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Os Jogos Olímpicos na Televisão Brasileira - Sydney 2000, SporTV





Narração: Luiz Carlos Júnior, Deva Pascovicci, João Guilherme, Lucas Pereira, Hamilton Rodrigues e Halmalo Silva

Comentários: Júnior, Raul Plassmann e Daniel de Paula (futebol masculino/futebol feminino), Paula (basquete feminino), Byra Bello (basquete masculino), Fernandão e Domingos Maracanã (vôlei masculino), Dulce Thompson, Ênio Figueiredo e Fernanda Venturini (vôlei feminino), Andréia João (ginástica artística) e Róbson Caetano (atletismo)

Reportagens: Laís Lima, Andréa Bruxellas, Carlos Gil, Bruno Voloch e Kiko Menezes

Apresentação: Renata Cordeiro, Juliana Coelho e Carlos Alberto

Participação: Armando Nogueira e Susana Werner


De Atlanta-1996 em diante, o SporTV catapultava ainda mais seu nome como líder de audiência na televisão a cabo do Brasil – e nem só entre as emissoras esportivas. Transmitia grandes eventos – por exemplo, a Copa do Mundo de 1998, ou os Campeonatos Brasileiros de futebol (estes, com exclusividade na tevê por assinatura, a partir de 1998). Mais importante: seguia com a tradição olímpica nos Jogos de Verão e de Inverno – sim, o canal esportivo da Globosat exibiu os Jogos de Inverno sediados na japonesa Nagano, em 1998.


Mais importante ainda: se consolidava como um canal forte em outras modalidades, como o vôlei, com a exibição das Superligas masculina e feminina. Tinha vários programas dedicados a várias modalidades (os autoexplicativos Supervolley e Basketmania; a faixa diária Grid Motor, dedicada ao automobilismo; outra faixa diária, Zona de Impacto, duas horas de esportes radicais). Exibira os Jogos Pan-Americanos de 1999, em Winnipeg. Exibira até o Pré-Olímpico de futebol masculino, na brasileira Londrina, em janeiro de 2000. E chegava com mais condições financeiras e tecnológicas de concretizar em Sydney-2000 o que já iniciara em Atlanta-1996: ampliar as opções de competições exibidas durante os Jogos Olímpicos, fossem conhecidas do grande público ou não, tivessem brasileiros em disputa ou não.


Afinal de contas, para princípio de conversa, a emissora esportiva a cabo teria mais de um canal à disposição: além do habitual, que seria batizado SporTV 1, durante as Olimpíadas haveria o alternativo SporTV 2 – que não existia normalmente naquele ano 2000 -, para oferecer eventos simultâneos ao vivo nos Jogos Olímpicos. De quebra, estaria à disposição o SporTV 3, transmitindo o que o canal principal mostrava, com 12 horas de atraso. E como o “dia de disputas” ocorreria durante a madrugada, pelo horário de Brasília, manhã e tarde teriam reprises e reprises das provas mais marcantes no SporTV 1 e 2, para quem não quisesse/não pudesse ficar acordado – tais reprises só parariam na hora dos jogos do Campeonato Brasileiro de futebol, também exibidos pelo Premiere, serviço esportivo de pay-per-view.


E no período olímpico, o SporTV ainda ganharia uma “tocha olímpica” adicional, além de um canguru tipicamente australiano ser incluído no gerador de caracteres daquela cobertura. Guilherme Zattar, diretor geral da emissora da Globosat, celebrava os canais adicionais à disposição, n’O Estado de S. Paulo, em 11 de setembro de 2000: “Pela primeira vez, estaremos usando um canal durante 24 horas para a transmissão de um evento. (...) O objetivo é dar um amplo leque de opções ao público da tevê fechada”.


De quebra, graças a um acordo com a NBC (detentora exclusiva dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos para os Estados Unidos), o canal de esportes da Globosat poderia até ter câmeras exclusivas nos locais de competição na Austrália, luxo ainda pouco habitual entre os canais por assinatura. Finalmente, seria um pouco maior o número de enviados do SporTV para os trabalhos no centro de imprensa em Sydney: 80 pessoas trabalhariam sob a direção de Guilherme Zattar, com base num estúdio de 240 m².


