A tristeza foi a lesão de Raulzinho logo no primeiro jogo. Ótimo marcador e organizador de jogo ele prometia fazer uma dupla e tanto com Yago. Que ele se recupere logo para o pré olímpico mundial, pois será muito necessário nessa equipe.


Tim Soares foi uma boa surpresa. voluntarioso, sabe espaçar a quadra e é bom marcador. Tem muito potencial ( FIBA/ Divulgação)

Agora, é ver como será o pré-olímpico mundial. Será muito difícil, com certeza. Pra mim a CBB tem que lutar para ser uma das sedes ou no masculino ou no feminino - prefiro no feminino. Mas sendo sede ou não, o Brasil tem uma base boa. Se nomes como Raulzinho, Didi - se voltar a ser aquele marcador que chegou a ser indicado como herdeiro do  Alex Garcia - e Lucas Mariano estiverem em condições de disputar este pré, temos chances. Mas esta vaga também vai depender do sorteio, já que temos sempre seleções europeias fortes que estarão brigando pelas vagas olímpicas restantes - oi Espanha e as quatro seleções europeias que vão ficar vaga olímpica até o fim do mundial.

Como disse acima, Não dá para bancar o pessimista. Fizemos um bom mundial. Nossa previsão era chegar à segunda fase e chegamos. Era muito difícil pegar a vaga olímpica. Fizemos boas partidas e mostramos muito mais bons momentos do que ruins. Estamos em um processo de reconstrução do basquete e nesse processo já temos nomes para capitanear (Yago e Caboclo) e vários que podem fazer uma boa seleção. E já sabemos que para vencer qualquer seleção, precisamos seguir o exemplo da Letônia: aplicação e intensidade na defesa e inteligência e altruísmo no ataque. Temos total condição de fazer isso e brigar para estar em Paris, por conta do nosso material humano. Que os Deuses do basquete nos ajudem até lá. 



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