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Surto Entrevista: Mariana Nicolau fala sobre expectativa para a estreia na Copa do Mundo de Rubgy Sevens

 


A atleta da seleção brasileira se prepara para novo desafio. Foto: Divulgação/CBRu


Faltam apenas cinco dias para a estreia do Brasil na Copa do Mundo de Rugby Sevens na Cidade do Cabo, África do Sul. Para marcar o início dessa contagem regressiva, o Surto Olímpico conversou com um dos destaques das Yaras (como é chamada a seleção brasileira feminina de sevens), a pilar Mariana Nicolau, mais conhecida como Mari Nicolau. A atleta contou em entrevista exclusiva como está a preparação para o campeonato que acontece de 9 a 11 de setembro, sobre seu ritual em dia de jogo e sobre atleta que a inspira no mundo do esporte.

A atleta que começou no esporte na base do São José Rugby por meio de um projeto social em 2012, hoje atua pelo clube na categoria adulta, além de compor as Yaras. Sobre a expectativa de participar da primeira Copa do Mundo, Mari não esconde a felicidade.

"Estou bem animada. Vai ser minha primeira copa do mundo. Em 2018 eu tive uma pequena lesão que acabou me afastando da minha primeira copa, então estou animada com essa oportunidade. Claro que a gente tem a expectativa alta pra criar um bom resultado mas é jogo por jogo. Queremos fazer um bom primeiro jogo contra as nossas adversárias que são um excelente time também e aproveitar cada momento dentro de campo", disse a atleta.

 


Seleção feminina desembarca na África da Sul para disputar a Copa do Mundo. Foto: Divulgação/CBRu

As Yaras já chegaram na África do Sul. A pilar da seleção brasileira falou sobre a estreia e a preparação da equipe para enfrentar a Irlanda, rival conhecido que tem como aspecto forte a parte física e a velocidade. Mesmo entre duas seleções que se conhecem, ainda há espaço para surpresas. Mari destacou que o foco maior está na parte interna, nos ajustes táticos que as Yaras podem fazer e não tanto no que as adversárias podem trazer de diferente.

"A Irlanda é um time que a gente já jogou contra muitas vezes. Elas conhecem a gente e nós a conhecemos. Então nesses últimos meses a gente vem com um foco bastante em nós, não muito nelas. Nestas últimas semanas, colocamos um pouco de foco nessa partida para começar a analisar um pouco do jogo delas. Pegamos uma parte bem técnica para aprofundar, aquelas pequenas coisas que fazem a diferença. Acredito que a Irlanda, por ser um time físico, rápido, muito inteligente, com certeza vão querer fechar a nossa fortaleza que é a nossa velocidade. Estamos preparadas para isso e trabalhando outras coisas para poder surpreender também", aponta.

Rotina em dia de jogo

Em dia de jogo é fundamental estar com a cabeça focada e tranquila. Durante a entrevista, Mari compartilhou sua rotina pré-jogo que incluem música, reflexões,  ativações de trabalho muscular e até vídeos de jogadas da atleta para motivar.


Mari em ação no media day. Foto: Divulgação/CBRu

"A partir do momento que eu acordo, faço ali minha reza já peço proteção pra Deus. Gosto de tomar um banho para dar aquela acordada e tomo meu café da manha tranquila. A partir do momento que a gente sai para o ônibus e do ônibus pro estádio, já coloco uma música, e reflito o que eu preciso fazer dentro de campo, repasso algumas informações para mim mesma," disse. E ao chegar no estádio, segue o ritual.

"Assim que chegamos no estádio eu já começo a fazer as minhas pré-ativações e alguns aquecimentos. Às vezes eu gosto de ver alguns lances meu de jogos pra poder dar aquela motivada. Se sobra um tempo gosto de fazer uns quatro minutos de bike só pra dar aquela estimulada nas pernas e depois só entrar em campo e aplicar o que estudamos porque todo o processo já foi feito", pontua Mari.



Concentração das Yaras. Foto: Reprodução/Instagram Mari Nicolau

Saúde mental e expectativas

A saúde mental é cada vez mais debatida dentro do meio esportivo. A pilar da seleção brasileira compartilhou o cuidado com a parte mental e emocional que o grupo tem em períodos de jogos e destacou a parte de visualizar em mente o que precisa fazer no campo.

"Temos acompanhamento com a psicóloga seja em grupo ou individualmente. Alguns dias antes (do campeonato) ela faz uma chamada de vídeo com a gente, pergunta quais são as nossas expectativas com esse torneio e o que estamos sentindo. Às vezes ela pede pra gente fazer visualizações, algumas atletas gostam, eu particularmente gosto muito dessa parte de ter em mente tudo o que eu preciso fazer em campo. Visualizar o que pode dar errado ou certo para que no momento que aconteça a minha cabeça esteja tranquila pois já sabe o que precisa fazer. Ter isso na mente ajuda e é um trabalho muito bom que eles passam pra gente", explica Mari.