Cada vez mais narrador e cada vez menos apresentador (apenas ancorava a edição noturna do SporTV News naquela época), Luiz Carlos Júnior seria novamente o principal narrador do canal, ancorando as cerimônias de abertura e de encerramento, além das principais provas, em todas as modalidades. Outro remanescente da cobertura de Atlanta-1996, Deva Pascovicci (1965-2016) também viajaria a Sydney para dar voz a várias disputas. João Guilherme, Hamilton Rodrigues e Lucas Pereira também seriam locutores naquela cobertura, mas trabalhando da retaguarda, nos estúdios do bairro carioca do Rio Comprido – bem como o mineiro Halmalo Silva, locutor vindo da TV Manchete, em que trabalhara durante eventos como a Copa de 1998.


Já entre os comentaristas, os únicos que haviam representado o SporTV em Atlanta e voltariam para Sydney também já eram sinônimos das respectivas modalidades, nas coberturas habituais do canal: o professor Byra Bello para os jogos do basquete masculino no Dome de Sydney, a ex-jogadora Dulce Thompson acompanhando o torneio de vôlei feminino. De resto, várias novidades para acompanharem os locutores. Principal comentarista de futebol do canal naquele ano (trabalhava nele desde 1996), Júnior seguiria a já habitual dupla com Luiz Carlos Jr. nos jogos da Seleção Brasileira dentro dos torneios masculino e feminino. Para demais partidas dos homens e das mulheres em Sydney e cidades vizinhas – como Brisbane -, outro nome veterano nos campos e nos estúdios: Raul Plassmann, que viera da “emissora-mãe” TV Globo para o SporTV em 1995, e comentaria os jogos dos estúdios no Brasil. Tal qual Daniel de Paula, nome mais conhecido das transmissões de futebol do SporTV para o estado de São Paulo na época.


Mas haveria mais nomes – alguns, de experiência olímpica inquestionável. Como Róbson Caetano, comentarista do atletismo naquela cobertura em Sydney, trazendo ao SporTV a experiência de duas medalhas de bronze, em Seul-1988 e Atlanta-1996. Ou Paula: carreira encerrada nas quadras em 1998, a ex-jogadora comentaria pelo SporTV o torneio olímpico de basquete feminino. Ou ainda Fernanda Venturini: de fora da convocação para os Jogos, a levantadora (então no time feminino do Vasco) seria mais uma comentarista para o vôlei feminino, aparecendo preferencialmente nas transmissões dos jogos do Brasil, ao lado de Dulce Thompson.


Membro da “Equipe de Ouro” que a TV Manchete tivera em suas coberturas nas Olimpíadas, entre 1988 e 1996, Ênio Figueiredo também comentaria o vôlei de mulheres, nos estúdios no Rio de Janeiro. E se já eram nomes certos nas transmissões normais do vôlei masculino para o canal, Fernandão e Domingos Maracanã (dois nomes conhecidos da equipe medalha de prata em Los Angeles-1984 – Fernandão estivera inclusive em Montreal-1976 e em Moscou-1980) seriam os comentaristas das partidas dos homens, com o Brasil em quadra ou não, no Centro de Entretenimento de Sydney ou no Pavilhão 4 do Sydney Showground.


Entre os repórteres, haveria nomes já conhecidos do trabalho no Brasil: Laís Lima, Andréa Bruxellas, Kiko Menezes, Bruno Voloch e Carlos Gil já trabalhavam nos campeonatos nacionais de futebol (ou basquete, ou vôlei), e também viajaram a Sydney. Já entre os apresentadores, haveria uma cisão. Renata Cordeiro iria para Sydney apresentar o bloco olímpico do SporTV News, exibido às 20h30 de Brasília, como uma introdução do que viria durante o dia. Cá no Brasil, ficariam Carlos Alberto e Juliana Coelho, apresentando o SporTV News.


E se ainda se dividira com a Bandeirantes em Atlanta, em Sydney-2000 Armando Nogueira (1927-2010) seria só do SporTV. O acreano de Xapuri seria o âncora do debate Tribuna Olímpica, envolvendo comentaristas do canal e gente que estava nas disputas, exibido às 20h30 de Brasília. De Sydney, Armando também gravaria um comentário diário sobre o que via nas competições, além de lá gravar entrevistas para o Esporte Real que então mantinha na grade de programação do canal. Também faria entrevistas na cidade-sede uma cidadã que teria ali sua única experiência olímpica televisiva: Susana Werner. Apresentando então no SporTV o Su-Real, um programa de entrevistas e variedades inserido dentro da faixa Zona de Impacto, Susana falaria com alguns atletas que disputavam medalha em Sydney. E faria matérias abordando o dia-a-dia da cidade, bem como outra apresentadora: Daniela Monteiro, uma das comandantes do próprio Zona de Impacto.


