Trazido ao programa olímpico sob o signo da renovação, ao lado do surfe, caratê e escalada esportiva, o skate é um dos destaques dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Dentre as várias histórias que já proporcionaram nesta Olimpíada está o domínio japonês, um país que mal conhecia a modalidade na década passada, e a idade das medalhistas. Os dois pódios mais jovens da história olímpica aconteceram no skate feminino desta edição.
Para o seleto público de jornalistas e funcionários que assistem as provas de skate na Arena Urbana de Ariake sob um sol a pino, o que chama muito a atenção é o sentimento de união entre as skatistas.
Na final do park, quando a super favorita Okamoto Misugu caiu no fim de sua terceira volta, as suas rivais na final foram consolar. As oito terminaram num grande abraço. A prova foi dominada pelo trio japonês, além de Sky Brown, japonesa que defende a Grã-Bretanha, país de seu pai. Yosozumi Sakura, de 19 anos foi campeã, a frente de Hiraki Kokona (12) e Sky Brown (13), deixando Okamoto em quarto.
E esse não é o único caso de camaradagem que rola no skate.
As brasileiras Dora Varella e Yndiara Asp terminaram em sétimo e oitavo na final de hoje, enquanto Isadora Pacheco terminou na décima colocação, ainda na fase classificatória. Como Yndiara comentou, o espírito do skate é o espírito olímpico: "o skate tem muito esse espírito de superação, de cair e levantar, então a gente sabe como é difícil acertar uma manobra, como é difícil se superar e todo mundo ali estava tentando se superar. É por isso que a gente consegue comemorar junto e esperar o melhor de todo mundo".
Varella e Asp curtem juntas a final olímpica (Foto: Miriam Jeske / COB) |
Ainda impressionadas pelo fato de serem oficialmente atletas olímpicas, elas comentaram também do medo que o status de esporte olímpico fosse mudar o espírito do skate. "A gente espera que consiga passar isso (esse espírito) para as próximas gerações. Mas a gente veio para cá justamente com esse papel", revelou Yndiara.
Dora Varella definiu muito bem o espírito de skate, e o que aprenderam com o esporte.
O skate ensinou isso para a gente. A gente quer ver todo mundo feliz, com um sorriso no rosto, e se divertindo. Então, acertando ou errando, a gente quer ir lá ajudar as pessoas, dar os parabéns, a gente quer ver todo mundo acertando, a gente quer ver todo mundo dando seu melhor para sair todo mundo feliz.
Sky Brown acredita que Olimpíada ajudou o skate
Pódio do street park feminino (Foto: Mike Blake / Reuters) |
Sky Brown também comentou sobre a relação entre skate e Olimpíada. "Eu não acho que a Olimpíada mudou o skate. Na verdade, nos trouxe mais próximas", revelou Sky que ainda comentou a relação com as outras medalhistas. "Sakura é uma de minhas melhores amigas, Kokona é outra grande amiga também. Estarmos no pódio juntas é loucura, muito legal".
Mais cedo, as representantes brasileiras do Park revelaram que Sky Brown é "nossa parça" e passava muito tempo no prédio do Brasil, querendo pintar unha com elas, sendo "quase brasileira". Sobre Rayssa, Brown ainda disse
eu amo Rayssa. Ela é muito boa, eu me divirto muito assistindo ela. Nós fazemos muito skate juntas, especialmente quando ela está em Los Angeles. Nós fazemos muito tiktoks e nos divertimos. Estou muito orgulhoso dela.
A jovem nipo-britânica, que também aspirou uma vaga olímpica no surfe, acredita ainda que os Jogos Olímpicos trarão mais praticantes ao skate. "Skateboarding é um esporte muito bonito e não tem regra. Acho que muitas pessoas vão praticar depois de assistir"
Foto de capa: Rex Features
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