Yaras com o novo uniforme: Foto: Fotojump/CBRu


A Copa do Mundo de Ruby Sevens é o segundo evento mais importante da modalidade e só perde para as Olimpíadas. Mari traz na bagagem a participação no ciclo olímpico de Tóquio 2020, onde as Yaras ficaram em 11º lugar e pontua a importância que a olímpiada traz para a nova experiência na Copa.

"A olimpíada trouxe muito aprendizado. Por ser um evento muito grande, já traz uma visibilidade maior pra nós. Acredito que o nosso desempenho não foi como e gente queria mas conseguimos olhar pra trás, enxergar aprendizado e focar no que é preciso ser feito. Quando estamos num torneio tão grande é importante não cair na pressão e ter um controle gente tem um controle para manter o foco no torneio", relata.


Seleção brasileira caiu para Fiji em Tóquio. Foto: Greg Baker / AFP


Yaras tem hegemonia na América do Sul, com 20 títulos conquistados em duas décadas e sempre estiveram presentes na Copa do Mundo de Sevens. Em 2009, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), o Brasil acabou na 10ª colocação. Em 2013, em Moscou (Rússia), e em 2018, em São Francisco (Estados Unidos), as Yaras ficaram com a 13ª colocação.


Yaras, rugby feminino e identidades

Para o torneio, a seleção brasileira feminina usará uniforme exclusivo para a competição que as próprias jogadoras ajudaram a criar. A ideia é que peça consiga reforçar e traduzir a identidade da seleção e seu compromisso com a diversidade cultural do país. Segundo Mari, todo o processo criativo foi baseado numa troca aberta e produtiva entre atletas e a Confederação Brasileira de Rugby.



Foto: Divulgação/CBRu

Em 2021, as Yaras lançaram sua nova identidade, idealizada pelas próprias atletas, com uma mulher indígena no escudo para enaltecer tanto a tradição da cultura indígena quanto o espírito guerreiro das mulheres. Mari enxerga na mudança não só maior representatividade feminina e identificação histórica e cultural, mas também o símbolo de uma conquista para as mulheres da modalidade.

"Antigamente a gente tinha os Tupis estampados tanto na masculina, quanto na feminina. Então essas antigas jogadoras foram atrás dessa Yara que é uma guerreira indígena muito forte, destemida e isso representou a nós porque é algo que vem aqui do Brasil. Isso traz força pra nós que é ter uma mulher estampada no seu peito que te representa. Para nós mulheres é uma vitória conseguir esse espaço num esporte que ainda é tão masculino", explica.

Na mitologia tupi-guarani, Yara é filha de Pajé e temida guerreira que, para escapar da morte, se refugiou nos rios amazônicos. Por essa razão, é conhecida em partes do país como a “senhora das águas”. Para atletas do passado e do presente, a força do nome Yaras reside no valor à coletividade, que é um traço comum entre a cultura dos povos indígenas e os princípios do rugby. 



E por falar em identificação, a jogadora também revelou o nome de uma atleta que a inspira: a campeã olímpica Rafaela Silva. "Gosto muito da judoca Rafaela Silva por conta da história dela. Negra, da periferia, que lutou contra vários preconceitos e hoje é uma das maiores nomes do esporte feminino. Uma mulher que me representa também por ser negra da periferia e lutar contra todos os preconceitos", concluiu Mari.



Judoca campeã olímpica Rafaela Silva. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br


Próximo compromisso


As Yaras estreiam contra a Irlanda nesta sexta-feira (9), às 8h54 com transmissão ao vivo pela Star+.

Confira a lista das convocadas para Seleção Brasileira:

1. Mariana Nicolau – São José (SP)

2. Luiza Campos – Charrua (RS)

3. Larissa Alves – Curitiba (PR)

4. Leila Silva – Leoas (SP)

5. Thalia Costa – Delta (PI)

6. Isadora Lopes – Melina (MT)

7. Aline Furtado – USP (SP)

8. Marina Fioravanti – Band Saracens (SP)

9. Gabriela Lima – El Shaddai (RJ)

10. Andressa Alves – El Shaddai (RJ)

11. Bianca Silva – Leoas (SP)

12. Marcelle Souza – El Shaddai (RJ)


Treinador: Will Broderick

Manager: Danniele Abreu

Ismael Arenhart – Preparador físico

Beatriz Rodrigo – Fisioterapeuta

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