Alunos têm aulas gratuitas na Escola Paralímpica de Esportes. Foto: divulgação/Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) |
O Brasil é uma potência paralímpica. Em Tóquio, o país teve sua melhor performance numa edição de Jogos Paralímpicos: sétimo lugar no quadro geral, com 72 medalhas, sendo 22 de ouro. Em 2022, foram 95 medalhas em mundiais. O bom resultado no esporte de alto rendimento, no entanto, não é o único objetivo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para os próximos anos.
Desde 2018, no CT Paralímpico, o Comitê desenvolve um projeto chamado Escola Paralímpica de Esportes. A Escolinha, como é conhecida, tem o intuito de propiciar a prática de esporte por crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em 13 modalidades paralímpicas: atletismo, badminton, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, halterofilismo, judô, natação, tênis de mesa, tiro com arco, triatlo e vôlei sentado.
A coordenação da Escola é feita por Ramon Pereira, diretor de desenvolvimento esportivo do CPB, que conversou exclusivamente com o Surto Olímpico sobre o projeto.
O balanço é muito positivo, superou nossas expectativas. A Escolinha serviu como base para formularmos um outro projeto, o Projeto Centro de Referência, em que nós ampliamos esse atentimento não só para o município de São Paulo, mas todo o estado e o Brasil. Hoje nós temos um Centro de Referência nos padrões de atendimento da Escolinha Paralímpica de Esportes em todo o Brasil. Isso é muito importante, pois multiplicamos por 27 o número desses atendimentos.
Alunos podem escolher entre 13 modalidades paralímpicas, entre elas a bocha (foto). Foto: divulgação/Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) |
Quando questionado sobre a importância de parcerias com o setor público, Ramon disse que a Escolhinha e o Centro de Referência já trabalham junto de Universidades e Secretarias de Educação e Esportes e esperam expandir esse apoio em conjunto com o Governo Federal por meio do Ministério do Esporte.
Uma dessas parcerias resultou em um projeto de inclusão de crianças com transtorno do espectro autista nas atividades esportivas:
O CPB tem o apoio de Universidades e Secretarias de Educação e Esporte para estar em todo o país. Ano passado tivemos o apoio, e esperamos ter ainda mais esse ano, para [aulas] com crianças com [transtorno do] espectro autista, que já estamos atendendo dentro de um princípio de incluí-las em uma turma. É um acompanhamento de inserção social. Muitos desses garotos/as do espectro autista provavelmente não chegarão ao alto rendimento, mas certamente a sua vida vai mudar, a sua rotina vai se alterar e certamente a alegria dos pais vai ser diferenciada.
Em relação a importância do projeto para além do alto rendimento, o diretor ressaltou diversos aspectos:
A importância é trabalhar a questão da cidadania, da inclusão, do respeito, porque somos todos humanos e todos nós temos nossas deficiências. A partir daí, é oportunizar uma criança a fazer atividade física, é oportunizar a alegria, a ter o prazer, a conversar, ter um grupo social. Esse é o primeiro princípio, sem perder o foco maior em renovar nossos atletas de alto rendimento.
Atualmente, o projeto tem capacidade para atender quase 700 alunos. Destas vagas, ainda há quase 200 a serem preenchidas. A inscrição gratuita é feita através do formulário disponibilizado no site do CPB durante o ano todo. Existem turmas às segundas e quartas-feiras e terças e quintas-feiras, em dois horários: das 14h às 15h30 e das 16h às 17h30. Além das aulas, todos os alunos recebem uniforme e lanche. O CPB também oferece transporte em locais estratégicos da cidade de São Paulo.
A Escolinha é custeada pelo CPB, além de contar com patrocínio do Grupo Volvo via Lei de Incentivo ao Esporte do Governo Federal.
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