Últimas Notícias

Campeã paralímpica enfrenta recordistas em busca de ouro inédito no Mundial de halterofilismo

Mariana D’Andrea e seu técnico Valdecir treinam ao lado de halterofilistas brasileiros no hotel do Mundial, em Dubai
Foto: André Aroni/CPB



A campeã paralímpica e vice-campeã mundial Mariana D’Andrea, 25, realizou seu primeiro treino em Dubai junto com a Seleção Brasileira na manhã do domingo, 20. A equipe se prepara para a disputa do Mundial da modalidade, entre 22 e 30 de agosto, no hotel Hilton Habtoor City.


O campeonato é etapa obrigatória para qualificação aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, e conta com 495 atletas de 78 países. O Brasil se faz presente com uma delegação de 23 halterofilistas, de 12 unidades federativas (AM, BA, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). A equipe é formada por aqueles que alcançaram os índices estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) durante a Primeira Fase Nacional do Circuito, em março, e o Campeonato Brasileiro, em abril, ambas no Centro de Treinamento Paralímpico.

Em Dubai, Mariana terá a oportunidade de buscar a primeira medalha de ouro do Brasil em Mundiais, após sair com a prata em Tbilisi, na Geórgia, no final de 2021, no que será a terceira participação da paulista em uma edição do campeonato. No caminho para o título, porém, estarão duas recordistas mundiais, vindas da Nigéria e da França.

Após seu primeiro treino nos Emirados Árabes, a paulista disse estar confiante. "Eu achei que faria uma carga menor neste primeiro dia, mas logo vi que estava muito bem. Então, eu e meu treinador aumentamos o peso. Inclusive, até pedi a ele que fizéssemos mais séries com as cargas mais altas. Seria uma só, mas estava tão bem que consegui fazer três repetições. Já estou no clima de Dubai, é a terceira vez que venho para cá, e já estou tranquila e acostumada com o fuso", afirmou.

O Mundial de Dubai será o primeiro campeonato internacional de Mariana desde que a atleta mudou de categoria no início do ano, passando de até 73kg para até 79kg. Se, por um lado, a troca tende a trazer oponentes mais fortes, por outro, seu rápido desenvolvimento traz esperanças de bom resultado.

Em julho, a paulista levantou 150kg na Segunda Fase Nacional do Circuito, também no CT, o que seria o recorde Mundial na categoria, caso a competição contasse com uma banca de arbitragem estrangeira e, assim, tivesse validade internacional. O recorde atual é de 145kg e pertence, desde outubro de 2022, à nigeriana Bose Omolayo.

“Como eu consegui fazer uma marca muito boa em São Paulo, acredito que posso repeti-la aqui [Dubai] também e brigar firme. Não defini ainda as marcas com o treinador, mas sei que estarei preparada para o que ele definir, e temos muita confiança um no outro”, afirmou a paulista, que tem nanismo e compete no próximo sábado, 26.

Sobre a mudança de categoria, o técnico de Mariana, Valdecir Lopes, explica que o objetivo é garantir a ela marcas boas tanto na categoria até 73kg, na qual ela é medalhista paralímpica e mundial, como também na 79kg, a nova, para ter duas opções para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. A escolha definitiva deve ser feita em junho do ano que vem, e levará em conta quais adversárias deverão estar em cada classe.

Os rankings mundiais do ciclo dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 das categorias até 73kg e até 79kg são liderados por duas nigerianas com a mesma marca de 145kg, o primeiro, por Kafila Almaruf e o segundo, pela recordista mundial nos 79kg Bose Omolayo. “A Mariana é competitiva nas duas categorias. Ela faz marcas que nos deixam confiantes para brigar por ouro paralímpico sem dúvida nenhuma”, disse Valdecir.

A estratégia de manter duas opções de categoria até os jogos, aliás, é adotada também por rivais. A francesa Ghazouani Souhad, recordista mundial na categoria até 73kg com a marca de 150kg suportados em maio de 2013, também optou por subir de categoria e enfrentará Mariana em Dubai.

Disputas acirradas até o final não são novidade para Mariana. Foi assim para conquistar a primeira medalha de ouro do halterofilismo paralímpico brasileiro, obtida nos Jogos de Tóquio 2020. Na ocasião, a paulista levantou 137kg e superou a chinesa Lili Xu, com 134kg. A adversária ainda tentou erguer 138kg, mas teve o movimento invalidado.

Já em dezembro de 2021, no Mundial, nova disputa quilo a quilo entre Mariana e Lili Xu. A competição terminou com ouro para a chinesa, com 137kg. Mariana ainda tentou suportar 138kg em seu terceiro levantamento para superar a rival, mas teve o movimento invalidado. Foi a primeira prata do Brasil em Mundiais.

Também em preparação para a estreia, o medalhista Mundial, bronze na Cidade do México em 2017 e vice-campeão paralímpico nos Jogos do Rio 2016, Evânio da Silva, 38, disse estar em boa forma para a competição após uma série de lesões que vinham atrapalhando seus resultados, inclusive nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

O atleta, nascido na Bahia, afirmou querer superar sua marca no Open das Américas de 2022 em Saint Louis, nos Estados Unidos, quando foi ouro ao erguer 202kg. “O nível de um Campeonato Mundial é muito alto, maior até do que nos Jogos Paralímpicos, porque cada país pode levar dois halterofilistas para o Mundial e nos Jogos, vai apenas um. Quando estamos aqui, vendo todos os atletas, a motivação e a inspiração são outras”, afirmou o baiano, que teve poliomielite aos seis meses.

0 Comentários

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar