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Canoísta Caio Ribeiro chega aos Jogos Paralímpicos com “fome de medalha”



Caio Ribeiro, o Saci de Ouro, como ficou conhecido, já está no Japão para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020. Ribeiro vai disputar as provas de VL3 200m, a Canoa Polinésia e KL3 200m, o Caiaque. "O desafio em ambas é altíssimo. São poucos atletas nas duas provas, com concorrentes diferentes e que são campeões, outros que estão no top 10 e querem ser. Eu me sinto um pioneiro em conseguir atuar nas duas modalidades".

No fim do ano passado, uma lesão quase tirou Tóquio do mapa de Caio. Ele acabou fraturando o tornozelo. O paratleta explica que por usar uma prótese na perna, acaba sobrecarregando o pé. Passou três meses em cadeira de rodas, sem poder se levantar. No quarto mês iniciou a fisioterapia.
"Eu estava no auge da minha forma. Há anos já estava preparado para Tóquio e, de início, pensei que não fosse nada sério, mas passou uma semana, um mês, dois meses e eu não me recuperava. Fazia as contas de quanto faltava para os jogos e, quando o médico me liberou, saí como um foguete para treinar. Em uma parada como essa, você perde tudo, tudo menos a ambição e isso me fez eu me reconstruir. Hoje, estou preparado para representar o Brasil".

Essa é a segunda vez que Caio integra a comitiva paralímpica. Na primeira vez, durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016, ele marcou seu nome na história da Paracanoagem do Brasil, quando ganhou a primeira medalha olímpica do Brasil na modalidade. Caio ganhou a medalha de bronze remando na categoria KL3, mas afirma que com o potencial que tinha, poderia ter ocupado o lugar mais alto do pódio.

A conquista ganhou outro significado por ter acontecido no próprio país. "É uma emoção indescritível, porque é o sonho de todos os atletas e a sobremesa de participar dos Jogos Paralímpicos é conquistar medalha representando o seu país".

Para ele, esse legado estabelecido é a prova de que é possível que a Paracanoagem brasileira tem potencial, mas já adianta, ter garantido esse feito só aumentou ainda mais sua vontade de continuar somando conquistas. "Meu desejo e minha fome não se acalmaram. Apesar de ter conseguido uma conquista inédita, eu ainda quero mais. Existem três lugares no pódio. Agora, temos mais história para fazer aqui no Japão"

Dessa vez, com duas possibilidades de ocupar o pódio, Caio comemora a estreia da Canoa Polinésia nos Jogos Paralímpicos, categoria onde o paratleta tem seu melhor desempenho. “Na Rio 2016, ela foi tirada um ano antes dos jogos, por isso eu fiz a migração para o caiaque. Agora, ela voltou e deixa o jogo mais confortável para mim”.

O esporte no sangue


O esporte esteve no DNA de Caio. “Quando eu nasci, meus pais já estavam inseridos no esporte. Minha mãe nadava e eu também entrava na piscina, depois conheci a capoeira.” Após a morte do pai aos 4 anos, Caio se mudou com a mãe para os EUA, onde conviveu com o tio, outro grande nome do esporte: João Luís Ribeiro, primeiro brasileiro a representar o país na Ginástica Artística nos Jogos Olímpicos Moscou 1980.

“Aos 5 anos que eu comecei a praticar o esporte mesmo, mas tive uma criação única, que me apresentou à várias modalidades, como futebol americano, baseball, BMX, entre outras que eram muito fortes nos EUA. Isso foi fundamental para minha trajetória ``, conta o paratleta.

A canoagem, no entanto, nunca chamou a atenção de Caio. “Era algo que eu praticava quando ia em um lago e tinha uma canoa, um caiaque, mas não levava tão a sério”. Tudo mudou após um acidente de carro em 2011, que lhe causou a amputação da perna esquerda. “Pensei que minha vida havia acabado, porque não tinha conhecimento do paradesporto, nem que eu pudesse sobreviver e ser feliz novamente”.
Na fisioterapia, soube mais sobre a Paracanoagem através do técnico Jorge Freitas, que figura no esporte desde 2007 e é conhecido por captar e capacitar atletas no litoral fluminense. "Demorou um pouco para eu criar coragem e ir ao treino, mas acho que aquilo era uma união de muita coisa. Um cara apaixonado por esporte, pela praia e pela natureza. Eu afundei a tristeza e me apaixonei pela Paracanoagem".

Em uma Canoa V6, saindo da Urca, remando pela Baía de Guanabara, com destino ao alto mar, Caio percebia um novo rumo e, segundo ele, um novo olhar para a vida. Ele decolou no cenário das competições na Canoa Va'a, como é chamada a Canoa Polinésia. Dois anos depois, sagrou-se campeão mundial, sendo bicampeão no ano seguinte. Hoje, figurando como um dos favoritos para somar medalhas ao Brasil no Japão, Caio conta sem modéstia que já está de olho em Paris 2024.

Foto: Divulgação

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