O Brasil conquistou no domingo (30) o Sul-americano de Atletismo. Além de manter a hegemonia no continente, com 425 pontos (225 no feminino e 200 no masculino) e 44 medalhas (19 de ouro, 15 de prata e 10 de bronze), a seleção brasileira protagonizou disputas históricas no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo.
No último dia, os brasileiros conquistaram diversas medalhas de ouro. Pela manhã, o mineiro Eduardo Ribeiro Moreira confirmou o favoritismo e ganhou a medalha de ouro, com 1:47.12. Líder do Ranking Sul-Americano, com 1:45.10, comemorou a qualificação para o Mundial. “Estava dentro pela classificação do Ranking por Pontos e agora fico mais tranquilo. Vou tirar dois dias de descanso e volto para a preparação final para o Mundial em Bragança Paulista”, comentou.
“A prova foi difícil por causa do clima frio e do vento. Prefiro correr à tarde. Mas estou feliz pela vitória e porque o Sul-Americano já vale pontos importantes na corrida também para Paris-2024”, observou o mineiro de 22 anos, treinado por Clodoaldo Lopes do Carmo.
“Estou muito feliz com a vitória. Aliás, quando vi a situação climática adversa, optei para fazer uma corrida tática, sem preocupação com a marca”, observou o atleta, que fez um camping em Portugal, mas foi atrapalhado por uma crise de asma. “Fiquei três semanas treinando leve. Dois dias de folga e voltar com tudo para o Mundial, tentando bater meu recorde pessoal.”
O chileno Rafael Muñoz ficou com a medalha de prata, com 1:47.27, seguido do venezuelano José Antonio Maita Perez, com 1:47.65.
Nos 800 m feminino, a paranaense Flávia Maria de Lima conquistou o ouro, com 2:01.82, seu melhor resultado de 2023. Ela agora está na expectativa da divulgação do ranking final por pontos da World Athletics para ver se está qualificada para o Mundial. “Foi uma prova boa, apesar de os primeiros 400 m terem sido lentos. Poderia ter feito uma marca melhor”, comentou Flávia.
A uruguaia Deborah Rodriguez ficou com a medalha de prata, com o tempo de 2:03.94. A chilena Berdine Castillo conquistou o bronze, com 2:04.16.
Já no lançamento do dardo, o amazonense Pedro Nunes também confirmou o favoritismo, com 80,26 m, e comemorou a vaga para o Mundial, como líder do Ranking Sul-Americano, com a marca de 83.89 m, recorde brasileiro. “Estou com a sensação de dever cumprido, embora quisesse muito me qualificar por índice (85,50 m). Estou bem colocado pelo Ranking de Pontos também, mas agora já dá para pensar no Mundial”, comentou o atleta de 24 anos, que volta nesta segunda-feira para Manaus (AM), onde mora. O objetivo de Pedro, que treina com Margareth Bahia, é fazer sua preparação final em Bragança Paulista (SP), no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo.
O mineiro Luiz Maurício Dias da Silva ficou com a medalha de bronze, com 77,17 m, e a prata foi para o colombiano Billy Williams Júlio Lopez, com 78,72 m.
Nos 400 m com barreiras, A carioca Chayenne Pereira venceu a prova com 55.90. “Eu tinha uma expectativa de tempo melhor, mas tive dificuldade para me concentrar. Mas correr na casa dos 55 e ter a vaga no Mundial pelo Ranking é muito bom. O Mundial é um palco interessante para eu tentar correr na casa dos 54, ir à final e fazer o índice olímpico”, disse a atleta.
Na prova teve uma dobradinha brasileira já que Bianca Cristina dos Santos garantiu a prata, com 57.30, seguida da colombiana Valéria Cabezas Caracas, com 57.31.
Na prova masculina, outra vitória brasileira, com Matheus Lima da Silva, com 49.44. O argentino Bruno Agustín de Genaro ficou em segundo lugar, com 50.35, enquanto o chileno Cristobal Muñoz terminou em terceiro, com 50.89. Márcio Teles acabou em quarto, com 50.91.
Matheus comemorou o primeiro título sul-americano. “Esse é o primeiro título de muitos que virão aí. Se cometendo erros eu consegui, imagina acertando”, disse Matheus, de 20 anos, que está mudando as passadas entre as barreiras desde que passou a treinar com Sanderlei Parrela, medalhista de prata no Mundial de Sevilha-1999 nos 400 m. “Eu tive três lesões seguidas e graças ao meu fisioterapeuta consegui correr o Troféu Brasil e estou muito feliz por ganhar o Sul-Americano. O Sanderlei tem sido meu treinador, meu melhor amigo e meu psicólogo", completou Matheus que vai focar sua preparação para o Brasileiro Sub-23, o Pan de Santiago e no índice para a Olimpíada de Paris-2024.
Eduardo de Deus, Caroline de Melo Tomaz e Welington Silva Morais conquistam ouros no encerramento
O Brasil conquistou três medalhas de ouro pela tarde no Sul-Americano. Nos 110 m, Eduardo de Deus foi o vencedor, com 13.59 (-0.9), mas ficou decepcionado. “Fiz meus melhores treinos na última semana e estava muito otimista. Acho que isso me atrapalhou um pouco. Estava preparado, fiz uma boa largada, mas quando vi o cronômetro fiquei chateado”, disse Eduardo, que queria o índice para o Campeonato Mundial de Budapeste, Hungria, de 19 a 27 de agosto. “Mas sei que estou qualificado para o Mundial no Ranking de Pontos da World Athletics. Estou bem colocado e só vou aguardar a convocação oficial.”
O colombiano Brayan Rojas garantiu a medalha de prata, com 13.72, e o bronze foi para o chileno Martin Saenz, com 13.76. O outro brasileiro da prova, Denner Cordeiro da Silva, terminou em quarto lugar, com 13.84.
Nos 100 m com barreiras, a catarinense Caroline de Melo Tomaz completou a prova com muita alegria, transbordando emoção. Ela conquistou a medalha de ouro, com 13.26 (0.3), logo em seu primeiro Campeonato Sul-Americano, e no dia seguinte de completar 29 anos. “Foi o melhor presente de aniversário que poderia ganhar. Nem nos meus melhores sonhos pensaria nisso. Eu ainda não acredito”, comentou com a medalha de ouro no pescoço.
Assim como Eduardo, Caroline treina com Katsuhico Nakaya, no Núcleo de Alto Rendimento, em São Paulo. “Decidi investir na minha carreira e há dois anos deixei Florianópolis para me preparar em alto nível”, lembrou.
Na prova, o Brasil fez dobradinha. A medalha de prata ficou com a também catarinense Micaela Rosa de Mello, com 13.34. Ela é a líder do Ranking Sul-Americano, com 13.05. A chilena Maria Ignacia Eguiguren ficou com o bronze, com 13.81.
No peso, o maranhense Welington Silva Morais foi o vencedor, com 20.59 m, e comemorou bastante. “Estou muito satisfeito por conquistar o meu segundo título do Campeonato Sul-Americano”, disse o atleta nascido em Imperatriz (o primeiro foi em 2021, em Guayaquil, no Equador). Já Willian Denílson Dourado ficou em terceiro lugar, com 19,45 m. O argentino Nazareno Sasia levou a prata, com 19,75 m.
Outra grande atração do dia foi Asinga Issamade, do Suriname, que venceu os 200 m, com 20.19 (0.7), novo recorde do campeonato. O anterior era do colombiano Bernardo Baloyes, com 20.42, desde 2019.
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