Coluna Buzzer Beater - Os dois pesos e duas medidas da FIBA
Nos próximos dias o basquete feminino estará em voga com o pré-mundial. Uma competição importante, principalmente para o Brasil que precisa se classificar para dar um ânimo na modalidade tão combalida por conta das eliminações recentes, mas que incomoda. Não pela situação do Brasil, estou muito na torcida, mas na falta de sensibilidade da FIBA em meio a tantos pedidos de equidade de gênero no esporte, faz um mundial feminino com 12 seleções e um masculino que terá 32 seleções em 2023. Basquete feminino não é atrativo e resolveram diminuir as seleções pra aumentar o nível do campeonato ou só é caso de sexismo da FIBA?
Quando lá para 2013 foi anunciado o novo calendário de seleções que entraria em vigor em 2017 no basquete masculino – com sistema de eliminatórias para o mundial bem similar a Copa do Mundo da FIFA – era esperado que ele fosse aplicado de forma semelhante no basquete feminino, em uma escala um pouco menor.
Mas o que se viu para as mulheres foram fórmulas mirabolantes para a classificações para as Olimpíadas e o mundial, dignas de quem organizava as tabelas do campeonato carioca de futebol. Mas o que mais incomodou foi a criação de um pré-mundial com 16 participantes para 10 vagas – Estados Unidos, campeã olímpica e Austrália, país-sede, já estão classificados e estão no pré só para treinar um pouquinho – já que apenas 12 seleções disputarão o mundial, o menor número desde 1990, quando o mundial passou a ser disputado por 16 seleções.
(Atualizando os números, são 7 vagas em disputa, já que a Seleção de Belarus, sofrendo com casos de covid-19 Às vésperas da competição, desistiu de participar e Canadá, Bósnia e Japão se classificaram para o mundial)
E para tentar reparar a falha de tentar aumentar o confronto entre seleções, a FIBA criou uma espécie de “torneio de consolação”: De dois em dois anos, quem não se classificar para o mundial/olimpíada, vai disputar um torneio em que o campeão ganha vaga no pré-olímpico/ mundial. Eu até não ligo para esse torneio de consolação, apesar de que era só aumentar as vagas dos prés mundial/olímpico e não criar mais um campeonato no calendário já inchado das mulheres.
O que me incomoda mais é que, ao contrário de outros esportes coletivos como vôlei, handebol, e até o futebol – tão preconceituoso com as mulheres até bem pouco tempo atrás – tem aumentado os participantes e valorizado suas competições, a FIBA apequena seu principal campeonato feminino na esperança de ter um ‘nível melhor’ enquanto infla o masculino que terá jogos pavorosos, mas ajuda as equipes menos gabaritadas a ter experiência como as eliminatórias e o mundial. Infelizmente são Dois pesos e duas medidas no desenvolvimento das modalidades.
O Comitê Olímpico Internacional, que tem incentivado as modalidades olímpicas a praticarem a equidade de gênero, deveria dar um oi para a FIBA para saber o porquê de algumas diretrizes da entidade encolherem o basquete para mulheres enquanto expandem o dos homens, até mesmo para mostrar que a equidade de gênero é realmente um compromisso do COI.
Emular o calendário do masculino à risca não seria ideal, mas pelo menos manter o número de participantes do campeonato mundial maior do que o dos Jogos olímpicos, que sempre foi mais restritivo. Um mundial tem que dar chances as mais seleções a terem experiência internacional. Fazer um pré com 16 seleções e um mundial com 12 corre o risco de termos sempre as mesmas seleções nas próximas edições. E regiões como América Latina e África, onde o basquete feminino é bem menos desenvolvido, tenderá a encolher com seleções ficando pelo caminho nos pré-mundiais e olímpicos da vida.
Mas agora, isso não terá mudança tão cedo, principalmente se confederações e o COI não se levantarem com essa restrição no basquete feminino e farra de vagas no masculino. Vamos torcer para que a seleção brasileira supere a Coreia do Sul e enfim volte a uma grande competição após ficar de fora dos mundiais de 2018 e da olimpíada de Tóquio.
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