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Os Jogos Olímpicos na televisão brasileira- Pequim 2008, ESPN





Narração: João Palomino, Paulo Andrade, Eduardo Monsanto, Paulo Soares, Rogério Vaughan, Cledi Oliveira, Everaldo Marques, Luiz Carlos Largo e Carlos Lima

Comentários: Paulo Vinicius Coelho/Antero Greco (futebol masculino), Paulo Calçade (futebol feminino), Maurício Jahu (vôlei masculino), Ana Moser (vôlei feminino), Wlamir Marques/Zé Boquinha (basquete masculino), Janeth (basquete feminino), Ricardo Prado (natação), Lyanne Kosaka (tênis de mesa) e Adauto Domingues (atletismo)

Reportagens: André Plihal, André Kfouri, João Castelo Branco, Alex Tseng, Carla Gomes e Helvídio Mattos

Apresentação: Eduardo Elias, Luís Alberto Volpe, Paulo Soares e Vivian Mesquita

Participação: José Trajano


Era possível dizer: em 2008, a ESPN Brasil vivia um dos melhores (talvez o melhor) momento de sua história. Até mesmo em termos técnicos. Afinal, a emissora brasileira do grupo Disney já não era apenas a ESPN Brasil: em 2005, a matriz de Bristol, no estado norte-americano de Connecticut, desativara as suas operações em português, demitindo quem fazia até ali as tradicionais narrações lusófonas para a chamada ESPN Internacional – nomes como Roby Porto, Flávio Pereira, José Inácio Werneck, Lívio Reis, Régis Nestrovski etc.


E o comando daquele canal, bem como suas produções, também iriam para o bairro paulistano do Sumaré, já no controle da ESPN Brasil. Que deixava de ser chamada assim: a partir dali, seriam os dois canais ESPN à disposição do assinante. De quebra, em 2007, o grupo de mídia havia iniciado uma parceria com o Grupo Estado para ter a sua rádio: era a Estadão-ESPN, que ficaria de fora de Pequim-2008, mas já tinha presença certa nos grandes campeonatos nacionais e internacionais de futebol.


Em termos puramente jornalísticos, a marca da ESPN seguia reconhecida. Podia não ter tanta audiência quanto o concorrente SporTV, mas a equipe liderada pelo diretor de jornalismo José Trajano era elogiada pela qualidade do trabalho. Sua programação tinha audiência cativa, gostassem os espectadores de futebol ou não: Linha de Passe, Bate-Bola, Sportscenter, Por dentro do Vôlei, Por dentro do Basquete, Mar Brasil, Limite, Histórias do Esporte, Loucos por Futebol... todos programas que agradavam crítica e uma parcela do público, com uma equipe também considerada marcante: faziam parte da redação naquela época, além do próprio Trajano, João Palomino, Paulo Andrade, Paulo Soares, Paulo Vinicius Coelho, Paulo Calçade, Mauro Cezar Pereira, André Plihal, André Kfouri, Flávio Gomes, Eduardo Elias, João Carlos Albuquerque e companhia longa. Nem mesmo os profissionais atrás das câmeras ficavam sem reconhecimento: era constantemente premiado e elogiado o trabalho do repórter Roberto Salim nas apurações do programa Histórias do Esporte, focando figuras esquecidas do esporte ou mesmo denunciando malversações de toda ordem nas federações de esportes olímpicos.


E as boas condições por que a ESPN passava naquela época permitiam até iniciativas ousadas. Como a cobertura dos Jogos Pan-Americanos – mesmo com várias críticas sobre a organização, em reportagens e no próprio Histórias do Esporte. Ou como a poliesportiva “Caravana do Esporte”: em parceria com algumas ONGs, como a “Gol de Letra” mantida pelos ex-jogadores de futebol Raí e Leonardo, a ESPN levava ex-atletas a comunidades carentes, ou mesmo a cidades pequenas no interior do país, para que eles ensinassem rudimentos de suas modalidades a crianças. Sob o comando de Adriana Saldanha (atrás das câmeras – e na frente também, apresentando o programa mensal com as andanças da Caravana), participavam daquelas clínicas nomes como Ana Moser, ensinando vôlei; Patrícia Medrado, responsável pelo tênis; e até Sócrates deu o ar da graça certa vez, ensinando alguns rudimentos de futebol.


Com tudo isso, era de se esperar uma cobertura generosa e esforçada dos canais ESPN em Pequim. Os tempos de poucos enviados para fazerem todo o trabalho estavam no passado: para os Jogos Olímpicos de 2008, seriam 150 nomes do canal esportivo trabalhando naquela cobertura – sendo 45 enviados, para os trabalhos no centro de imprensa e também para as provas, que seriam exibidas tanto na ESPN Brasil, quanto na ESPN. Aliás, com o grosso das disputas olímpicas de novo ocorrendo na madrugada brasileira, a experiência e o planejamento da cobertura de Sydney-2000 poderiam ser adaptados para Pequim.


