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Os Jogos Olímpicos na televisão brasileira- Atenas 2004, ESPN Brasil




Narração: Milton Leite, João Palomino, Paulo Soares, Rogério Vaughan e Cledi Oliveira

Comentários: Paulo Vinicius Coelho/Paulo Cesar Vasconcellos (futebol masculino), Paulo Calçade (futebol feminino), Maurício Jahu (vôlei masculino/vôlei feminino), Wlamir Marques (basquete masculino/basquete feminino), Adauto Domingues e Neílton Moura (atletismo)

Reportagens: André Plihal, André Kfouri e Helvídio Mattos

Apresentação: Elys Marina, Mauricio Jahu, Luís Alberto Volpe e Adriana Saldanha

Participação: José Trajano, Sílvio Lancellotti, Maurício Cardoso, Marcelo Duarte e Washington Olivetto


O mesmo norte que guiava a intenção da ESPN Brasil antes de Sydney-2000 seguia orientando os passos da emissora esportiva do Grupo Disney no Brasil. Se o concorrente SporTV tinha mais condições financeiras de buscar os direitos de transmissão de eventos esportivos, a ESPN brasileira se focava em fortalecer seu departamento de jornalismo, mesmo que não mostrasse os eventos. Ficava mais e mais célebre o mote da emissora: “Informação é o nosso esporte”. E mesmo que fosse esquecido, José Trajano – àquela altura já um símbolo da emissora, como diretor de jornalismo – sempre o lembrava.


Nem precisava. Porque coberturas como a da Copa de 2002 – em que, mesmo sem exibir as partidas do mundial de futebol, a ESPN foi elogiada pela criatividade para cobrir a lacuna – mantinham essa disposição forte para o trabalho. Programas como Histórias do Esporte seguiam de perto o esporte olímpico brasileiro, e também conservavam a disposição para apurar más ações de dirigentes (numa postura que os assinantes simpáticos julgavam “fiscalizadora”, como em nenhum outro canal de esportes na televisão brasileira – e os assinantes aborrecidos julgavam “pessimista” e “denuncista”, sem oferecer soluções). Também continuavam firmes programas dedicados a modalidades específicas: o Por dentro do Vôlei, o Por dentro do Basquete, o Jornal do Handebol.


E de todo modo, se não exibira a Copa de 2002, a ESPN Brasil marcara presença nos Jogos Pan-Americanos de 2003aqui o exemplo, com algumas provas de atletismo. E marcaria presença em Atenas-2004. Para melhorar, a estrutura e o número de enviados já era um pouco maior que o de Sydney. E mais gente trabalhando no centro de imprensa significava mais material da emissora para ser exibido. Tanto na ESPN Brasil habitual, como no segundo canal que ficaria à disposição durante aqueles dias de competições olímpicas na Grécia para exibir mais disputas ao vivo. Vale lembrar: mesmo que transmitisse em português, a ESPN Internacional ainda era coordenada pela matriz da ESPN, em Bristol, cidade norte-americana no estado de Connecticut, nada tendo a ver com a “irmã” brasileira sediada no bairro paulistano do Sumaré.


De certa forma, os mesmos símbolos da cobertura da ESPN em Sydney voltariam em Atenas. Na narração, Milton Leite e João Palomino seguiriam dividindo os principais eventos – com Paulo Soares e Cledi Oliveira nas provas secundárias (o paulista Cledi, experiente no rádio, já desde 1998 na ESPN, fazia ali sua primeira cobertura olímpica pela emissora). Nos comentários, outros nomes que haviam opinado sobre as disputas na Austrália voltavam a trabalhar em Jogos Olímpicos: Paulo Calçade para o futebol feminino, Adauto Domingues e Neílton Moura no atletismo... e Maurício Jahu no vôlei. Para os trabalhos em Atenas, Maurício não acumularia só comentários e apresentações, como já fazia habitualmente: também acumularia os trabalhos nos torneios olímpicos de vôlei masculino e feminino, já que daquela vez Ana Moser trabalharia pela Bandeirantes.


Entretanto, a ESPN Brasil também traria novidades. Na narração, estaria em sua primeira cobertura olímpica pelo canal o paraense Rogério Vaughan, já então voz marcante na locução de documentários, em canais como Discovery. Nos comentários, a novidade era, na verdade, um retorno: após ficar só como espectador em Sydney-2000, Wlamir Marques foi reabilitado pela emissora como comentarista de basquete - mesmo com a longa vivência na TV Globo e, principalmente, na TV Manchete (lá fora membro da “Equipe de Ouro” em quatro Jogos Olímpicos), Wlamir estava fora do ar. E um dos grandes símbolos da geração brasileira bicampeã mundial do bola-ao-cesto (1959 e 1963) já faria um trabalho marcante na ESPN durante o Mundial de Basquete Masculino, em 2002, nos Estados Unidos. Quando 2004 chegou, Wlamir já era novamente reconhecido como comentarista, e daria a opinião nos torneios masculino e feminino em Atenas. Já a outra novidade da ESPN brasileira estaria no futebol masculino: mesmo comentando dos estúdios no Brasil, como Paulo Cesar Vasconcellos, Paulo Vinicius Coelho (colaborando com a emissora desde o começo de 2000) vivia ali sua primeira experiência em torneios olímpicos de futebol, ainda que trabalhando na retaguarda.


Entre repórteres e apresentadores, tudo relativamente habitual na cobertura da ESPN Brasil, também. Pelo reportariado, o trio Helvídio Mattos-André Kfouri-André Plihal correria Atenas afora acompanhando várias modalidades, enquanto Elys Marina e Maurício Jahu seriam os “âncoras” dos programas, no estúdio montado no centro de imprensa.


