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Surto Olímpico alinha nomes japoneses às diretrizes do COI

Japoneses andando com os arcos olímpicos atrás

Como é conhecido pela grande maioria do público que acompanha esporte, a cidade de Tóquio, capital do Japão, sediará o XXXII Jogos Olímpicos em pouco mais de 80 dias. O país é conhecido por ter uma rica história por toda sua civilização e por ter uma das culturas mais peculiares do planeta, com diversos costumes e crenças milenares.

Uma grande particularidade é o idioma japonês, com quatro sistemas de escrita que possuem mais de 90 letras. Um falante comum fluente utiliza mais de 2000 caracteres, academicamente são conhecidos cerca de 5 mil, e há indícios que existam mais de 50 mil caracteres no total. A língua possui uma outra característica, o uso do nome da família antes do nome de batismo (ou seja, sobrenome + nome), o que também é normal em outros idiomas orientais, como o coreano e o chinês.

Mas não é assim que normalmente lemos. Internacionalmente, o nome dos atletas japoneses são amplamente divulgados com o nome vindo antes do sobrenome, e falamos bastante dos feitos, por exemplo, do ginasta Kohei UCHIMURA e da tenista Naomi OSAKA. Isso se deve à prática de ocidentalização dos japoneses no final do século XIX e início do século XX ao fim da Era Meiji, momento em que uma parcela do povo japonês entendia a cultura ocidental como mais desenvolvida e acarretou em ter seus nomes adaptados pelas línguas estrangeiras.

Porém, aos poucos o debate tem voltado à tona no Japão, principalmente depois que o então ministro das Relações Exteriores Taro KONO (ou melhor, KONO Taro) disse em uma entrevista em 2019 que planejava pedir aos meios de comunicação estrangeiros que adotassem o uso dos nomes japoneses com sobrenome na frente. No ano passado, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que em suas transmissões e comunicados respeitará a ordem correta do nome japonês, assim como já acontece com atletas de Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Coreia do Norte.

Para nós, ocidentais, pode parecer uma tremenda besteira, mas na verdade são traços que mostram a origem, cultura e identidade do povo nipônico. Os Jogos Olímpicos reúnem mais de 200 países, nações com culturas diversas, cada um contendo suas singularidades, e é isso que faz do maior evento esportivo do planeta algo tão especial.

A ligação Brasil-Japão envolve mais de 2 milhões de descendentes em nosso país, a maior população japonesa fora do Japão. Além disso, os laços incluem valores como liberdade, democracia e respeito. E é exatamente em respeito à diversidade linguística e cultural do Japão, país sede dos Jogos Olímpicos Tóquio-2020, ao olimpismo - que fala de respeito e consciência cultural -, e aos milhões de nipo-brasileiros, que o Surto Olímpico adotará a prática de utilizar o nome de todos os japoneses iniciando pelo sobrenome. Isso não inclui só atletas, mas também políticos e personalidades do Japão mencionados em nosso site ou redes sociais.

Com a nova linha editorial, o Surto Olímpico espera estar influenciando positivamente para que o respeito cultural, linguístico e identitário sempre prevaleça no mundo, seja ele no esporte ou em qualquer outra prática de nossas vidas.

Foto: Reuters

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