Está certo que o narrador principal da emissora já não seria o mesmo: após três Olimpíadas, Milton Leite tomara o rumo do SporTV, em abril de 2005. Mas estava tudo bem, de certo modo: João Palomino já estava na ESPN, já tinha capacidade, e foi promovido a locutor principal tão logo Milton saiu. E naquela cobertura, haveria outros narradores a auxiliar. Vindo de experiências esparsas anteriores em Minas Gerais, no SporTV/Premiere, Eduardo Monsanto – fluminense de Petrópolis, criado na mineira Juiz de Fora – seria outro a dar voz às disputas em Pequim na ESPN. E “Dudu” também poderia apresentar programas daquela cobertura, como faria outro nome – Paulo Soares, o “Amigão”, já então muito reconhecido pela dupla com Antero Greco na apresentação do Sportscenter noturno.


Finalmente, mais centrado na disputa dos torneios olímpicos de futebol, o paulista Paulo Andrade seria o narrador das partidas nos gramados – mas ficaria nos estúdios em São Paulo. Assim como os cinco locutores restantes: Rogério Vaughan (também apresentando o Sportscenter), o paranaense Luiz Carlos Largo (egresso da equipe da matriz da ESPN nos Estados Unidos que foi reaproveitado), o paulista Carlos Lima (experiente como repórter de campo no futebol, por rádio e televisão, dando passos como narrador desde 2005) e outros dois paulistas, Cledi Oliveira e Everaldo Marques (que acumulava trabalhos em rádio, mas viera para a ESPN em 2005, após curta passagem na TV Cultura).



Em 2008, a equipe desta foto viajou a Pequim, para fazer uma cobertura com condições como a ESPN jamais havia vivido antes (Divulgação)


Nos comentaristas, a maioria se quedaria nos estúdios do bairro paulistano do Sumaré. Mas haveria quem estivesse em Pequim. E eram nomes de grosso calibre. Após a participação na cobertura da Bandeirantes em Atenas-2004, Ana Moser voltava a ter vinculação com a ESPN em Jogos Olímpicos: como esperado, a catarinense comentaria o torneio de vôlei feminino. Assim como faria Maurício Jahu, nas partidas do vôlei masculino no Ginásio da Capital.


Os torneios olímpicos de basquete também teriam grandes nomes comentando nos canais ESPN. No bola-ao-cesto dos homens, Wlamir Marques e Zé Boquinha já eram extremamente experimentados, tanto em Olimpíadas anteriores quanto na cobertura da emissora para a NBA norte-americana – Wlamir iria a Pequim, Zé Boquinha ficaria nos estúdios. Para as mulheres, a opinião seria dada simplesmente pela última grande estrela da seleção brasileira feminina: Janeth Arcain, grande destaque no bronze de Sydney-2000. Finalmente, após figurar na equipe da Globo em Atenas-2004, Ricardo Prado também retornava aos canais ESPN – e seria o comentarista da natação na cabine do Cubo D’Água. Mesmo esportes pouco transmitidos teriam nomes certos na cobertura: atleta experimentada entre Atlanta-1996 e Atenas-2004, Lyanne Kosaka comentaria os torneios de tênis de mesa.


De resto, os comentaristas ficariam também nos estúdios paulistanos dos canais ESPN. Era o que aconteceria com os nomes dedicados ao futebol: tendo os campeonatos europeus para acompanhar naquele começo de agosto de 2008, Paulo Vinícius Coelho (então, um dos nomes mais falados da tevê esportiva a cabo no Brasil) e Antero Greco comentariam o torneio de futebol masculino, enquanto Paulo Calçade ficaria dedicado às opiniões das partidas das mulheres. E Adauto Domingues, bicampeão pan-americano, opinaria sobre as provas de atletismo.


Entre os repórteres, três nomes que já simbolizavam a ESPN trariam mais uma experiência olímpica para o currículo: André Pilhal acompanharia mais a seleção masculina de futebol, André Kfouri correria Pequim e cidades vizinhas afora acompanhando outras modalidades (e até apresentando eventos, como se lerá mais abaixo), Helvídio Mattos também se dividiria em vários esportes olímpicos. Mas havia novidades no reportariado dos canais ESPN: Carla Gomes, João Castelo Branco (cujo sobrenome da mãe, a jornalista Renée Castelo Branco, impedia “patrulhas” caso usasse o Trajano, do pai) e Alex Tseng. Este merecia destaque: mesmo mais vinculado a programas de futebol dos canais ESPN, Alex ajudou bastante nas reportagens, nos demais trabalhos e até na logística da cobertura em Pequim, descendente de chineses que é.


