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Jogos Olímpicos na Televisão Brasileira - Barcelona 1992, SBT




(Vinheta de abertura das transmissões do SBT para os Jogos Olímpicos de 1992. Postado no YouTube por agc)

Narração: Osmar de Oliveira e Carlos Valadares

Comentários: Cláudio Mortari (basquete masculino), Norminha (basquete feminino), Kerly (vôlei feminino), Walter Carmona (judô), Hortelã (handebol), William de Lima (natação) e Pedro Henrique de Toledo, o “Pedrão” (atletismo)

Reportagens: Luiz Ceará e Hermano Henning

Apresentação: Osmar de Oliveira e Mariana Godoy



A cobertura dos Jogos Olímpicos de 1988 feita pelo Sistema Brasileiro de Televisão foi um pouco maior do que a feita em 1984 – mas, ainda assim, seguiu bastante diminuta. Mas foi um passo adiante, de qualquer jeito. A partir da chegada de Roberto Cabrini para chefiar o esporte no SBT, em 1989, o canal foi se estruturando, contratando mais gente, exibindo alguns eventos a mais. O objetivo primordial, claro, foi a transmissão da Copa do Mundo de 1990, no futebol – quando o canal de Silvio Santos fez uma transmissão digna, ganhando algum destaque (“Buscamos não fazer mais do mesmo”, como Cabrini comentou em sua entrevista ao Bola da Vez, na ESPN, em 2019).


Mas havia outros esportes no radar da emissora, naquela virada de década. No boxe, algumas lutas de Adílson “Maguila” Rodrigues foram exibidas vez por outra. E mesmo num programa pequeno de automobilismo – Primeira Fila, produção terceirizada do jornalista Fernando Calmon -, a cobertura de Roberto Cabrini para o Campeonato Mundial de Fórmula 1, em 1991, como repórter, foi bastante elogiada. Sem contar outro trabalho de Cabrini recebido com ampla repercussão positiva: sua entrevista com Ben Johnson em 1991, primeira aparição mundial do canadense depois do escândalo de Seul-1988. E aí residia o drama do SBT: embora tivesse melhorado, a estrutura à disposição do esporte ainda era pequeníssima. Foi quase inevitável, por exemplo, que Cabrini aceitasse a proposta da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão da Fórmula 1, indo para a emissora dos Marinho em 1992. Era um duro desafio, ainda mais com a obrigação de mostrar os Jogos Olímpicos de Barcelona – já que, sem eles, não haveria acesso à Copa de 1994.


Todavia, se uns partiam, outros chegavam. Ou voltavam, no caso: após passagem pela casa entre 1985 e 1986, Osmar de Oliveira (1943-2014) retornou ao SBT exatamente no começo de 1992. Caberia ao “Dr. Osmar” – experiente tanto na medicina esportiva quanto no jornalismo esportivo, após passar por TV Bandeirantes (1987 e 1988) e TV Manchete (1989 a 1991) – ser o diretor de esportes e principal narrador. Com sua vivência no esporte, direta e indireta, Osmar seria o principal dínamo da cobertura da emissora paulista em Barcelona. Até porque, como diretor de esportes, seria ele o comandante dos cerca de 20 enviados da emissora à Espanha para os Jogos - a menor equipe da televisão brasileira no evento - algumas fontes falam em 13 enviados, outras em 15, outras em 17.


Pelo menos, o SBT aproveitou a linha editorial já usada em Seul-1988 para os trabalhos olímpicos em 1992: poucos eventos ao vivo, preferência por boletins e flashes, ênfase na experiência dos atletas. Se não haveria entrevistados que também estavam nas disputas, como em Seul, alguns nomes com experiência em Jogos Olímpicos foram contratados para comentarem, dos estúdios do SBT em São Paulo, as participações brasileiras, enquanto Osmar de Oliveira narrava em Barcelona.


Dentre eles, havia alguns destaques. Como Norminha, ex-jogadora de basquete, bicampeã pan-americana (1967 e 1971), para comentar as partidas da primeira participação da história da seleção feminina no bola-ao-cesto olímpico. Como Cláudio Mortari, técnico da seleção masculina no torneio olímpico de basquete em Moscou-1980, comentando as partidas dos homens no basquete – inclusive, pelo SBT, Osmar narrou e Mortari comentou o 127-83 do “Dream Team” dos Estados Unidos no Brasil, em 31 de julho de 1992, na fase de grupos do torneio olímpico, no Palau Municipal d’Esports de Badalona, cidade vizinha.


Outro destaque nos comentários do canal de Silvio Santos para as disputas olímpicas em Barcelona era Pedro Henrique de Toledo, o “Pedrão”, um dos grandes técnicos da história do atletismo brasileiro – foi o nome que auxiliou João Carlos “do Pulo” Oliveira em seu auge -, que comentou as competições no Estádio Olímpico Lluis Companys. E como Walter Carmona, judoca medalha de bronze no judô masculino (categoria até 86 kg) em Los Angeles-1984, porta-bandeira da delegação brasileira em Seul-1988, comentarista do SBT em 1992.