A partir daí, sim, viriam algumas novidades. Por convidados ou por gente da própria ESPN Brasil, em Atenas ou nos estúdios em São Paulo. No primeiro caso, Marcelo Duarte se fazia presente: já experiente pelos tempos de revista Placar (pela publicação, cobrira os Jogos de 1988 e 1996 – este último, como diretor de redação de Placar), Marcelo colaborava com a ESPN havia alguns anos. E também viajaria a Atenas, para apresentar um programa semanal que abordaria o cotidiano dos moradores atenienses e hábitos da capital grega: era o Falando Grego, exibido durante as terças-feiras, às 20h45 de Brasília, enquanto as Olimpíadas durassem.


E se a grande marca de Marcelo Duarte na ESPN Brasil era a apresentação do Loucos por Futebol (programa envolvendo fanáticos pelo ludopédio, originado a partir do Loucos por Copa exibido durante a cobertura de 2002), tal programa rendeu um “filhote olímpico” entre 11 e 29 de agosto de 2004. Em São Paulo, Adriana Saldanha comandava o Loucos por Olimpíadas, exibido aos sábados (14, 21 e 28 de agosto de 2004), também às 20h45, trazendo curiosidades e dados históricos da trajetória dos Jogos, de 1896 até ali. Nele, dois dos convidados eram autores de raras enciclopédias olímpicas brasileiras: o jornalista mineiro Maurício Cardoso (autor de Os arquivos das Olimpíadas, lançado pela Panda Books em 2000) e Silvio Lancellotti – novamente focado nas transmissões do Campeonato Italiano de futebol, agora na ESPN, o periodista Silvio novamente se ligava a uma cobertura olímpica por obra e graça de seu livro (Olimpíada 100 Anos, da editora Nova Cultural, em 1996). O terceiro convidado podia não ser jornalista, mas era um carismático apaixonado por esportes: o publicitário Washington Olivetto.


Outra das novidades vinha a cargo de José Trajano. Comandando as coberturas de Atlanta-1996 e Sydney-2000 da redação em São Paulo, daquela vez Trajano iria a Atenas para acompanhar as Olimpíadas e coordenar a operação no centro de imprensa. Mais do que isso: teria também um programa olímpico para chamar de seu durante a cobertura, com um velho parceiro. Em Quebrando Pratos, nas duas quintas-feiras dos Jogos – 19 e 26 de agosto de 2004 -, Trajano e o repórter Helvídio Mattos, colega desde os tempos de TV Cultura, fariam uma dupla para comentarem o que estava acontecendo nas Olimpíadas, ao ar livre, em diferentes cenários de Atenas – com convidados alternados.


Finalmente, um programa já habitual da grade de programação da ESPN teria uma roupagem seminova durante as Olimpíadas: o Histórias do Esporte, apresentado por Luís Alberto Volpe dos estúdios em São Paulo, mostraria reportagens especiais sobre atletas que fossem se destacando em Atenas.


De resto, a cobertura da ESPN Brasil teria ordenamento alterado em relação a Sydney. Se em 2000 as tardes eram das mesas-redondas e dos noticiosos, enquanto noite e madrugada iam para as disputas ao vivo, em 2004 o fuso horário favorecia o destaque às competições. De 11 de agosto (início do futebol feminino) a 29 de agosto – com a pausa para o 13 de agosto, em que Milton Leite e João Palomino apresentaram a cerimônia de abertura, na cabine do Estádio Olímpico -, os dois canais à disposição exibiam o que pudessem, ao vivo, até o fim da tarde.


Só aí, vinham os noticiários. Às 18h, Elys Marina e Maurício Jahu apresentavam o Boletim Olímpico, resumindo o dia: medalhas ganhas, quadro de medalhas etc. Só quinze minutos depois, vinha o noticiário mais fornido: o Jornal de Atenas. Também apresentado do centro de imprensa, mostrava reportagens mais elaboradas sobre os grandes momentos das disputas na cidade-sede. Finalmente, às 19h15 de Brasília, na faixa O melhor do dia, a ESPN Brasil reprisaria o evento olímpico de maior destaque nas horas anteriores. E no fim da noite, se houvesse faltado algo, o Sportscenter olímpico resumiria – como em 21 de agosto de 2004, com Paulo Soares apresentando e Neílton Moura comentando o dia do atletismo em Atenas.



(Reportagem de André Pilhal sobre o boxe brasileiro nos Jogos Olímpicos de 2004, exibida no Jornal de Atenas, da ESPN Brasil, em 16 de agosto de 2004, com a apresentação de Milton Leite e comentários de José Trajano)


E os narradores presentes a Atenas se alternavam: enquanto João Palomino ficava focado no atletismo desde as eliminatórias, tendo Adauto Domingues ou Neílton Moura nos comentários (Palomino narrou as participações de André Domingos nos 200m e Vicente Lenílson nos 100m), Milton Leite era a voz para as campanhas do vôlei, nos homens e nas mulheres. Mesmo tendo acompanhado o Mundial de Basquete Masculino em 2002, André Kfouri foi destacado para ser o repórter da campanha dos homens no vôlei. Tirou a sorte grande ao reportar o ouro para a ESPN Brasil, como se lembrou a este Surto Olímpico: “Acompanhei a trajetória do começo ao fim”.


Fim que teve a voz de Milton Leite, no alegre 29 de agosto de 2004. Mais tarde, na maratona, da cabine no centro de imprensa, João Palomino relatou o que acontecia com Vanderlei Cordeiro de Lima, do contratempo à medalha de bronze.


E pode-se dizer que a ESPN Brasil terminou a primeira fase de sua história em Atenas-2004. Na volta, em Pequim, teria mais canais e mais pessoas à disposição. E um pouco mais de condições financeiras, como em raros momentos de sua história.

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