Por fim, nas apresentações, haveria a divisão tradicional. Nomes certos na ancoragem do noticioso habitual Bate-Bola, a dupla de Eduardos (Eduardo Elias e Eduardo Monsanto) comandaria as notícias no centro de imprensa em Pequim. Nos blocos olímpicos do Sportscenter, Paulo Soares também seria o responsável pela apresentação das notícias. Finalmente, para as apresentações no Brasil, Vivian Mesquita se responsabilizava nos estúdios em São Paulo. E Luís Alberto Volpe, a cara habitual do Histórias do Esporte, também daria sua colaboração. Por último, mas jamais menos importante: de novo, os trabalhos em Pequim seriam comandados in loco por José Trajano, novamente viajando para acompanhar os Jogos Olímpicos “do campo de batalha”.


Com mais uma cobertura cujo grosso ocorreria na madrugada brasileira, o formato seria quase o mesmo de oito anos antes – se valendo do novo canal fixo na programação, para as partidas ao vivo e para reprises. Às 20h de Brasília, na ESPN Brasil, abrindo alas para o começo diário das competições, vinha o Bom Dia Pequim, apresentado ora por Edu Elias, ora por “Dudu” Monsanto, tendo José Trajano ao lado, preparando o telespectador para a maratona esportiva de noite e madrugada. Terminado o dia de disputas, o Boa Noite Pequim (às 13h de Brasília, na ESPN Brasil; duas horas depois, reprisado na ESPN) completava a cobertura, com notícias sobre as competições. Horas mais tarde, no princípio da noite brasileira (19h na ESPN Brasil, 21h na ESPN), o De olho em Pequim trazia os comentaristas da emissora analisando as disputas. Quinze minutos depois, já começava a edição olímpica do Sportscenter, reprisado às 21h30 na ESPN. Aí, vinha o Bom Dia Pequim, e tudo recomeçava, de 6 a 24 de agosto de 2008.


Antes mesmo da cobertura começar, as histórias já eram acumuladas. Por exemplo, a vivida por João Castelo Branco: num dia, o repórter esperava o guia que o levaria ao centro de imprensa em Pequim. Esperou, esperou... e nada. O atraso foi grande, até que uma hora, o guia chegou. Vieram as óbvias desculpas: ao invés de levar João Castelo Branco, o encarregado se confundira e levara o homônimo João Palomino. Além do mais, o guia se justificou a Castelo Branco: a aparência do rosto dos brasileiros parecia sempre a mesma, a não ser por Lyanne Kosaka e suas feições orientais. Daí a confusão...


Mas logo vieram momentos honrosos naquela cobertura. Como a cerimônia de abertura no Ninho do Pássaro, que André Kfouri e João Palomino ancoraram na transmissão da ESPN, naquele 8 de agosto de 2008. Falando a este Surto Olímpico, André se recordou: “Trabalhar na transmissão da abertura de Pequim-2008 foi uma experiência diferente e marcante, especialmente porque os chineses fizeram uma cerimônia magnífica, imponente, num estádio espetacular”.


Nas transmissões, vinham outros bons momentos. A cobertura do torneio olímpico de futebol masculino perdia em calor do ambiente, com João Palomino narrando de Pequim enquanto Paulo Vinícius Coelho comentava do Brasil. Mas André Plihal, habituado às reportagens, ajudava a aproximar mais a ESPN daquela Seleção.





(Reportagem de André Plihal sobre Brasil 3x0 China, pela fase de grupos do torneio de futebol masculino, nos Jogos Olímpicos de Pequim. Exibida no “Boa Noite Pequim”, da ESPN Brasil, em 13 de agosto de 2008)


Palomino vivia grandes momentos nas narrações do atletismo – foi dele a voz para o ouro de Usain Bolt nos 100m do atletismo masculino, por exemplo. Assim como para os ouros do Brasil, no vôlei feminino, e de César Cielo, nos 50m livres da natação dos homens. Falando em natação, André Kfouri era o repórter a cobrir tudo para os canais ESPN, no Cubo D’Água. E confirma: ali estão suas grandes memórias – não só pelo ouro de Cielo, mas pelos oito ouros de Michael Phelps. Finalmente, Eduardo Monsanto também despontava bem na narração: foi do petropolitano, por exemplo, a voz que transmitiu na ESPN a medalha de bronze de Ketleyn Quadros no peso leve (73kg) do judô feminino.


A síntese daquela cobertura, e da linha editorial que ela seguia, veio numa abertura do Bom Dia Pequim. Chamado pelo parceiro Eduardo Monsanto para seu primeiro comentário, José Trajano usou de seu tom apaixonado para espicaçar o tom habitualmente ufanista da cobertura da TV Globo, expresso no lema da emissora dos Marinho para a cobertura em Pequim (“Globo: o nosso esporte é torcer pelo Brasil”) – e também para relembrar o lema que guiava o jornalismo dos canais ESPN, havia muito tempo: “Aqui, o nosso esporte ‘não é torcer pelo Brasil’. Aqui, informação é o nosso esporte”. Podia ser antipático para alguns, mas outros gostavam. Era a cara da ESPN, num grande momento de sua história. Que já não seria o mesmo em Londres.

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