A escolha preferencial por ex-atletas para comentarem as disputas foi explicada por Osmar de Oliveira, ao Jornal do Brasil de 25 de julho de 1992: “O público gosta de curiosidades e de saber qual a exata sensação de um atleta no momento em que ele luta por medalha. O telespectador comum muitas vezes não entende de variações táticas e está mais interessado em saber, por exemplo, se o atleta realmente presta atenção quando o técnico pede tempo”.


E assim como repetia a ênfase na experiência dos atletas e a preferência por mostrar poucos jogos ao vivo (só as partidas das seleções brasileiras de vôlei e basquete eram exibidas, restando os flashes para as finais de outras modalidades), o SBT também se valia do que dera certo em coberturas anteriores na hora de incentivar os atletas brasileiros. Tal fator de incentivo não estivera nos Jogos Olímpicos de 1988, mas estivera na Copa de 1990 – e virou um item marcante nos momentos de envolvimento da emissora de televisão paulista com o esporte.


Criado pelo designer gráfico Yastake Fassimoto, do Departamento de Criação Visual do SBT, o personagem teria o nome de “SBTão”, inicialmente. Porém, após ser viabilizado por um quarteto dentro da produção do canal (Fernando Pelégio, Everálvio de Jesus, Ângelo "Macarrão" Ribeiro e Luiz Wanderlei de Lima), ele recebeu a alcunha pela qual sempre ficou conhecido: "Amarelinho". Ele interagia com o narrador Luiz Alfredo nos jogos da Seleção Brasileira na Copa de 1990, como um torcedor (comemorando nos gols marcados, chorando nos gols sofridos etc.). A cativante bola amarela fez sucesso, e ganhou um prêmio antes dos Jogos Olímpicos de 1992: uma vinheta só dele, pré-Jogos, incentivando os atletas brasileiros que iriam a Barcelona. Com direito a “Família Amarelinho” e tudo o mais.



(Vinheta do SBT para promover a cobertura dos Jogos Olímpicos de 1992, com o personagem “Amarelinho”. Postado no YouTube por AGC)


E não ficaria só nisso: a cada medalha de ouro ganha por um atleta brasileiro, “Amarelinho” apareceria “medalhado” no canto inferior direito da tela, postado para ouvir o Hino Nacional Brasileiro. E apareceu assim em outra vinheta, no 9 de agosto de 1992 da cerimônia de encerramento, para celebrar as vitórias de Rogério Sampaio no judô masculino (categoria até 65kg) e da equipe masculina de vôlei.





(Vinheta do SBT para comemorar as medalhas de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de 1992, com o personagem “Amarelinho”)


Além dos ex-atletas comentaristas e do “Amarelinho”, o SBT também repetiria um expediente de coberturas olímpicas para Barcelona: os noticiários rápidos para abrir e fechar o dia olímpico. Às 7h30 da manhã de um dia e à 1h30 da manhã do outro, entrava no ar o Resumo das Olimpíadas. De manhã, como um preparativo para as competições que viriam; no fim de noite, arrematando a cobertura olímpica com os melhores momentos do dia e reportagens com os atletas.


Reportagens? Pois nelas a emissora dos Abravanel deu um passo além de 1988. Certo, como em Seul, havia dois repórteres: Luiz Ceará, já então no Aqui Agora mas de volta ao esporte, e Hermano Henning, valorizado pelos anos de experiência e pela chegada então recente ao canal, como correspondente internacional. Porém, dessa vez o trabalho dos dois repórteres enviados à cidade-sede olímpica foi mais completo do que em 1988: além das reportagens focadas no esporte, obviamente, havia relatos mais vinculados à vida cultural e social de Barcelona, altamente impactadas com a realização dos Jogos – relatos feitos, no mais das vezes, por Hermano Henning.


Havia ainda uma âncora para o Resumo das Olimpíadas, cuja carreira se iniciara na editoria de esportes: Mariana Godoy, que mal chegara da TV Manchete e pouco ficaria no SBT (ainda naquele 1992, a jornalista paulista iria para a TV Globo). E finalmente, além de Osmar de Oliveira in loco, o canal sediado em São Paulo teria mais um locutor nos Jogos Olímpicos: dos estúdios em São Paulo, o mineiro Carlos Valadares estaria a postos para narrar, aparecendo mais nos flashes das provas de atletismo e natação.


Enfim, o SBT fez em 1992 um esquema de cobertura bastante semelhante ao de 1988. Mas já tivera interesse suficiente no esporte para incrementá-lo um pouco mais com a cobertura em Barcelona. Teve o prêmio aguardado, com a narração de Osmar de Oliveira para o ouro do vôlei masculino, direto do Palau Sant Jordi (Palácio São Jorge). A partir de 1993, o espaço para o esporte aumentaria um pouco na emissora, com os noticiários Esporte Mágico e SBT Esportes, exibidos na manhã e na noite de domingo, respectivamente. E o SBT daria mais alguns passos à frente na próxima cobertura de Jogos Olímpicos, em 1996.

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