Na primeira semana dos Jogos, Luiz Carlos Jr. teve trabalho triplicado: narrou ao lado de Júnior a estreia brasileira no futebol feminino (2 a 0 na Suécia, em 13 de setembro de 2000), deu voz também à estreia dos homens brasileiros no futebol masculino (3 a 1 na Eslováquia, em 14 de setembro, também com Júnior comentando), e finalmente foi o âncora principal do SporTV para a cerimônia de abertura, tendo Armando Nogueira ao lado na cabine no Estádio Olímpico de Sydney, na madrugada/manhã de 15 de setembro.


Por falar em futebol, Luiz Carlos ficaria mais focado nas participações brasileiras, tanto no torneio masculino quanto no feminino. Aos outros narradores, ficariam as demais partidas de homens e mulheres (como se nota nesta apresentação de Carlos Alberto para os jogos da primeira rodada, no SporTV News de 13 de setembro). E ambas perderam importância na cobertura do SporTV tão logo vieram as eliminações brasileiras (como a vitória dos Estados Unidos sobre a Seleção, nas semifinais do torneio feminino, narrada por Luiz em 24 de setembro, no canal principal – para nem falar da queda para Camarões, nas quartas de final do futebol masculino). Tanto que as semifinais dos homens – Camarões 2x1 Chile, Espanha 3x1 Estados Unidos - foram exibidas apenas nos canais alternativos, tendo os melhores momentos exibidos posteriormente no SporTV News. E a decisão do ouro no futebol masculino, com Camarões vencendo a Espanha nos pênaltis (5 a 3, após 2 a 2 em 120 minutos), sequer foi exibida pelo canal esportivo da Globosat.



Já no basquete, a campanha da seleção feminina brasileira rumo à medalha de bronze traria mais alegrias na transmissão do SporTV – até porque ali estava a comentarista Paula, um dos símbolos da prata em Atlanta-1996. Começou na primeira vitória da equipe, o 76 a 60 na Eslováquia, em 16 de setembro, com Deva Pascovicci entrando em êxtase na narração da cesta de Janeth, do meio da quadra, no último segundo de jogo. Continuou com Lucas Pereira narrando o emocionante 68 a 67 na Rússia, nas quartas de final. E terminou com Luiz Carlos Jr. fazendo a locução (e Paula comentando) o bronze ganho com o 84 a 73 na Coreia do Sul.


E o vôlei teria destaque todo especial na cobertura que os três canais do SporTV faziam. Não só pelas transmissões das campanhas brasileiras, nos homens e nas mulheres – em geral, com Luiz Carlos Jr. narrando, mais Dulce Thompson e Fernanda Venturini nos comentários (caso do torneio feminino), ou Fernandão e Domingos Maracanã (caso do torneio masculino). Mas também por dar espaço aos narradores que haviam ficado nos estúdios no Rio de Janeiro. Foi assim com Lucas Pereira, que narrou em 18 de setembro de 2000 os 3 sets a 2 da Rússia em Cuba, ainda na primeira fase do torneio das mulheres. E com Hamilton Rodrigues, que deu voz aos 3 sets a 1 da Rússia na Itália, também na fase de grupos feminina. Também foi de Hamilton a voz que narrou no SporTV 2, com Dulce Thompson comentando, a revanche das cubanas na decisão do ouro em 30 de setembro, fazendo 3 sets a 2 na Rússia e marcando aquela geração na história do vôlei com o tricampeonato olímpico.


De resto, o SporTV ofereceu a overdose olímpica que era possível com três canais, do badminton à ginástica artística que se pode ver abaixo. Houve até alguns erros engraçados – e inevitáveis, numa cobertura de tal magnitude. Por exemplo, no atletismo: numa prova de classificação masculina, Róbson Caetano fazia seu comentário, enquanto um corredor do Chipre foi identificado. Vendo “Cyprus” – “Chipre” em inglês – na camisa do atleta cipriota, Róbson aportuguesou: “Este é o atleta do ‘Cíprus’”...




Tendo mais opções de canais, o SporTV conseguira oferecer mais modalidades olímpicas. A intenção expressa em Atlanta-1996 por Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, começava a se tornar realidade a partir da “odisseia” expressa no lema do canal para aquela cobertura (“Sydney 2000, uma odisseia SporTV”). Em Atenas-2004, o SporTV perderia autonomia em relação à “emissora-mãe” Globo por um lado, mas ganharia ainda mais condições técnicas de satisfazer o telespectador “completista” dos Jogos Olímpicos.

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