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Surto em Tóquio: Bruno Fratus e Rebeca Andrade reforçam importância da saúde mental dos atletas de elite

Bruno fratus final

*DIRETO DE TÓQUIO

O domingo, 1 de agosto, foi marcado por conquistas da delegação brasileira com a alcunha da superação. Dois grandes atletas, que por motivos diversos viram seus sonhos serem adiados finalmente alcançaram a glória nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O grande 'salto' do ciclo olímpico no Brasil, talvez tenha sido Rebeca Andrade, mas lesões e problemas de saúde sempre a impediram de disputar as principais competições. Já Bruno Fratus se reinventou após duas Olimpíadas decepcionantes, teve um ciclo de excelência, e conseguiu chegar na tão sonhada medalha olímpica.

Na zona mista, após o pódio, Fratus revelou ter tido uma forte depressão pós-Rio 2016. Quando perguntei a Rebeca se ela fez algo diferente em relação ao corpo e saúde para se garantir sem lesões, ela disse que não - exceto não sair de casa na pandemia de covid-19 -, mas trabalhou bastante no seu psicólogo e isso foi fundamental. Isso tudo, aliado aos casos midiáticos de Simone Biles e Osaka Naomi, que colocam em questão a pressão psicológica em cima dos atletas de elite, o mental dos atletas virou uma das principais histórias desta edição.

Alguns acreditam que Rebeca Andrade pode ter sentido a pressão do ouro no finalzinho do solo e feito aqueles passos fora que teriam lhe custado o ouro. Se for verdade, é compreensível, afinal, não podemos esquecer que foi sua primeira competição importante disputando o individual geral em bom nível. De qualquer maneira, eu não acho que foi. Com tanta intensidade que ela aplicou na sua apresentação, não é de se surpreender que uma falha tenha acontecido. E se lembrarmos tantas outras vezes que a medalha se esvai de repente, uma queda para a prata tá longe de ser preocupante.

Foto: Miriam Jeske / COB

No sábado, ao fim da prova de individual geral, ela ainda ela tinha recusado que estava nervosa. Hoje, mesmo se ela não cravou os seus saltos, eram bem melhores de qualquer jeito e essa confiança em um salto difícil, assim como a confiança que iria executá-lo bem foi o fundamental para separar ela de suas rivais. 

Já Fratus falou bastante hoje de como foi sua preparação, de como foi focando aos poucos no que era importante, mostrando a importância de um trabalho sério. Como ele disse várias vezes, o sentimento é de resiliência. No que parece ser uma Era de renovação no Time Brasil, com muitos nomes novos e inexperientes, antes de mais nada, é preciso cuidar do psicológico e saúde mental dos atletas. Fratus resumiu:


Saúde mental de atleta de alta performance é algo delicado e algo que precisa ser tratado com a maior atenção possível.



Todos nós, seja das tribunas de imprensa ou das nossas casas através de televisões e celulares temos que tomar muito cuidado para lembrar que atletas são seres humanos com sentimentos, sejam eles de alegria e felicidade, até com descontentamento e serenidade. "Não somos robôs", já lembrou Rebeca aqui em Tóquio. 



Alison santos piu salta 400m com barreiras nos jogos olímpicos de tóquio
Foto: Wander Roberto/COB

Além disso, também na noite deste sábado, mais um brasileiro saltou rumo ao Olimpo: Alison dos Santos, o Piu, passou para a final dos 400m com barreiras, com o segundo melhor tempo e forte candidato ao pódio na final que acontece na madrugada do dia 2 ao dia 3. É o melhor exemplo de atleta com mental forte na delegação brasileira, crescendo a cada competição. A ver o que ele apronta na noite desta terça-feira na grande final.

Também na sessão noturna do Estádio Olímpico, testemunhamos a venezuelana Yulimar Rojas quebrar recorde mundial no salto triplo; e Mutaz Essa Barshim, e o italiano Gianmarco Tamberi, dividindo um ouro e mostrando belo espírito olímpico. E teve o italiano Lamont Jacobs virando uma estrela em menos de 10 segundos. Resta saber como ele lidará com toda a pressão e fama de um campeão olímpico nos 100m rasos?

E não podemos deixar de lembrar que os Jogos Olímpicos contam com muitos outros saltos, talvez menos marcantes, menos midiáticos, como o de Tatiane Silva nos 3.000m com obstáculo. Sua marca talvez esteja longe dos holofotes e das disputas de medalhas, mas que são fundamentais para um crescimento pessoal e profissional do atleta - nesta corrida ela fez o recorde sul-americano!

Foto: Wander Roberto / COB

Todas essas experiências e formas de enxergar a edição dos Jogos Olímpicos, que fujam dos resultados óbvios e principalmente de uma análise fria do quadro de medalha, são fundamentais para pensarmos no espírito olímpico, e no que significa na atualidade a realização dos Jogos Olímpicos. Sempre defendi que trabalhar com legado é intangível. Como Fratus disse na coletiva de imprensa, o que espera-se é que mais do que a medalha conquistada, seja sua história de vida, sua trajetória, suas dificuldades em prol de um objetivo existente há 20 anos, que inspire a pessoas a trabalhar mais e melhor em busca de realizar seus sonhos e saltos de vida.

Foto no topo: Jonne Roriz / COB

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